Richard: Escolhas.

01 - Richard.

Por entre beco e vielas
o menino homem se formou,
aprendeu a malicia da vida
e hoje luta por ela,
conquistou o carinho
e respeito da comunidade que o criou,
A infância do garoto ficou dentro da favela

porque quem vem de familia humilde
não o tem direito de sonhar,
entre suas poucas diversões
estava a pipa e o futebol,
foi preciso ter muita luta para sua estrela brilha,
O

moleque cresceu, luto pra subir, foi na luta, foi na guerra, hoje em dia está aí.

- Fala meu cria, passa visão, tá tudo palmeado - orochi falou no radinho - Tudo correto pra mais tarde.

- Atividade aí, tô brotando já já pra fazer aquela missão - falei rápido e logo desligando o rádio

Muitas de vocês já tão ligadas em quem sou eu, mas pra quem não tá, minha história é longa, e o caminho estreito.

Fechei na boca novinho, entendia porra nenhuma da vida, assumi o lugar do meu pai, ele era dono de tudo isso aqui, RK era o brabo, terror do RJ, aquelas coisas, como todo vagabundo tem sua dama, se apaixonou pela minha mãe e ai veio eu, o trem louco do rj, mais conhecido como periquito, por que eu sou livre pra voar.

Tudo nessa vida é escolhas e eu fiz a minha, escolhi meu destino, seguir o caminho do meu pai, não ser igual à ele, mas ser reflexo do que ele foi.

Se eu pudesse voltar no tempo e escolher a hora de vir ao mundo, ia escolher vir mais cedo, só pra conhecer ele, ver de perto o exemplo que ele foi, hoje em dia, só escuto falar, só lembranças, me restou as fotos, as palavras de quem viveu aquela época ao lado dele.

Hoje, tô com meus 21 anos, dono de duas comunidades, levo o crime à serio, sem muita brincadeirinha, meu trabalho é focado.

Não deixei o poder subir minha mente não, é poder pra caralho mas a humildade prevalece, é como minha mãe sempre diz: Honra o nome do teu pai! Não faça aquilo que ele não faria!

Falando na minha coroa, é foda pra ela tá ligado, passa anos e ela continua em negação, nem consegue aceitar essa vida aí que eu levo, mas entendo ela, entendeu, sei que ela só quer meu bem, mas meu destino já era esse, desde da barriga.

Minha mãe vive mais na pista do que aqui ela prefere assim, e eu até acho melhor mesmo, tá vivendo a vida dela lá com a minha vó, elas brigam entre si e se resolvem por lá mesmo.

Esse bagulho de destino é um papo louco, namoral mesmo, quando tu vem ao mundo com um plano traçado, não tem pra onde tu correr.

Costumo dar o papo no meu território que eu sou privilegiado, tá ligado? Minha mãe é disposição pura e meu pai era o brabo, privilegiado sou eu.

— Tu já fez tua unha, teus bagulhos de beleza, quer mais o que, fala? — falei pra Ana Clara, minha fiel

— Só queria ir nesse baile só! Tô gostando de você saindo sozinho assim não! Quero ir junto — revirou os olhos, boladona

— Fica boladinha não, po, tu não vai por que tu trabalha amanhã — abracei ela pela cintura — Já disse pra tu largar esse trabalho aí e ficar suave tu não quer — ela concordou