Richard: Escolhas.

61 - Melody.

Abri a porta rápido encontrado quem eu menos esperava encontrar, parado, me olhando preocupado, o Miller encostou no batente da porta ainda me olhando me deixando sem entender.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei cruzando os braços

— Vim te ver po, tu passou chorando pra caralho por mim, nem sei se me viu — neguei com a cabeça e suspirei — O que aconteceu? Fizeram alguma coisa contigo? — perguntou preocupado

— Entra! — abri a porta por completo dando passagem para ele, ele entrou e eu fechei a porta respirando fundo

— Qual foi Melody? Fala logo po, fala que nós resolve — ele falou sério parado no meio da sala

— Tô grávida e o filho é seu! — minto falando rápido e firme, ele ficou pálido, os lábios brancos, sentou no sofá me olhando sério, completamente surpreso, levantou, sentou de novo

Ficamos em silêncio, um olhando para a cara do outro e eu tentando entender o que eu tinha acabado de dizer, caralho, eu tô jogando uma responsabilidade dessa pra cima de uma pessoa que não tem nada a ver com a história.

— O que? Tu tá grávida de mim? — ele levantou parecendo cair na real — Teu pai vai me matar! Caralho! — negou com a cabeça, desesperado

— É mentira! Ainda bem que é mentira, imagina te aturar tendo essa reação — debochei forçando um sorriso — Só estava chorando por quê eu vou embora! —minto, sentei no sofá

— Tu não tá grávida de mim? — neguei com a cabeça e ele suspirou aliviado — Caralho, tomar no cu, sem graça pra caralho você — revirei os olhos — Tu vai embora pra onde? Que história é essa? — perguntou

— Nenhuma! Só vou fazer uma viagem! — falo pensativa, alguém bateu na porta da sala

Ele olhou para minha cara meio sem saber o que fazer e eu levantei para abrir a porta, encontrando a minha mãe.

— Filha, vim te ver! — ela falou entrando com tudo, dando de cara com o Miller — Ué? — me olhou e depois olhou para ele

— Já tô de saída! Valeu dona Carina — ele falou passando por mim igual uma flecha, bati a porta e minha mãe me encarou

— Minha princesa o que aconteceu? Você saiu lá de casa chorando abessa — ela perguntou me puxando pela mão e me levando até o sofá — O que houve? — me olhou

— Eu quero ir embora mãe, quero sair daqui! Eu não quero mais viver do jeito que eu tô vivendo, eu preciso mudar meu ritmo de vida — falei rápido dizendo tudo que ela sempre quis escutar, ela suspirou

— Eu sabia que esse momento ia chegar, tanto que eu pedi a deus pra mudar esse seu pensamento — concordei passando a mão no rosto, choro chato que insiste em vir — Tem certeza que você não tem nada pra falar pra mamãe? — neguei

— Só isso que eu tenho a dizer mesmo, tá doendo mas vai ser necessário! — ela me abraçou forte, como se estivesse lendo tido tudo que eu estou sentindo por dentro

— Eu te amo! Saiba sempre que eu te amo e vou te amar independente de qualquer coisa, você pode confiar em mim! Eu sou sua mãe, não vou te abandonar nunca — concordei chorando mais ainda, engolindo com força o bolo que se formou na minha garganta e as palavras que insistiam em dizer tudo que estava se passando

— Também amo você! — me limitei em falar,  afastando um pouco e respirando fundo

— Vou conversar com seu pai, você vê pra onde você quer ir! Vamos resolver isso logo, sim? — cocnordei aliviada, menos um problema.

Eu tenho certeza que não preciso dizer mais nada, mãe sente, mãe sabe de todas as coisas, depois de muito conversarmos ela foi embora e eu chorei mais ainda.

Agora sou eu e essa criança que eu nem sei o sexo ainda no mundo, como que pode minha vida ter virado de cabeça para baixo assim?

Eu amo ele, eu nunca pensei que me apaixonaria mas me apaixonei pelo Richard, mas eu também sei o meu momento de entrar e sair, por isso estou partindo!

Passaram-se dias, semanas e ele não sentiu minha falta, não me procurou, não mandou mensagem nem se quer notou que eu não procurei ele mais. Os dias que se arrastaram para mim, pareceram horas para ele que se manteve focado em sua própria vida. Enquanto eu olhava a cada segundo para o celular na esperança de ter uma notificação dele ou tentava dormir para esquecer mas quando dormia pedia aos deuses para sonhar com ele e sonhei... No sonho ele dizia que já faz muito tempo e que não se importa mais e que eu não faço diferença na vida dele. Tive um dia triste, antes não tivesse sonhado.

não esqueça o motivo de nenhuma de suas partidas.
eu já fui embora de lugares que parei de caber. de lugares que pensei que cabia. de lugares que estavam me afogando. de lugares onde minha voz não era respeitada. eu já fui embora de lugares que não permitiam minha expansão. não suporto ver minha imensidão escorrendo pelos cantos, gosto de existir com plenitude. eu já fui embora de pessoas pequenas que insistiam em não evoluir. já fui embora de pessoas gigantes que estagnaram e não aceitaram me ver voando. já fui embora de muita gente e irei mais vezes se for preciso. já fui embora pra me proteger, pra fugir, pra parar de me anular, pra sobreviver, pra voltar a viver, pra existir. eu sempre vou embora porque toda despedida gera um encontro. fins geram inícios. e quando encontro comigo mesma novamente é sempre louco e lindo, mas principalmente lindo. especialmente quando eu sei separar o que eu sou do que me fizeram pensar que eu era. e respeito o que estou me tornando.
- Ryane Leão

*Não esqueça seu fav e seu comentário.