Capítulo 37

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Any Gabrielly

A noite foi tranquila, Josh não teve mais pesadelos e eu consegui dormir tranquilamente. Passamos a manhã em uma perfeita harmonia. Para o almoço Josh fez uma torta salgada. Assim que ficou pronta, nos sentamos e almoçamos, sem trocar muitas palavras, as refeições costumavam ser silenciosas, assim como a maioria dos dias em que Josh me ignorava.

Quando terminei minha refeição, me levantei, levando a louça até a pia e a lavando. Josh levou o restante da louça para que eu terminasse de lavar. Com tudo organizado, não me restava mais nada a não ser voltar para o porão, já que Josh não havia pedido por minha companhia.

Em silêncio, voltei para o porão, onde me deitei de barriga para cima, apoiando minhas mãos em meu abdômen. Passei a lembrar da notícia exibida na televisão ontem e voltei a criar diversas teorias, e até mesmo imaginar como seria o meu resgate. Talvez eu estivesse apenas me iludindo, mas era minha última esperança, eu precisava me agarrar a ela. Algumas vezes eu consigo me sentir bem aqui, mas é uma ilusão, é algo que me forcei a acreditar, é a melhor forma de eu não acabar enlouquecendo. Admito que fico confusa em relação aos meus sentimentos com Josh, ele me deixa confusa, mas isso não pode ser real, não posso gostar de alguém que me machuca tanto. Ao mesmo tempo, tenho a ideia de que isso é real e que meu lugar é aqui. Minha cabeça me confunde, é como as ilustrações de desenhos animados onde há um demônio e um anjo, um de cada lado em forma de miniatura, sussurrando ao meu ouvido o que devo fazer. Nesse momento, os dois estão sussurrando juntos e estão me confundindo.

Levei minhas mãos ao rosto, esfregando o mesmo como forma de fazer todos aqueles pensamentos desaparecer.

Levei um pequeno susto ao ouvir a porta do porão ranger, ela fazia esse barulho irritante toda vez que alguém a abria. Era possível ver parte da calça de Josh e a cada degrau mais de seu corpo era revelado, até estar em minha frente.

Me ajeitei sobre a cama, sentada apoiando o peso do meu corpo em meus braços que eram sustentados por minhas mãos apoiadas naquele colchão sujo.

ㅡ Quer sair? ㅡ O garoto mordeu o lábio inferior em um ato de... ansiedade? Talvez. Suas mãos estavam cobertas pelo tecido jeans do bolso de sua calça.

ㅡ Sair? ㅡ Respondi sua pergunta com outra pergunta. Minha sobrancelha se ergueu em um ato de curiosidade. Para onde Josh me levaria?

ㅡ Na verdade, apenas caminhar em frente a casa, mas podemos chamar isso de sair, já que você não costuma sair. ㅡ Deu de ombros.

Uma mistura de confusão e alegria se instalou em minha mente. Por que Josh estava tão bonzinho? Na verdade, isso não era de grande importância, já que eu iria poder sair dali, mesmo que fosse por alguns minutos. Eu não saí da casa desde a vez que tentei fugir de Josh, e aquele dia não contou já que era de noite e eu não conseguia enxergar muita coisa lá fora.

Balancei a cabeça de forma positiva rapidamente, confirmando que gostaria de ir lá fora. Meu entusiasmo era tão evidente que Josh acabou soltando um riso fraco, apontando com a cabeça para a saída do porão, indicando que eu o seguisse, e assim o fiz.

Andei atrás de Josh como um cachorro que segue seu dono, animado por poder ir passear pela vizinhança, mesmo que preso em uma coleira e uma guia, que é o que dá o poder ao seu dono de lhe controlar. Isso era frustrante, mas eu não ligava, no momento só me importava com o fato de poder sair dali.

O que era mais estranho era essa proposta de Josh e a sua confiança, ele tinha certeza que eu não iria embora, pois se não tivesse não me deixaria sair para fora da casa junto com ele.

Parada atrás do garoto, que procurava em um molho de chaves a chave certa para destrancar a porta de entrada e saída da residência. E assim que abriu a porta, um sorriso largo brotou em meu rosto. Mesmo que tentasse, era quase impossível disfarçar a minha empolgação.

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora