Capítulo 28

14.5K 1.9K 1.9K
                                    

Any Gabrielly

O dia mal havia começado e eu já sabia que seria mais um como tantos outros que vim suportando até hoje. Sentada na cama, encarando a parede fixamente eu não tinha forças para começar o dia. Na verdade, começar o que? Eu ficaria nesse porão o resto do dia a não ser que, Josh acordasse de bom humor e me tirasse daqui. Até que durante os últimos três dias eu tenho visitado mais o andar de cima do que em todo o tempo que tenho estado nesse lugar.

Tomei coragem, me agarrando nos poucos vestígios de forças que eu tinha e levantei daquela cama, praticamente me arrastando até o cubículo, que também pode ser chamado de banheiro. Ali fiz minha higiene bucal, lavei meu rosto e, antes de sair não pude evitar encarar o espelho quebrado, lembrando do episodio em que bati a cabeça de Josh contra o vidro. Acabei rindo.

Voltei para a cama, onde permaneci jogada por longos minutos, até finalmente ouvir passos vindo em direção ao porão. Eu já conhecia aqueles passos, eram de Josh. Eu sei, é estranho eu decorar os passos de alguém, mas estou presa aqui tempo o suficiente para decorar muita coisa e criar mil teorias e paranoias.

A porta do porão foi aberta e Josh desceu as escadas. Um breve sorriso ladeado se formou nos lábios do loiro.

一 Olá, querida.

Bufei. Ele voltou a me chamar assim.

一 Oi - respondi em um tom não tão simpático.

Será que havíamos voltado ao normal? Ele sempre carregando ironia na ponta de sua língua e eu com meu modo de defesa sempre ativado. Talvez eu estivesse desapontada pelo fato de termos voltado ao normal, se realmente voltamos.

一 Quanta grosseria com quem veio apenas te chamar para tomar café da manhã.

De certo modo, ele não havia mudado.

Fiquei em silêncio. Refletindo sobre sua fala, pude sentir uma pontada de culpa.

一 Foi mal - disse, encarando de maneira fixa o colchão.

一 Tudo bem. Vamos?

Confirmei com a cabeça, a balançando para cima e para baixo de maneira positiva.

Josh estendeu sua mão para que eu a segurasse, e assim o fiz. Se maneira firme seus dedos seguraram minha mão e me ajudaram a levantar.

Fui levada para o andar de cima, e assim como nos dois dias anteriores, a mesa estava bem arrumada com alimentos que não fossem como os que ele levava para mim no início de tudo.

Tomamos o café da manhã assim como no dia anterior, assombrados pelo silêncio. Se trocamos algumas palavras foi apenas de sua parte me pedindo para lhe alcançar o presunto e o queijo.

O ajudei com a louça e então, como previsto fui levada ao porão novamente e ali eu passaria o resto do dia.

Josh se despediu, tocando minhas bochechas com seus lábios rosados e macios, se afastando e então me trancando ali novamente.

Como eu poderia achar isso normal? Ou melhor, como ele fazia tudo isso parecer normal? Josh me mantinha presa, algumas vezes me tratava mal e outras me tratava como se eu fosse da realeza.

Nos últimos dias até que nossa convivência estava sendo agradável, pelo menos até ele ter mais um de seus surtos e passar a me tratar mal.

O tédio tomava conta daquele comôdo e de mim. Como faço todos os dias, caminhei em circulos, esperando que as horas passassem o mais rápido possível. Uma pontada de curiosidade, que mais parecia ser um sinal, me fez subir as escadas e tentar abrir a porta, talvez não fosse difícil de abrir. Quando girei a maçaneta, a porta simplesmente se abriu. Meu queixo estava caído no chão. Josh havia deixado aberto de propósito? Pelo que conheci dele nesse pouco tempo, não duvido nenhum pouco. Ele estava tentando me testar.

Eu estava sozinha na casa, nada mais justo que bisbilhotar. O certo seria eu tentar fugir, mas ele conhece o lugar que estamos, eu não, ou seja, ele me encontraria antes mesmo de eu chegar em alguma cidade.

Andei rapidamente para o andar de cima, onde bisbilhotei cada canto, e no quarto de Josh não foi diferente. Com cuidado, mexi em seu guarda-roupas, e ao segurar uma de seus camisas, aproveitei para sentir o cheiro de seu perfume. O que esse loiro dos olhos cor do céu estava fazendo comigo?

Guardei tudo no lugar e enquanto eu me direcionava para a saída do quarto, meu olhar se fixou em uma pequena cômoda ao lado de sua cama. Não aguentei de curiosidade e então, fui até a cômoda, me ajoelhado em sua frente e abrindo uma de suas gavetas. Meus olhos se arregalaram e meu coração acelerou. Ali haviam fotos de várias garotas diferentes, marcadas com um X vermelho feito com uma caneta vermelha. Em meio aquelas fotos, havia uma minha, que ainda não estava marcada pelo X. Essa marca significava a morte?

Enquanto eu tentava encontrar alguma resposta, segurei minha foto em mãos. O barulho de pneu esmagando o cascalho me fez sair do transe em que eu me encontrava. Rapidamente fechei a gaveta e corri para o andar debaixo. Minhas pernas estavam tão bambas que não sei como desceram as escadas. O medo de ele me encontrar fora daquele porão era enorme.

Corri para dentro do porão e fechei a porta. Desci rapidamente as escadas e ainda um pouco desorientada, me sentei na cama, apoiando as mãos em meus joelhos, tentando controlar minha respiração ofegante. E foi nesse momento que lembrei que talvez, mas só talvez eu tenha deixado minha foto cair no chão enquanto tentava fechar sua gaveta. O desespero tomou conta de mim.

Me ajudem a chegar aos 800 seguidores por favor

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora