14 - Melody.

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Passada, essa é a palavra do dia, tô chocada com tudo isso que aconteceu em curto tempo, caralho? Queria ter tido a oportunidade de bater de frente com a Fabiana antes dela ter ido embora.

Safada, falsa! Bebia e comia comigo, dormia na minha cama, usava da minha Netflix, minhas roupas e metia o pau no meu nome naquele fakezinho dela, foram várias vezes que eu fui explanada lá, esculachada.

Nem se passava pela minha cabeça uma coisa dessa, logo eu, porra, tão esperta alimentando uma cobra dentro da minha casa.

Meu dia no hospital foi um estresse do caralho, ia fazer 24h hoje mas me estressei tanto que meti meu pé, médico que gosta de ficar pisando nos outros me dá ódio, fico puta com humilhação e descaso com pacientes.

Faço meu trabalho por amor, sou super dedicada, mas sempre tem alguém pra tentar entrar no teu caminho, na enfermagem é essas pessoas que acham que são mais do que você pra tudo, mas na verdade é você quem faz o trabalho deles.

Subi na principal, canelando igual né minha filha, avistei meu pai sentado num bar com uns caras, ia passar direto mas fui chamada.

— Oi pai! — dei um beijo na bochecha dele — Boa noite! — falei pra quem estava na mesa, ninguém me respondeu, só balançaram a cabeça

— Vai lá em casa daqui a pouco, quero conversar com você. — falou sério

— O que houve? — perguntei preocupada, bateu o desespero fácil

— Vai lá pra nós conversar — concordei super sem graça, todo mundo me encarando

Fui andando pra casa num nervoso, começou a me dar uma suadeira, meu pai nunca quer conversar comigo e sempre que quer é assunto sério, tô até com medo.

Tomei um banho e botei uma roupa simples, peguei a chave da minha moto, vou guiar pra lá logo, quanto mais rápido eu souber, mais rápido eu me tranquilizo.

Tenho até medo do que chegou no ouvido dele, é foda cara, é tanta fofoca que eu nem imagino qual foi a da vez.

— Ué, você aqui em plena segunda? — minha mãe falou quando me viu entrar

— Pois é, meu pai quer conversar comigo. — sentei no sofá, ela riu

— Humm, o que será? — balancei os ombros e olhei o celular

— Aí mãe, o que será hein? Caraca, eu não fiz nada não! — falo sem conseguir controlar o nervoso — Tô até preocupada, meu dia já foi um estresse lá naquele hospital, agora mais isso? — ela concordou sem me encarar

— Não sei o que é, Melody! — me olhou — Mas puxa na memória, você é porra louca, as vezes fez merda e nem sabe. — revirei os olhos

— Tenho certeza que não fiz! — insisti balançando a perna, tenho mania disso

— Tua amiguinha vacilou legal né? — concordei — Como que pode, tão gente boa, mãe dela é gente fina pra caraca! — meu pai entrou pela porta

— Bora lá fora — falou sério para mim, encarei minha mãe que negou com a cabeça, parecia que o sangue do meu rosto tinha fugido, me senti pálida

— Pai, o que houve? Tô nem te entendendo. — falo andando atrás dele, ele sentou na cadeira de plástico e me olhou

— Senta! — mandou sério, numa frieza que eu nunca vi, sentei na cadeira de frente pra ele, toda nervosa — A partir de hoje acabou tuas safadezas por ai! — cruzou os braços — Tá proibida de sair da favela.— minhas mãos soavam

— O que? Como assim? O que eu fiz? – perguntei me alterando, que porra é essa

— O que tu fez? O que tu fez? Tenho cara de burro? — perguntou sério, olhando dentro dos meus olhos — Responde aí porra! Tua amiga toda errada no bagulho, tu por pouco não vai de bola e ainda bateu de frente com os manos de outra comunidade, chegou aqui quis fazer alvoroço — negou com a cabeça — Não sei de onde tu tá tirando essa marra toda, menor me passaram a visão hoje eu quase não acreditei — levantou — Tu tá se garantindo em quem, Melody? — perguntou se apoiando na mesa, de frente pra mim

— Em mim mesma! Ninguém tinha me avisado que ela era fake nenhum simplesmente chegaram arrastando, fazendo maior alarde no meio de todo mundo...— murmurei com a voz baixa

— E se o problema dela fosse maior do que esse? E se problema dela fosse com eles lá? E se acontece alguma coisa séria, qual explicação tu ia me dar agora? — me olhou frio — Tu acha que quando eu mando tu ficar em casa é por que eu não sei dos bagulho? Eu sei de tudo porra! — concordei toda sem graça

— Desculpa! — pedi séria, me tremendo todinha

— Quando esse tal de Kalled vai vir falar comigo? — minha cara esquentou de vergonha — Vai trazer a mulher e o filho junto? — jogou o celular em cima da mesa, uma foto recentinha, de hoje de manhã, que a ex do Kalled postou no Twitter, na foto estava o Kalled dormindo com um emoji no rosto e um bebê do lado 

— Pai....— tentei falar mas me deu vontade de rir, meu Deus, que mico! Meu próprio pai sabendo dos meus vacilos que vergonha — Não sei quem é esse bofe — menti com a cara mais sonsa do mundo

— Não sabe? Eu vou fazer conexão com ele então, perguntar o por que tu tava curtindo baile com ele, andando na garupa ele, já que tu não conhece ele né não? — se afastou da mesa negando com a cabeça — Tu perde comigo na mentira! — revirei os olhos

— Eu não sabia dessa foto, meu Deus! Precisa disso tudo mesmo? — levantei — Me proibir de sair por ter dado uns pegas no Kalled? — falei dramática

— Tô te proibindo de sair por que tua marra tá muito alta, tu quer voar demais! — neguei com a cabeça, uma vontade de chorar, mexe com meus rolês não — Da próxima vez que tu peitar quem for, tu vai ter que desenrolar comigo, tu vai aprender a não bater de frente com quem tu não conhece. — falou de costas para mim

Ele saiu entrando pra dentro se casa e eu fiquei ali no ódio, segurando o choro, aposto que foi fofoca do Richard, ficou com raivinha por que bati de frente com ele e foi se queixar pro meu pai, mas deixe estar.

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Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora