Red Jacket

Capítulo 9.

Any Gabrielly

Estava o dia todo trancada naquele lugar, sem comer ou beber água. Como não havia mais luz alguma vindo de fora, imaginei que já estava anoitecendo. O lugar fazia frio, todos os pelos de meu braço estavam arrepiados. A roupa que eu usava estava curta demais, na cama não havia nenhum cobertor, não havia como eu me aquecer.

Sentada na cama, encarando a parede enquanto pensava em como tudo aconteceu. Como ele me encontrou? E por que eu? O que ele queria de mim?

Passos vieram em direção a porta e, novamente a maçaneta girou, a porta se abriu.

O loiro desceu aqueles degraus vagarosamente, vindo até a cama. Seus passos eram lentos, e isso só me causava mais nós na garganta, frio na barriga e arrepios. Isso me causava medo.

ㅡ Pensei que gritaria mais, mas até que foi uma boa garota. Por isso, aqui está sua recompensa.

Em suas mãos ele segurava uma bandeja com um prato onde havia um sanduíche e uma garrafa pequena de água. Ele colocou a bandeja em minha frente e fez um gesto com a mão indicando que eu pegasse. Com uma certa dificuldade por estar com as duas mãos presas, peguei o sanduíche. Olhei para o garoto antes de dar a primeira mordida, minha boca se encheu de água mesmo com a péssima aparência do sanduíche, mas a fome falava mais alto.

Mordi um grande pedaço do sanduíche e mastiguei com rapidez, não demorou para eu engolir aquele pedaço e dar uma segunda mordida desesperadamente. Nunca pensei chegar a esse nível, mas eu precisava comer, mesmo que um pão velho e horrível como aquele.

Eu também estava com sede, por isso, com dificuldade abri a garrafa da água e dei um grande gole, matando minha sede. O segundo gole eu aproveitaria de outra forma. Dei mais um gole na água, mas não engoli. Aproveitei que Josh estava sentado na cama próximo à mim, me observando, aproximei meu rosto do dele e cuspi toda a água que havia em minha boca. Eu poderia morrer, ou não.

O garoto fechou os olhos e com uma mão tentou tirar o excesso de água do rosto, mas assim que voltou a abrir os olhos, sua expressão carregava raiva, muita raiva. Eu já estava arrependida do que havia feito.

Ele levantou devagar da cama e se aproximou de mim, meu corpo todo estava como uma estátua, meu semblante deveria mostrar todo o medo que eu estava sentindo. O garoto segurou minha mandíbula com uma de suas mãos de forma bruta, ele aproximou nossas faces, quase encostando uma na outra.

ㅡ Você vai se arrepender de ter feito isso!

Seus dentes estavam rígidos e sua voz raivosa. Ele empurrou meu rosto para trás, o livrando de suas mãos. Pegou a bandeja onde estava o prato com o resto de sanduíche e se afastou, indo até as escadas. Ele deixou apenas a garrafa de água.

ㅡ Amanhã teremos uma conversa, querida.

Seu tom era de ódio misturado com satisfação, sarcasmo. Permaneci em silêncio, voltando a choramingar baixinho. Ele se foi.

A noite ficava mais fria e eu estava encolhida na cama, tentando adormecer. Talvez Eu não conseguiria dormir, mas queria pelo menos que as horas passassem mais rápido e voltasse a ser dia, para que pelo menos eu me mantesse aquecida.

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