83 - Melody.

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— Como....Como você chegou aqui? — perguntei nervosa, me tremendo toda, encarando o Richard parado na minha porta

— Como você me escondeu essa gravidez? — ele falou entrando com tudo dentro do meu apartamento, sem pedir licença, sem ser convidado — Caralho, tu pretendia me contar quando que tá grávida de mim? É de mim mesmo? Tu tem certeza? — andou pela sala, transtornado

— Você precisa ir embora, agora! — bati a porta com força e me virei para ele – Você não pode ficar aqui! TÁ MALUCO? Eu vou ser presa, meu Deus! – falei desesperada, observando ele, bem mais magro, barba grande, boné, pálido

— Caralho, Melody! Tu fugiu com meu filho na barriga cara! Como que tu pode fazer isso comigo? A única explicação de tu ter feito isso é que esse filho não é meu mesmo não. — eu engoli a saliva com força, que inferno, que merda, eu nunca desejei tanto que ele estivesse preso, só pra não ter que responder essas perguntas.

– Filha! É uma menina — falei entre dentes, cruzando os braços, ele se aproximou, abaixando a guarda

— Menina? Caralho...— falou baixo, encostando a ponta dos dedos na minha barriga, por cima da regata que eu vestia, a neném chutou na hora

— Não é sua filha! — afastei a mão dele, a cara dele desmontou

— O que? — ele perguntou sem entender, tentando se aproximar de mim

— Eu não sei quem te contou isso, eu não sei da onde tiraram isso, mas a filha é somente minha. – falei me afastando, me atropelando nas palavras — Richard vai embora, por favor!  — me apoiei na mesa, de costas para ele

— Por que você tá mentindo? — eu neguei com a cabeça, segurando a vontade de chorar, de gritar na cara dele o quanto a falta dele me machucou — Fala a verdade, porra! – falou ignorante, pelas minhas costas

— A filha é minha! Pouco me importa qual posição que você acha que tem na vida dela, isso não vai fazer diferença alguma, eu assumo o papel de mãe e pai — falei ofegante, de olhos fechados, com as mãos espalmadas em cima da mesa — A minha filha terá tudo de mim, ela não precisará de você para nada, assim como EU nunca precisei! — neguei com cabeça quando uma lágrima escorreu dos meus olhos — Você tem sua família, sua mulher e seus filhos, eu sou a outra nessa história, e eu me recuso a assumir esse papel, a minha filha não vai levar o título de rejeitada! – ele me virou para ele, me segurando pelo braço, abri os olhos, encarando aquele olhar, aquele olhar...

– Tá maluca? Falando um monte de besteira, a filha é minha e eu vou assumir! Tu fez sozinha você? Tá me renegando por qual motivo? — questionou sério, nervoso, o rosto vermelho, ele bufava — Eu assumo minha responsabilidade de pai, a partir de hoje, se não fosse tua amiga falando sem querer pro Orochi, eu tava até agora sem saber, tu vacilou feio comigo, Melody! — soltou meu braço e se afastou, porra, Suellen! – Arruma tuas coisas, tu vai voltar comigo pro Rio hoje! – mandou sério

— Eu não vou! — falei firme, ele me encarou — Eu não sei se você tá dando de maluco ou se esse tempo na cadeia desregulou teus neurônios, mas você sabe muito bem como funciona a boca do povo, a boca da tua mulher! Richard, eu não tô disposta a enfrentar a sociedade hipócrita pra tu levar o título de paizão e eu de piranha não! — andei pela sala, limpando as lágrimas que insistiam em cair — Eu respeito a sua posição, mas eu não quero vínculo nenhum com você! — tomei coragem para falar —Eu trabalho, eu tenho uma vida aqui agora e será aqui que minha filha vai nascer!

— É o meu direito, Melody! Tu acha que é assim, não quero e acabou? Independente do que tu acha, do que tu não quer! É tanto filha sua, quanto minha — ele tentou se aproximar e eu me afastei — Arruma tuas coisas, tu vai voltar pra tua casa lá no morro hoje! – ele repetiu, neguei com a cabeça e ri nervosa

— Eu..Não..Vou! — falei pausadamente ficando séria — Você já sabe da gravidez, ja disse tudo que tinha para dizer, tem como ir embora? — perguntei tentando não ser ignorante — Cara, você só pensa em você, olha o risco que você tá me fazendo correr, se a polícia bate aqui. .— ele me interrompeu

— É isso? Tu tá jogando tudo pro alto mesmo? Tua palavra final é essa? Nem minha filha por perto tu quer que eu tenha?! — ele falou me interrompendo

— Você verá a Maria Eduarda quando quiser, mas é eu e ela aqui e você lá, nenhum vínculo além desse! — murmurei baixo e fui em direção à porta — Vai, por favor! – implorei com o peito apertado

– Tu não sente nada por mim? — ele perguntou antes de passar por mim

– Tudo que eu sinto hoje é por mim! Apenas, por mim e pela minha filha. — falei rápido sem encarar ele, vendo ele balançar a cabeça e sair, me deixando ali sozinha.

A única certeza que temos da vida é que ela continua, as vezes precisamos fazer escolhas para que a vida ande, e a minha escolha é Viver.

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Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora