(Extensão do livro Delírios, 1° e 2° TEMPORADA DISPONÍVEIS EM MEU PERFIL)
Após a morte de seu pai, vítima de uma traição que ocorreu dentro de sua comunidade, deixando a marca de ser um dos maiores traficantes do RJ, o legado é passado para Richard...
Tô até mais tranquila depois de ver meu amor, a preocupação tava batendo firme, toda vez que tem tiroteio eu me sinto assim.
Ainda falam que estamos juntos só por "dinheiro", duvido que quem tá junto só por interesse atura esses sufocos, atura nadaaa!
— Conversou com o Nego? — escutei a Giulya perguntar para a Carina
— Depois te conto! — ela respondeu meio baixo
Encostei minha cabeça no braço do sofá e fechei os olhos, que estresse! que noite de horror, que nada aconteça com meu amor.
Estar no mesmo ambiente que a Melody me causa ânsia, ranço eterno por essa mona, mas hoje eu tô na paz, ainda mais depois de saber o que rolou com ela, quero guerra com ninguém, respeito o momento e tenho maturidade pra saber qual é o meu espaço.
Carina e Giulya conversavam entre si e tava eu em um sofá e a Melody no outro, o apartamento da minha sogra é lindo, com uma vista mais linda ainda, tô só admirando quietinha.
Mas sabe quando você sente que não é bem vinda? TÔ ASSIM! É nítido que a Giulya não é muito chegada a mim mas me trata na educação, nunca me destratou mas também nunca rendeu homenagem.
Eu que não vim ao mundo pra agradar família de macho, tenho que agradar à ele só e ponto, isso me basta, mas sempre deixei claro que admiro MUITO a mulher foda que minha sogra é e foi no passado, digna de todo respeito, a mulher é braba.
Meu coração apertou e uma vontade de chorar me bateu, Giulya aguentou tanta coisa, mas a mudança depois da morte do marido foi gigante, é foda, não me vejo sem meu marido não, ele nunca teve essa atitude de me tirar da comunidade, seja lá o que rolar, eu sempre fiquei lá, tô bem preocupada.
Olhei nossa foto na tela de bloqueio do meu celular, no dia do nosso aniversário de namoro e uma lágrima escorreu pela minha bochecha, esse dia foi tão bom, estávamos tão bem, depois tudo desandou, agora só brigamos, que saudade do meu homem, dentro da nossa casa direto, hoje em dia vive mais na rua do que em casa, quase não fala comigo, essa crise tá foda, tô destruída.
Te amo tanto, meu amor! Richard Silva. ❤
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— Será que eu consigo ligar pro Richard? — perguntei levantando a cabeça e encarando a Giulya
— Óbvio que não, garota! Você acha que ele mandou a gente descer pra ficar na boa lá em cima? Óbvio que a pica vai apertar agora né — Melody falou ignorante, revirei os olhos e bufei, controlando a vontade de gritar
— Vem cá, tô te fazendo alguma ignorância por acaso? Perguntei numa boa, garota maluca, num fode! — falei séria, balançando a perna, puta da vida
— Começa vocês duas não que eu não tô nem com cabeça pra mais estresse. — Carina falou parada no meio da sala — Palhaçada porra! Não esquenta minha cabeça não!! — concordei quietinha e a filha dela fechou mais a cara
— Essa garota sem noção, tem que fazer sempre pergunta óbvia, já sabendo a resposta. — Melody falou levantando e se afastando pisando fundo
— Sem noção é VOCÊ! Não te perguntei porra nenhuma, respondeu porque quis — neguei com a cabeça, não fode, sempre se metendo em tudo, tomar no cu!
— ACABOU! Duas chatas, eu hein — Giulya falou rindo sentando do meu lado — Melhor não, não sabemos o que tá rolando! — concordei, que inferno.
Passei a noite em claro, por volta das 4h20 veio a notícia da operação, a polícia estava na comunidade, mais desespero me bateu.
Vomitei, botando a janta toda pra fora, meu corpo ia pra frente com a força do vômito, Carina me ajudava segurando meu cabelo e meu estômago revirava.
— Fica calma! Isso é nervoso — ela falou quando eu sentei no chão, as lágrimas rolando pela minha bochecha — Vai tirando a roupa que eu vou pegar uma toalha — concordei
— Meu Deus! — neguei com a cabeça sozinha e me levantei
Ela trouxe a roupa e eu tomei um banho, meu corpo tá cansado, mas eu não consigo dormir de tanta preocupação, toda operação é isso.
— Você tem que se acalmar, toma esse chá aqui pra vê se consegue dormir — Giulya falou botando a xícara em cima da mesa para mim — Tá vomitando assim desde quando? — perguntou me olhando desconfiada
— Desde hoje! – menti sem graça, ela levantou uma sobrancelha – Tem 1 semana! – admiti mordendo o lábio inferior com força, meu rosto esquentando de vergonha
— Você toma anticoncepcional, Ana Clara? — concordei dando um gole no chá de camomila — Tem certeza? — perguntou
— Absoluta! Não fico sem não — ela concordou ainda me encarando, Deus me livre!
— Como você e o Richard estão? — perguntou me deixando surpresa, tossi nervosa
— Bem? — balancei o ombro indiferente e ri — Passando por uma crisezinha mas nada demais — ela concordou séria, me avaliando
— A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a insensata derruba a sua. — ela falou botando o pano de prato em cima da mesa e sorrindo sem amostrar os dentes — Pense nisso! — disse passando por mim e saindo da cozinha
Fiquei tentando processar o que ela acabou de dizer e guardei as palavras comigo, terminei de tomar o chá e deitei na sala, olhando ela e a Carina conversar na varanda e a Melody dormir no outro sofá.
