Red Jacket

Capítulo 31

Any Gabrielly

A luz do sol invadia o quarto e, dessa vez, por incrível que pareça não atrapalhou meu sono, pois eu já estava acordada a alguns minutos, só evitei sair da cama até que Josh acordasse, não queria que pensasse que eu estivesse tentando fazer algo de errado e ficasse zangado. Passado alguns minutos, Josh se mexeu, fazendo menção de acordar. O loiro abriu os olhos lentamente, olhando para o teto e em seguida para mim, deixando um pequeno sorriso escapar de seus lábios.

ㅡ Bom dia.

ㅡ Bom dia ㅡ respondi.

Percebi que Josh iria se levantar, então sai de seu peito e me deitei em um travesseiro. O garoto se levantou, dando as costas para mim, andou pelo quarto a procura de algo para vestir, até achar uma bermuda de cor preta e a vestir. Eu vestia uma de suas camisas, por isso lhe pedi apenas uma calça ou bermuda, o garoto me cedeu uma calça jeans clara, que parecia não lhe servir mais, pois em mim não ficou tão larga. Enquanto eu terminava de fechar o zíper do jeans, vi pelo reflexo de um espelho que havia no canto do quarto que Josh não tirava os olhos de mim. Quando o maior percebeu que eu havia notado, virou o rosto rapidamente.

ㅡ O que achou?

Levantei uma sobrancelha.

Josh voltou novamente seu olhar para mim, e em seus lábios se formou um pequeno sorriso.

ㅡ Está linda, como sempre!

Agora quem acabou sorrindo fui eu, com uma pitada de vergonha.

ㅡ Obrigado ㅡ disse baixinho.

ㅡ Vou escovar os dentes e já descemos para tomar café.

Josh marchou rumo ao banheiro.

ㅡ Tenho que ir escovar meus dentes lá embaixo, minha escova está lá.

ㅡ Tenho uma ainda na embalagem, se quiser usar.

Confirmei com a cabeça e resolvi lhe esperar no quarto para que, em seguida, fosse minha vez.

Enquanto esperava por Josh, sentada na cama vasculhei o quarto com o olhar, sem intenção alguma, apenas para passar o tempo. Notei que, na pequena cômoda que havia ao lado de onde Josh dormia havia um celular. Aquele celular não era o meu, nem o de Noah, só podia ser o de Josh. Por curiosidade, andei vagarosamente até o celular, evitando que o assoalho fizesse qualquer barulho que levasse Josh a suspeitar que eu estava fazendo algo de errado. Me sentei no lado da cama em que Josh costuma dormir e peguei o celular. Tentei desbloquear, mas eu não sabia a senha. Pelo menos consegui ver que já eram dez e meia da manhã. Quando larguei o celular em seu devido lugar, ouvi a voz de Josh, o que me fez paralisar na posição em que eu estava.

ㅡ O que está fazendo?

Levaram alguns segundos para que eu conseguisse me mover novamente, mas assim que consegui, me virei lentamente para poder lhe olhar nos olhos, o que na verdade me causava arrepios. Sua sobrancelha estava arqueada, e ele estava parado em frente a porta que separava o banheiro de seu quarto.

ㅡ Eu só fui ver que horas são. ㅡ Engoli seco.

Estava estampado na minha cara que era mentira, e Josh não era idiota de achar que eu estaria sendo verdadeira, mas nesse momento ele preferiu apenas ignorar isto.

ㅡ E que horas são? ㅡ perguntou, dessa vez sem um tom de desconfiança, apenas com curiosidade.

ㅡ Dez e meia.

ㅡ Tudo bem, vou preparar o café da manhã enquanto você faz sua higiene.

Josh veio em minha direção, o que fez eu sentir que meu coração havia parado de bater por alguns segundos. Sua mão se esticou para pegar o celular que estava ao meu lado, e então guardou o eletrônico no bolso da bermuda.

Esperei que saísse do quarto para então ir ao banheiro. Em cima da pia ele havia deixado uma embalagem fechada com uma escova de dente. Abri a embalagem e a joguei no lixo, ficando apenas com a escova. Escovei meus dentes e passei uma água no rosto. Após minha higiene feita, me encarei em frente ao espelho por um tempo. Será que eu estava fazendo o certo ou errado? No momento eu ainda não sabia, e por isso resolvi deixar esses pensamentos de lado.

Voltei para o quarto, e é claro que estando sozinha ali eu não iria perder a chance de vasculhar seu quarto novamente. Abri suas gavetas, encontrei cuecas, meias e as fotos que eu havia descoberto no dia anterior. Abri as portas de seu guarda-roupa, tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas aquelas portas insistiam em ranger, rangidos que mais pareciam gritos. Dentro de seu guarda-roupa no meio de algumas blusas dobradas havia uma caixa trancada com um cadeado. Ali deveria estar meu celular, o de Noah e alguns outros pertences. Onde estaria a chave? Só Deus sabe.

Eu não me importava, não no momento, não adiantaria de nada ter um celular se cada vez que eu usasse causasse alguma morte.

Guardei a caixa no meio de suas roupas e fechei as portas do guarda-roupa. Dei uma última checada em seu quarto para ter certeza que eu não deixei nada fora do lugar e então sai dali, indo até a cozinha, onde encontrei com Josh que arrumava a mesa.

ㅡ Demorou ㅡ comentou.

ㅡ Pois é, coisas de garota.

ㅡ Está...Hum... ㅡ tossiu.

Ele estava tentando me dizer algo.

ㅡ O que?

ㅡ Está naqueles dias de novo?

Josh permaneceu de cabeça baixa, provavelmente por vergonha do assunto. Revirei os olhos.

ㅡ Não, só é de costume meu demorar quando estou fazendo algo.

ㅡ Entendi.

Ele soltou todo ar que havia no pulmão, parecendo estar aliviado. Por que garotos ficam com vergonha ou nervosos ao tocar nesse assunto? É algo tão normal.

Nos sentamos e tomamos café da manhã. O resto do dia Josh passou em casa, um milagre. Fizemos coisas que pessoas normais fazem, assistimos a filmes, devoramos um pote de sorvete e até escutamos um pouco de música. Por um momento, me senti em casa, senti como se aqui fosse meu lar, e talvez fosse, poderia ser o meu destino acabar
aqui.

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