Capítulo 22.

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Any Gabrielly

A madrugada era longa e o sono não queria vir, presa em meus pensamentos eu já não sabia mais o que fazer para garantir que o pouco de sanidade que ainda tenho não se vá.

A ansiedade tomava conta de mim. A raiva era cada vez a mais presente de minhas emoções, um sentimento que antes de vir pra cá não se fazia tão presente em minha vida.

Eu já não suportava a mim mesma naquele cativeiro, principalmente o fato de estar sem banho a muitas semanas. Meu cheiro não estava nenhum pouco agradável, mas não me importei tanto com isso durante esses vários dias, pois estava ocupada, pensando em como iria sair desse lugar. Agora, acho que o que mais me irritava no momento era o meu cheiro. A possibilidade de eu poder tomar um banho é zero, ainda mais com meu histórico de agressividade dos últimos dias, sendo todos por motivos validos, mas não para Josh.

Eu precisava fazer algo, e me refiro a qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Não aguento mais ficar presa a uma cama, preciso esticar as pernas.

De forma inútil, como as várias outras vezes que tentei, puxei meu pulso, tentando me soltar da corrente, o que causou um barulho extremamente irritante para meus ouvidos.

Talvez, mas só talvez eu estivesse arrependida do que fiz mais cedo, pois nesse momento eu poderia estar fazendo qualquer coisa nesse cubículo sem estar presa à uma corrente.

E se eu acordasse Josh e pedisse pra que me levasse ao banheiro? Talvez eu conseguisse o convencer de me deixar solta, ou só o deixaria mais irritado ainda por ter lhe acordado, afinal, quem não acorda de mau humor? Bom, quando eu acompanhava Sabina até o trabalho não acordava mau humorada, apenas com preguiça, mas claro, porque era por Sabi. Isso só me fez lembrar da enorme saudade que sinto dela.

Enfim, após pensar em Sabina e na saudade que sentia dela, também pensei sobre a ideia de chamar Josh, decidi que iria lhe chamar. Que perigo eu corria? Já estava sendo mantida presa em um porão sujo e escuro, e sendo ameaçada de morte desde o primeiro dia do sequestro, morte para mim seria minha salvação, um luxo que por enquanto não tenho.

Me ajeitei na cama, respirando fundo e me preparando para o pior. Várias vezes eu puxei meu pulso, provocando rangidos pela colisão das correntes com a cabeceira de ferro.

一 Ei! - Disse em tom alto, tentando chamar atenção, porém, sem escândalos. 一 Preciso que venha aqui.

E o silêncio continuava a tomar conta de toda a casa. Talvez ele estivesse dormindo e não me ouviu, ou talvez, estivesse apenas me ignorando. De toda forma, continuei a lhe chamar.

一 Ei!

Do que eu poderia lhe chamar? Josh seria algo meio que... Íntimo? Como eu chamaria meu sequestrador pelo seu próprio nome? Chama-lo de monstro ou idiota também não seria a melhor maneira de lhe chamar para lhe pedir que me soltasse.

一 Garoto!

Isso! Por enquanto chamarei esse tremendo babaca de "garoto", pelo menos até eu poder voltar a lhe xingar.

Bufei, já desistindo, pois sem sinal algum. Até que, passos e mais passos, era ele. Então, logo a porta do porão se abriu e consegui ver suas pernas descendo degrau por degrau, até revelar seu corpo inteiro, vestindo apenas um calção de banho, com o peitoral descoberto. Confesso que aquilo me causou algo, não desconforto, pois não era a pior das visões. Era muito melhor que olhar para a parede do porão.

O garoto, que provavelmente já havia percebido meu olhar voltado para seu corpo, me encarava com um semblante confuso e os braços cruzados.

一 Por que me chamou? Se for pra me irritar, já aviso que estou sem paciência.

Revirei os olhos mentalmente. Ele fala como se fosse a pessoa mais paciente e pacífica do mundo.

一 Queria pedir pra me levar ao banheiro 一 Pensei um pouco. 一 Na verdade, não. Queria te pedir para me soltar.

Ainda não me conformo por ele ter me amarrado novamente, eu apenas o agredi, nem tentei fugir.

Ele achou graça do que havia dito. Em seguida, caminhou em minha direção.

一 Sabe Any, te ver assim, submissa a mim e as minhas ordens é uma das melhores coisas. Se fosse comportada desse jeito, nós dois iríamos viver em perfeita harmonia.

Seu sorriso como de costume era irônico, carregado de seus pensamentos mais bestas e podres.

Logo sua expressão voltou a ser séria e, então ele me soltou, voltando a se afastar.

一 Não faça nada que te prejudique depois, querida - Piscou para mim.

Novamente eu revirei meus olhos mentalmente. Como alguém pode ser tão babaca, nojento, idiota, maníaco e, sexy...

Meu olhar e pensamentos voltaram a se perder sobre seu corpo. Balancei rapidamente a cabeça de forma negativa, saindo de meus devaneios.

Levantei e assentir ao que disse.

一 Sonhe comigo, querida.

Um sorriso carregado de impurezas foi deixado pelo canto de seus lábios, antes de ele sair dali.

E finalmente consegui a privacidade e a pouca liberdade que eu precisava para simplesmente fazer nada, apenas achar um jeito de né distrair em meio à uma noite de insônia.

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora