63 - Ana Clara.

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Temos medo de não sermos o que éramos antes disso, e acabar nos transformando em personagens secundários do nosso próprio filme – da nossa própria vida. Temos medo de não conseguir ter medo da solidão proporcionada pela ausência do outro, de saber o que dizer e não conseguir dizer, de saber como agir e não conseguir agir. 

— Fala logo, o que tá acontecendo? — perguntei indo para a cozinha, Richard veio atrás

— Senta po, quero conversar contigo direito — boto o copo de volta na pia e me viro para ele que me olhava sério, uma tensão ruim estava no ar, meu coração apertou

— Ok! — sentei na cadeira, ele sentou de frente para mim, ainda me encarando

Ficou em silêncio, mexeu no celular, me encarou mas nada falava, me senti incomodada, nunca um silêncio me incomodou tanto como o silêncio dele.

Logo o Richard que é de ficar falando muito, hoje ele tava tão animadinho, me abraçando, me beijando, mas nada que mude a real posição que estamos!

Voltamos a estaca 0 e se depender de mim continuaremos assim, eu tô vivendo a minha vida bem, longe de estresse e agora minha prioridade é MEUS BEBÊS, nada mais, bater cabeça com pouca coisa pra que? Tô feliz assim!

— Nós vai ter que meter o pé....por um tempo, vai ser rápido! — ele falou apoiando o braço na mesa

— Não entendi! Nós quem? — perguntei séria cruzando os braços

— Nós! Ana, eu tô sendo procurado, eles querem minha cabeça, eles não demora vão saber quem é você, eles vão vir atrás de mim e consequentemente.. — ele falou e cada vez mais que ele falava, mais a voz dele ficava distante, tudo rodou

— Que assunto é esse Richard? — levantei me apoiando na parede, me sentindo toda, um amargo na boca, peito apartado, lágrimas nos olhos — Eles quem? Da onde você tá tirando isso? — perguntei desesperada

— O Estado, a polícia, geral! Geral, Ana Clara! — passou a mão no rosto nervoso, levantando — Eu sei que essa porra...— interrompi

— Pra onde eu tenho que ir? — perguntei séria, me aproximando dele — Nada pode acontecer comigo, NADA! Eu tô carregando o meu bem mais precioso, e-eu não posso pagar pelos teus erros — segurei o rosto dele — Pelos meus filhos eu vou até pro outro lado do mundo, mas eu não aceito sofrer por culpa dos teus erros — ele segurou meu pulso, me afastando com delicadeza, completamente surpreso com minhas palavras

— Já tá tudo certo, minha mãe vai te levar mas ninguém pode saber dessa porra — quando eu ia falar ele me interrompeu — Nem tua mãe, ninguém! — neguei com a cabeça

— Como eu não vou avisar minha mãe? Foi ela quem me ajudou quando eu tava na pior, não Richard, eu não aceito isso — nego com a cabeça e ando pela cozinha secando meu rosto — Tá maluco? Eu não posso sumir assim! — falei séria

— Não conta pra onde você vai, arruma tuas coisas, com calma, não tem data ainda! — ele pegou o celular em cima da mesa, me encarou por um tempo, olhou o celular tocando, rejeitou a chamada, é mulher, eu tenho certeza, me olhou de novo

— Larga essa vida, esse caminho não é teu! – falei antes que ele saísse da cozinha — Eu não suportaria passar pelo que tua mãe passou, eu não quero ter que contar essa história triste para minhas crianças. — os olhos dele brilharam pelas lágrimas e ele veio na minha direção

— Vai dar tudo certo, te prometo que meu destino vai ser diferente! — me deu um selinho, o celular tocou de novo — Te amo! — falou me dando um beijo na bochecha

Ele saiu e eu fiquei ali, parada tentando absorver tudo que eu tinha acabado de falar, tudo que eu acabei de escutar, nosso fim não será esse, eu não sei do amanhã, eu não sei do nosso destino mas eu creio na mudança!

Quão perfeito você é para não perdoar quem te machucou?
*Não esqueça seu fav e seu comentário.

Richard: Escolhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora