Capítulo 11.

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Any Gabrielly

Mais tarde, quando Josh chegou, pude saber que chegou pois ouvi alguns passos no andar de cima, só poderia ser ele. Me ajeitei na cama, esperando por ele, mas ele demorou mais alguns minutos até finalmente abrir a porta do porão escuro e descer as escadas.

ㅡ Olha o que eu trouxe, querida.

Ele ergueu sua mão, segurando um abajur de cor branca. O garoto sorria como se fosse um grande presente.

ㅡ Agora não ficará tão escuro aqui ㅡ acrescentou.

Não o respondi, permaneci em silêncio.

Ele colocou o abajur ao lado da cama, em uma espécie de mesinha que havia ali, ligou o abajur em uma tomada e o ascendeu. Novamente sorriu animado, me encarando.

ㅡ Gostou? ㅡ Perguntou.

ㅡ Vai pro inferno!

Soltou uma risada fraca.

ㅡ Nos encontramos lá ㅡ piscou para mim.

Respirei fundo, encarando o colchão sujo.

ㅡ Sabe o que eu preciso mesmo?

ㅡ Diga e vejo se posso te ajudar ㅡ deu de ombros.

Caminhou até as escadas e embaixo delas pegou um banquinho, que carregou até a frente da cama e se sentou, esperando por minha resposta.

ㅡ Eu preciso sair daqui ㅡ ele achou graça.

ㅡ Ainda não ㅡ mexeu o indicador de forma negativa.

Fechei meus punhos, apertando ao máximo, descontando a raiva que eu sentia.

ㅡ Vamos conversar, querida ㅡ seu tom irônico me enjoava.

ㅡ Não tenho nada pra conversar com você!

ㅡ Tem certeza? Pensei que quisesse saber mais sobre mim, sobre como chegou aqui.

Ele tinha razão.

ㅡ Então, por que me sequestrou?

Fez uma careta, negando com a cabeça.

ㅡ "Sequestro" é uma palavra muito forte. Podemos dizer que te trouxe para um passeio, uma viagem onde você passa um tempo sozinha para poder relaxar.

ㅡ Relaxar? Acha que estou relaxando?!

ㅡ Enfim, não vamos tratar isso como o fim do mundo, afinal, você é bem tratada aqui, me desculpe se não é o hotel cinco estrelas que gostaria, mas é tudo o que temos.

ㅡ Eu passo frio durante a noite, ganho comida uma ou duas vezes ao dia e estou trancada aqui. Se não é um sequestro, o que é?

ㅡ Olha só, vamos resolver essas questões, okay? Se acalme, querida.

Ele só me deixava mais furiosa, se estivesse um pouco mais perto eu seria capaz de dar um chute naquele nariz perfeito, assim ele teria que ir ao médico e me daria um bom tempo pra tentar encontrar uma maneira de escapar. Boa, Any!

ㅡ Querida é o orifício que se encontra no meio de suas nadegas.

Ele riu, fazendo um gesto com as mãos para que eu parasse.

ㅡ Vamos ter que diminuir esse palavreado.

ㅡ Por quê estou aqui? O que quer comigo?

Ele parou, pensou um pouco para então me responder.

ㅡ Olha, desde muito tempo me sinto sozinho, sinto um vazio em mim e nessa casa, eu precisava de alguém para me fazer companhia, alguém que me entendesse, alguém que fosse como eu. Eu precisava de alguém como eu para não me sentir sozinho nesse mundo.

ㅡ Você acha que sou igual a você? ㅡ Disse, incrédula com o que ele havia dito. ㅡ Você é doente! Deveria procurar um hospício para se tratar, lá teria companhia para você, pessoas iguais a você! ㅡ disse em um tom alto.

Um sorriso brotou no canto de seus lábios.

ㅡ Não esqueça que foi de uma clínica psiquiátrica que você saiu, querida.

Lhe olhei assustada, incrédula e com raiva de toda as suas palavras.

ㅡ Eu sei muito mais do que imagina, por isso está aqui. Quando estiver realmente pronta para essa conversa, voltarei pra terminarmos essa conversa.

Apoiou suas duas mãos em seus joelhos e levantou-se, novamente fazendo seu trajeto até a porta, saindo e a trancando.

ㅡ Idiota! Me tira daqui! Socorro!

Eu gritei, gritei muito, mesmo sabendo que não adiantaria, sabendo que ninguém me ouviria e nem um milagre faria com que em um gesto de bondade ele me soltasse. Eu iria ficar presa até achar uma maneira de fugir, ou até ele me matar.

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora