— Não é possível, droga. Por que justo ela é quem está aqui? Tsc, quais as chances?
— Qual é o problema, guria? Quem é essa de quem está falando?
Minhas patas caninas me fizeram alcançar Yuna sem o mínimo de esforço antes que ela chegasse na metade do trajeto. Agora, caminhando ao lado dela, escutei seus resmungos sobre aquela pessoa vasculhando uma van em uma usina de vento na madrugada. E claro, pela forma como a Assassina de Youkais estava agindo, eu não pude conter minha curiosidade.
— Se meus olhos não estão me enganando, seu pamonha, e dificilmente me enganam, aquela pessoa é uma pedra no sapato que não vejo há algum tempo. É alguém que nos oferece perigo e deve ser erradicada a qualquer custo.
— Perigo? Ela não me parece perigosa...
— Mas ela é, Ulim. Poucas pessoas são mais perigosas do que ela no Japão, ou talvez em todo oriente. Se ela está aqui... se ela for parte do NIP... eu fiz muito bem de ter vindo preparada para o pior. No passado, eu não era párea para ela. Mas hoje, depois de tudo o que passei nesses últimos dois anos, creio que esteja à frente de uma oportunidade rara.
— Guria...
Seus olhos azul-escuros brilhavam com uma fortíssima determinação, e eu sabia que até mesmo cogitar interrompê-la seria uma forma gourmet de suicídio.
Seus passos finalmente cessaram, já a colocando sobre a área cimentada onde aquela pessoa se encontrava.
O ruído gerado por nossa chegada chamou a atenção da garota vasculhando a van. E ela, que estava inclinada para dentro do automóvel como se procurasse por algo, ajeitou sua pose lentamente, enquanto suas mãos assumiram o trabalho de fechar as portas traseiras da carruagem.
Ela se revelou por completo para nós, se virando como se já soubesse exatamente quem estava ali.
— Ora, ora, se não é a ovelha negra, Slim Shady. Você era a última pessoa que esperava encontrar por aqui.
— Digo o mesmo para você, Abelha Trovejante.
A garota à nossa frente, cujo a guria chamou de Abelha Trovejante, tinha o estilo peculiar como o de nossa querida Assassina de Youkais. Sua aparência era bem diferente do que se espera encontrar em uma região do interior, mas não tão excêntrica se compararmos com o que observávamos em Kabukicho por exemplo. Seus traços eram mais puxados para o chinês, mesmo que fosse possível perceber pequenos detalhes de aspecto japonês em seu rosto. Seus olhos eram escuros, assim como uma parte de seu cabelo, já que a outra parte, presa em um rabo de cavalo ao lado esquerdo de sua cabeça, era tingida por um amarelo marcante, com três listras pretas ao longo daquela mecha. Na face, piercings. Um em seu lábio inferior, dois abaixo do olho esquerdo. E na orelha direita, um brinco alargador.
Em seus pés, assim como Yuna, um par de tênis de basquete brancos. Seguindo para cima, suas pernas estavam despidas, e em sua panturrilha direita havia uma tatuagem de uma máscara de Tengu. No torso, indo dos ombros até a metade de suas coxas, uma camiseta de football americano grená, com o número 91 estampado à sua frente sob o nome Pequim, ambos em amarelo.
Seu cheiro era novo para mim. Uma grande mistura de odores que poderia me desnortear se eu me concentrasse em analisar à fundo.
— Tenho que ser honesta, ovelha negra, seu rosto fica bem mais bonito sem aquela máscara que usava. Até parece que foi feita em um computador, mas ao mesmo tempo, é algo tão natural. Como foi sua vida na escola sendo observada sempre de baixo? Deve ter feito bem para o ego.
— A escola não foi tão simples para mim quanto imagina, chiquitita. Aliás, vamos direto ao ponto, está bem? O que você faz aqui nesta usina de vento?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Imortal Yuna Nate
FantasyYuna Nate trabalha como assassina de aluguel em sua agência, ACSI, e quase sempre está com problemas financeiros. Certa noite, em uma missão na floresta Aokigahara, a Assassina de Youkais acaba reencontrando um velho companheiro, dando início a uma...