41 - Richard.

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Você anda sempre de cabeça quente, sempre tão ausente da gente , repara como você está, desse jeito não dá mais para ficar, melhor desprender de mim e terminar.

— Você não pode ir pra rua, cara, tu viu o que tua mãe disse, repouso certinho! — Ana Clara falou bolada pela terceira vez

— Tu não tá entendendo! Tu acha que EU vou ficar preso dentro de casa? Se liga po — fui pro quarto e vesti uma cama

— Richard, você só complica as coisas, não sei que tanto desespero é esse do nada — neguei com a cabeça

— Posso ficar parado dentro de casa não, tem uma comunidade esperando por mim, tenho coisas a resolver — falo de costas para ela

— Beleza! Você que sabe! — concordei tomando um remédio para dor de uma só vez

Tô todo quebrado, remendado, tomei um de raspão na barriga, no supercilio, um tiro no braço que foi maior pica pra retirar, só sinto dor, na adrenalina nós nem imagina como nós tá, a lição só vem depois, minha cabeça tá a mil dentro de casa.

Não paro de pensar na minha irmã, como que Victoria pode tá fazendo uma parada dessa, tô entalado com essa porra, se isso chega no ouvido desses caras, eu nem sei, tô cego, só penso nisso, com todos os lados, só consigo visar a vida da minha irmã em jogo nessa porra, e eu achando que essa filha da puta ia virar médica, me deu uma rasteira legal.

Só quero bater de frente com ela, mas longe daqui, só não sei como vou fazer isso, não posso confiar em ninguém pra contar uma parada dessa e nem confio, tá maluco, garota é meu sangue, nem imagino ninguém fazendo maldade, com todos os erros é minha irmã, preciso conversar com ela, saber qual é o posicionamento dela nisso tudo, não é um bagulho que da pra deixar pra lá, nós tem que resolver entre nós dois.

— Você tomou o remédio? — Ana Clara perguntou, concordei pegando a chave do carro — Amor, é sério! Não tem necessidade nenhuma de você sair assim, tu sabe que tem horário...— interrompi ela

— Para de ficar batendo neurose, já te disse que eu vou 10min ali falar com os moleques! — ela levantou do sofá, seriona

— Isso tá me cheirando outra coisa, isso sim! Mas beleza, tua cabeça é teu guia — pegou o controle da televisão e se jogou no sofá

— Tá tentando insinuar o que? Vai começar? — perguntei sério, já tô sem paciência

— Tentando dizer nada não! Problema é teu, Richard — falou sem me encarar

— Depois eu meto o pé, jogo tudo pro alto, quem vai tá errado vai ser eu, é foda — falei alto indo em direção à porta

— Como é que é? — ela falou dando um pulo do sofá — Repete! — disse atrás de mim, me virei cruzando os braços

— É isso aí po, essa tua desconfiança desnecessária só vai separando a gente mais ainda — dei o papo, engasgado com essa porra também, ela me encarou surpresa

— Você acha que o seu distanciamento não vai nos separar também não né? — riu debochada — É fácil virar o jogo só pra mim né? — balançou os ombros

— Meu distanciamento é por causa do teu ciúme, mas suave, vou bater cabeça contigo hoje não — me virei para porta

Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora