Glass: 003

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— Então, é nesse lugarzinho onde ele se encontra, guria? Para alguém que recebe tão bem pelos serviços que presta, pensei que moraria em um lugar mais agradável.

— Não julgue um trabalhador pelo seu local de trabalho, seu pamonha. Mesmo que ele durma nele. Isso é um exemplo de dedicação que não se vê em muitos países.

— Horas extras não remuneradas. Isso não se vê em muitos países, mesmo.

Manhã do dia 28 de março.

Tecnicamente, a guria e eu ainda não tínhamos partido em nossa intrigante missão. Naquele momento, nós estávamos fora de nossa rota principal e nos aventurando em uma rota secundaria. Yuna tinha assuntos pendentes a tratar com um certo alguém e disse que aquela era a melhor hora para colher os frutos de um investimento que ela havia feito duas semanas atrás.

Então, ali estávamos nós. Em um lugar ao sul da cidade de Quioto.

Uma pequena região esquecida pelo veloz avanço da civilização japonesa.

À nossa frente, uma tradicional casa japonesa da época em que Quioto era a capital do país. Contudo, o lugar estava caindo aos pedaços.

— Bem, vamos lá.

Sendo a única pessoa que se mostraria ansiosa para adentrar aquela residência, a guria desceu de minhas costas e, deslizando uma mão pelas costas de meu pescoço, começou a caminhar para mais próximo da entrada daquele lugar.

Sem muitas opções, eu vagarosamente a segui.

— Tem certeza de que é aqui, guria?

— Claro que tenho, seu pamonha. Acho que eu me lembraria da localização geográfica de um lugar que estive há duas semanas.

— Só por esse "acho", penso que deveríamos checar o mapa mais uma vez.

Me ignorando por completo, Yuna parou diante da entrada da residência de estilo tradicional e olhou de um lado para o outro, como se checasse a presença de mais alguém nas redondezas. Não era algo que ela precisasse fazer de forma visual tendo um lobo, líder de alcateia, como companheiro de equipe. Se ela me pedisse, eu não recusaria em farejar todos em um raio de duzentos metros em uma única inspirada, detalhando a ela a distância exata de cada um. Mas, como ela optou por aquele método menos eficaz, não podia fazer nada a respeito.

Após sua rápida verificação, a guria cerrou o punho como se imitasse a pata de um felino e bateu algumas vezes na porta em um ritmo único.

Era um toque especial, aparentemente.

Não demorou muito para que porta deslizasse um pouco para o lado e para que alguém observasse com um olho quem estava à frente de sua residência.

— É você, Miss Yuna?

— E quem mais seria, seu pamonha? Vim buscar meu pacote. Já está pronto?

Sem respondê-la, o alguém fechou a porta na cara da guria, o que pensei que iniciaria uma revolta violenta de nossa querida Assassina de Youkais contra aquela casa aos pedaços. No entanto, instantes depois que a porta foi fechada diante de seu rosto, ela foi escancarada de uma vez. Na entrada, estava de pé um pequeno homem acima do peso, usando um macacão preto e uma boina sobre sua cabeça calva.

— Quem é o husky?

Eu lati.

E rosnei.

Tão ruim quanto ser chamado de Império das Pulgas é ser confundido com um dos meus primos inofensivos.

— Eu não sou um husky. Sou um lobo, líder de alcateia.

— Ih, ele fala! Caramba. É um shikigami?

A Imortal Yuna NateOnde histórias criam vida. Descubra agora