56 - Richard.

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Eu encarava a Victoria tentando achar um ponto de brincadeira em tudo que ela tinha acabado de me dizer, operação sigilosa para me pegar? Estão atrás de mim? Que porra é essa.

— Meu Deus! Eu tanto que avisei, meu Deus!— minha mãe levantou nervosa — Tá escutando isso? Olha a gravidade que isso tá se tornando — falou para mim

— Mãe, calma aí! Bebe uma água, respira fundo, não se desespera não – falei vendo ela ir pra cozinha

Tô ligado que nessa vida que nós leva estamos sujeitos à tudo, mas quando chega nesse momento é que nós vê quem é quem, é quando a pica aperta, foda.

Nós reclama por causa de vários bagulhos, sempre batendo neurose com coisas que não tem nada a ver, esquecemos de agradecer mas eu agradeço só por estar livre, pois se aqui fora ta difícil imagina na cadeia.

Minha mãe sempre disse antes preso do que morto, mas eu não quero nenhum dos dois, prezo pra caralho minha liberdade, não me imagino com a corda no pescoço.

— Tá de sacanagem com a minha cara tu? De onde tu tá tirando isso?  — levantei estressado, minha mãe me olhava preocupada

— Eu fui convocada, Richard! A operação tá na minha mão — ela falou séria sem me encarar — Senti como se fosse obrigação minha te passar isso! — engoli a saliva com força e passei a mão no rosto

— Como que minha cara vazou assim? Como que eles tão na minha cola desse jeito? Como que tu me garante que tu não tá armando pra mim? — perguntei encarando ela

— Eu te garanto! Se você não confia na minha palavra, fica aí e espera acontecer, é simples — balançou os ombros — Vocês usavam redes sociais, tua tropa indo pra pista bagunçar tudo, vocês estão envolvidos em uma morte que nem sabe a procedência — suspirou

— Desgraçados! Cuzão do caralho, tomar no cu — chuto a cadeira com força, jogando longe — Manda ele subir po, manda teu patrão vim bater de frente comigo! Mandar vocês é fácil po — falei respeitando fundo tentando me acalmar

— Pensa no teu filho, eu não vim aqui te aconselhar sobre nada, vim te avisar e só! Sai dessa vida enquanto é tempo — ela levantou — Eu não posso abrir mão de uma operação tão importante quanto essa, tu escolhe como isso vai ser — encarei ela tentando entender — Ou você vaza fora pelo teu bem ou você corre o risco de bater de frente, é contigo! — neguei com a cabeça

— Tá declarando guerra na minha cara assim? — perguntei sério, ela negou

— Tô te dando, como vocês falam mesmo? Ah, o papo reto! Abraça se você quiser, aproveita a oportunidade, mete o pé! — pegou a bolsa em cima do sofá

— Tranquilo, preciso de conselho não, ainda mais vindo de inimigo po, tenho orgulho de ser filho do RK, ele morreu honrando e se for esse meu destino, VAI SER! — falo desviando o olhar do dela — Contrário de tu, na primeira oportunidade que teve se formou polícia e ainda teve coragem de tirar o nome do nosso pai, tu acha certo? — perguntei encarando ela de novo

— Não tenho orgulho de ser filha de quem fez tanto mal aos outros não, Richard! — ela falou ignorante — Eu fiz o que eu achei certo, NOSSO pai humilhou muito minha mãe, ela viveu tempos dentro de um relacionamento abusivo com ele, assim como a sua mãe também viveu e não percebeu, fora os outros crimes que ele cometeu! — se aproximou de mim e parou na minha frente — Eu não sou de tapar o sol com a peneira, você é  meu irmão e eu tô fazendo meu papel de tá aqui te avisando, quando eu subir, Richard, eu estarei fazendo meu trabalho! — neguei com a cabeça

— Já deu teu papo, agora é comigo! Se for de nós bater de frente, nós vai! Teu papo já foi dado e eu já entendi, acabou o assunto! — ela concordou quando ia falar minha mãe interrompeu

— Chega vocês dois! — minha mãe secou as lágrimas — Vamos, Victoria! Acabou, não quero briga entre vocês não — Victória concordou se afastando de mim — Eu vou voltar para conversarmos. — minha mãe falou para mim enquanto a Victoria botava um boné tampando o rosto

Elas saíram e eu joguei tudo para o alto, bem que Maiquin me avisou e eu não dei atenção, sempre adiando, com medo do que eu iria descobrir, agora tô aí, aos 4 cantos como procurado!

Quero ver meu filho ou filho crescer, quero ter a liberdade de acompanhar de perto esse crescimento, quero dar tudo pra essa criança que meu pai não me deu, que ele foi privado de me dar, ele foi levado antes de me conhecer.

Não quero dar essa dor de ir embora para minha mãe, ela já sofreu pra caralho nessa vida, nem dar esse sofrimento para Ana Clara, pra minha família, a vida é injusta pra caralho, tudo desmorona quando nós menos esperamos.

Poucos minutos depois, já tô na metade da garrafa de whisky, minha mãe chegou, preocupada, sentou no sofá, levantou e andou pra lá e pra cá.

— Você precisa ir embora daqui! Conversa com seu tio, entrega o morro na mão dele, essa vida não é pra você meu filho — ela falou andando pela sala, catando umas coisas que estavam espalhadas

— Não vou arregar, mãe! Pelo amanhecer vou acionar uma reunião, vou conversar com eles — falei olhando para a parede, sem encarar ela chorando

— Richard, você sabe que tá correndo risco né? Por favor, filho! Pensa na gravidade disso, pensa no seu filho — segurou meu rosto me obrigando a encarar ela

— Mãe, não fica se magoando com isso não, eu vou resolver po, meu tio nego, maiquin não são tudo procurado e tão aí vivo? Eu vou sair dessa po — ela negou com a cabeça e eu me afastei um pouco

— Só não quero que aconteça alguma coisa ruim com você — concordei

— Confia no teu filho, vai dar tudo certo! —  ela suspirou e eu fui pro quarto

Não quero render esse assunto com ela pra ela não ficar guardando isso, não ficar gerando preocupação nela, minha mãe não merece isso não.

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Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora