Capitulo 39 - O final (parte 1)

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Any Gabrielly

Seus dedos se entrelaçaram em meus cachos e os puxou para trás, me arrastando para fora do quarto, onde Josh me jogou contra a parede. O maior se encontrava de pé em minha frente, com uma expressão nada amigável. Isso era óbvio, pois que pessoa amigável iria agarrar outra pelos cabelos?

ㅡ Você me fez perder a paciência, querida. ㅡ Um sorriso diabólico se instalou no rosto do loiro, que se agachou em minha frente.

O mais assustador nessa situação não era Josh e sua vontade de me matar, é que eu não sentia mais medo, eu não estava preocupada com o que poderia acontecer. Isso me lembrava o início de tudo, quando cheguei aqui, eu p enfrentava e não tinha medo das consequências. Durante esse período eu passei a lhe obedecer para sobreviver, mas eu decidi que não faria mais isso, mesmo que as consequências fossem as piores.

Aproveitei que Josh estava muito próximo de mim e fechei meu punho direito, respirando fundo e então fazendo o que eu sentia vontade de fazer à muito tempo, acertei um soco no rostinho bonito de Josh. Ele estava apoiando todo seu peso nos joelhos e pés e na posição que estava acabou desiquilibrando e caindo para o lado. Aproveitei a oportunidade para me levantar e correr em direção a escada. Senti meu corpo ser puxado e lançado para uma parede. Por um momento, senti faltar ar em meus pulmões por conta da pancada. Josh me encarava feroz, não era como das outras vezes em que ele tinha um pingo de misericórdia no olhar e eu sentia que ele não me mataria, desta vez ele estava disposto a qualquer coisa.

Tentei me desprender de seus braços e a única solução que achei foi lhe dar um chute na virilha para lhe deixar vulnerável novamente. O garoto gemeu de dor ao sentir a pancada e levou uma das mãos até lá, mas com a outra tentou me agarrar. No momento, desespero era a única coisa que eu sentia. Eu precisava sair viva dali. A primeira etapa eu cumpri, que foi lhe enfrentar, eu só precisava ir até o fim. Quando Josh tentou me agarrar novamente o empurrei em direçãoàs escadas, o fazendo tropeçar e rolar escada abaixo. Ele se encontrava no fim da escada, estirado no chão. Desci rapidamente as escadas para conferir se ele estava morto, mas ele confirmou o contrário assim que soltou um baixo gemido e dor.

Assim como Josh, a raiva também me consumia, eu não conseguia mais pensar nele como uma pessoa boa, não como antes, ele jamais seria alguém bom. Em um ato de nojo, cuspi em seu rosto, deixando ele da maneira mais vulnerável sozinho, jogado sobre o chão. Aproveitei que a porta estava aberta e sai dali, correndo, correndo o máximo que eu podia. Machuquei meus pés no cascalho, mas a essa altura eu já não me importava com a dor, pois eu já estava muito machucada e não refiro aos machucados que acabei de adquirir, mas sim as feridas psicológicas.

Entrei mata a dentro, tropeçando em galhos e objetos que eu nem sequer sabia o que eram, pois com meu desespero não era possível parar para observar cada objeto que estava servindo como meu obstáculo naquela corrida. Olhei para trás algumas vezes para ver se Josh não estava atrás de mim e não o vi. Continuei a correr, sem parar. Já era noite, seria mais difícil para ele me encontrar naquela escuridão. Se eu fosse rápida e persistente poderia chegar a uma rodovia ou até a uma cidade qualquer em algumas horas. Mas, isso só aconteceria se Josh não me encontrasse antes.

Eu já não tinha mais fôlego, meu peito se movia para cima e para baixo rapidamente, necessitando de ar. Minhas pernas não aguentavam mais correr e meus pés estavam doloridos por contas de alguns machucados que fiz durante minha fuga. Decidi que iria caminhar, pelo menos até recuperar todo meu fôlego, eu estava longe e Josh não iria me alcançar, pelo menos não durante umas duas horas, ele deveria estar muito dolorido após o tombo que levou.

Continuei a caminhar, sem nenhum senso de direção e algumas vezes até tropeçando e me batendo em alguns galhos e troncos de árvores, já que a única coisa que iluminava o meu trajeto era a luz da lua, que em uma floresta repleta e árvores não era capaz de ser de grande ajuda.

Meu coração parecia quase saltar da boca e minhas pernas já estavam trêmulas pelo cansaço. Decidi me sentar, escondida atrás de um tronco de uma enorme árvore.

Minhas pálpebras estavam pesando e a escuridão me recebia em seus braços, me chamando em sussurros para o sono. E eu, caindo em tentação acabei cedendo.

Fui retirada de meu sono com a brutalidade do vento, que arrepiou todos os poros do meu corpo e me fez acordar por conta do frio. Abracei meu corpo, tentando me aquecer. Não adiantou de nada, então, me apoiei na árvore e levantei. O sol estava nascendo e, enquanto eu o observava uma certa nostalgia despertou em mim. Já fazia um bom tempo que eu não tinha a oportunidade de ver o sol nascer, já que durante muito tempo fui mantida em cativeiro. E lembrando disso, apertei a mim mesma que deveria continuar caminhando, pois parada ali só faria com que Josh me encontrasse mais rápido, se é que ele está me procurando.

Continuei a andar em linha reta, a procura de um vestígio de liberdade e segurança, algo que me indicasse ao menos onde estou.

Depois de um bom tempo de caminhada, consegui avistar de longe entre as árvores alguns vestígios de asfalto. Acelerei meus passos, ou melhor, comecei a correr naquela direção, podendo enxergar ainda mais do asfalto. Um sorriso largo e sincero se formou em meu rosto e meus olhos, mesmo que eu não pudesse ver, imagino que brilhavam ao avistar aquela imagem. Aquilo era minha liberdade.

Ansiosa para sair dali, atravesseivas árvores que se encontravam em minha frente e alguns arbustos, e então atravessei o curto tapete verde que existia na borda do asfalto. Distraída com aquilo, não percebi que um carro preto se aproximou, não sei ao certo que modelo ou marca era, já que não me interesso por carros. Fiquei arisca, porém feliz em saber que poderia ser alguém disposto a me ajudar. Quando reparei bem no carro, percebi que conhecia aquele automóvel. O vídeo do carona abaixou e revelou o rosto moldado pelos deuses, tal rosto que carregava consigo uma expressão capaz de arrepiar qualquer um. Seus olhos azuis eram capazes de hipnotizar qualquer pessoa. Mas, ao menos dessa vez, eu estava ciente no perigo. Meus lábios se entreabriram por conta do susto e minhas pernas recuaram.

ㅡ Olá, querida. ㅡ Disse, com aquele típico sorriso carregado de cinismo.

Continua...

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