Richard: Escolhas.

62 - Richard.

Ontem li um livro que me fez pensar
Erros do passado vale repensar
Sábio feito Buda, mas coração não pensa
Respeita a minha loucura que eu respeito a tua essência
Pode deixar, não vou só criticar o sistema
Sem paciência, organizei meu esquema
Quem não é solução também faz parte do problema
Nossa história é agora, digna de cinema.

 Caralho, maior surpresona quando vi geral juntão, me dando parabéns, logo atrás tava a notícia,
sou pai de 2.

Meu melhor presente, nunca pensei que fosse ficar tão realizado, namoral, é ela, tinha que ser com ela, a mulher dos meus sonhos e mãe dos meus filhos.

Sei que errei pra caralho no passado, mas só quero ter o tempo de consertar tudo, nem que seja longe daqui, nem que seja por aqui mesmo, estando com a minha mulher e meus filhos eu só quero paz. 

Agora mais do que nunca eu quero pensar no bem estar da minha família, minha prioridade é essa, tirar ela e eles daqui, só de pensar que eles tão aí correndo risco fico maluco.

Tô feliz mas tô me sentindo estranhão, pesado, sei lá que porra é essa, sensação estranha no peito, como se alguma coisa estivesse me chamando, como se alguém estivesse precisando de mim.

— Você já conversou com ela? — minha mãe perguntou parando do meu lado

— Ainda não mais vou conversar — assopro a fumaça do cigarro para o lado

— Que palhaçada é essa de você fumando? Eu hein! — minha mãe me olhou séria, franzindo a testa

— Só pra relaxar só, me livrar dessa tensão que tá minha vida — jogo o cigarro no chão e piso em cima

— Vai dar tudo certo! — concordei quieto vendo ela se afastar

Se minha mãe soubesse de fato a corda bamba que eu tô, ela com toda certeza surtaria mas eu prefiro deixar isso só pra mim, não quero que ela sofra com meus problemas. 

Depois que o Nego e o Maiquin me deram o papo reto, mais preocupado eu fiquei, não queria que essa porra fosse assim, mas tá sendo e eu só queria conseguir sair.

Antes eu tivesse escutado a minha mãe quando disse que não me queria nessa vida, quase que eu caio na ilusão, pois é, eu cai!

Peguei mais uma heineken no bar e fui caminhando para o meio da galera, Ana Clara ria de alguma coisa que minha mãe falava e eu parei do lado do Orochi.

— É foda, irmão! Tacou dois logo de uma vez só — Orochi falou me fazendo concordar e ri, caralho, pai de 2

— Pai não brinca em serviço — dei um gole na minha cerveja

— Tá estranhão po, semana toda assim, qual foi? — perguntou chamando minha atenção, neguei com a cabeça e passei a mão no rosto

— Caldo tá entornado, Orochi! Vocês vai ficar ficar sabendo — falei balançando a cabeça e ele me olhou sem entender

— Te falar, quero ir nessa guerra que o nego me convocou não po, maior pressentimento ruim — concordei meio preocupado, é foda, eles nem imaginam

— Tu é casca grossa, vai tirar de letra — ele negou sério

— Minha coroa deu um papo aí, me deixou meio escaldado, disse que sonhou comigo morto, tá ligado que sonhou é aviso né — concordei encarando o medo na cara dele, me arrepiei

— Relaxa irmão, vai acontecer nada disso não, tu é protegido — falei me afastando um pouco, abraçando a Ana Clara por trás — Te amo! — ela se virou para mim, me olhando sem entender

– Me ama? — perguntou me olhando desconfiada

— Te amo ué, independente de qualquer coisa que acontecer amanhã ou depois quero que tu saiba disso! — dei um selinho nela, maior saudade

— Não vai acontecer absolutamente nada! Que besteira é essa? — segurou meu rosto sem entender

— Nada po, nada — abracei ela pela cintura e dei um beijo na bochecha dela — Posso conversar contigo depois? — perguntei me afastando um pouco pra encarar ela

— Depende....Richard eu tô ótima do jeito que estou e não quero voltar...— interrompi ela

— Não é isso não, relaxa! Nada a ver po, assunto é outro — ela concordou me soltando — Mais tarde nós conversa! — falei passando por ela

Já tô vendo, vai ser foda essa conversa, ainda mais que o papo vai ser dela meter o pé daqui comigo, Ana Clara é casca, vai bater várias neuroses!

Libertários não morrem.
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