Red Jacket

Capítulo 35

Any Gabrielly

Deitada na cama, enquanto encarava o teto e viajava nos pensamentos que surgiam em minha cabeça como estrelas que surgiam no céu ao anoitecer. Bufei, entediada. Já era manhã e Josh ainda não havia acordado. Eu torcia para que ele saísse hoje novamente, assim eu teria tempo sozinha para investigar a caixa, cujo a chave eu havia encontrado.

Levantei da cama, indo até o banheiro e então, fazendo minha higiene pessoal. Quando voltei ao quarto, pude ouvir alguns passos no andar de cima, era Josh. Finalmente! Era só esperar ele sair para que eu pudesse executar minha missão de ver o que havia dentro da caixa.

Vários minutos se passaram, os passos não sumiram e a porta da frente não se abriu. Bufei, me sentando sobre o colchão duro e sujo. Será que justo hoje ele não iria sair?

O tempo passou e nada de Josh sair. Por hoje eu já havia desistido da missão, seria mais um dia de curiosidade.

A porta do porão foi aberta, me fazendo dar um pulinho da cama pelo susto que levei. Josh desceu as escadas e andou até mim, parando em minha frente. Um breve sorriso se formou nos lábios do loiro, que tocou minha bochecha em um rápido beijo.

ㅡ Bom dia, querida. Como dormiu?

Seu tom de voz era calmo e atencioso, assim como sua feição. Franzi o cenho, completamente confusa com aquela situação. Mesmo que não fosse a primeira vez que seu humor mudava, eu ainda achava estranho.

Em resposta a sua pergunta, levei meu olhar para a cama suja e muito desconfortável, voltando a lhe encarar. Ele pareceu ter entendido.

ㅡ Logo tudo irá mudar e você poderá dormir tranquilamente em um lugar muito mais confortável. ㅡ Josh sussurrou em meu ouvido.

Seu tom de voz era macabro, o que me fez arrepiar todos os poros de meu corpo.

Não sei ao que exatamente ele estava se referindo, mas não parecia ser bom.

Enquanto sorria para mim de forma assustadora, o silêncio tomou conta do porão e só se ouvia nossas respirações, e era notável o meu desconforto com tudo aquilo.

ㅡ O que veio fazer aqui? ㅡ Disse para quebrar aquele silêncio que se tornava ainda mais assustador a cada segundo que se passava.

Meu tom era rude, direto, e por isso, Josh pôs a mão no peito, fingindo estar ofendido.

ㅡ Não posso mais vir verificar se a minha convidada está bem?

ㅡ Se sou convidada por que não posso ir embora?

ㅡ Porque sabemos que no fundo você gosta mais daqui do que imagina.

Josh piscou para mim, com um sorriso carregado de ironia.

ㅡ Na verdade, vim lhe chamar para tomar café da manhã.

ㅡ Estou sem fome.

ㅡ Isso não é um pedido.

Seu tom de voz era firme, o que me assustou. Hoje Josh estava tentando me assustar de todas as formas possíveis, e estava obtendo êxito em seu objetivo.

Apenas concordei com a cabeça e em silêncio o segui até a cozinha, onde encontrei a mesa arrumada. Josh puxou uma das cadeiras para que eu me sentasse, e assim o fiz.

Comemos em silêncio, vez ou outra Josh tentou puxar assunto, mas eu o respondia com poucas palavras ou até mesmo nem respondia. O clima estava tenso, mesmo que Josh não estivesse tão bravo ele ainda era uma ameaça. Na verdade, ele sempre foi, só que consegue me manipular, fazendo com que muitas vezes eu acabasse cedendo.

Após o café da manhã e almoço, Josh fez questão de passar o resto do dia ao meu lado. Organizamos o que estava bagunçado e o garoto me convidou para assistir algo. Para que o dia se tornasse ainda mais macabro, o garoto colocou um filme de terror, que falava sobre um serial killer.

ㅡ Preciso ir ao banheiro, não demoro.

Josh levantou do sofá onde estava sentado ao meu lado e andou até as escadas, subindo as mesmas, tendo como destino o banheiro.

Em minha mente só vinha a ideia de aproveitar que estava no banheiro e ir até seu quarto, mas era arriscado demais, ele poderia me pegar. Não se eu fosse rápida, mas ainda assim era arriscado demais. Eu estava com medo, e com razão, mas não custa tentar. Ou custa, talvez minha vida.

Passei um bom tempo pensando na chance de dar errado, e cheguei a conclusão de que se eu não tentasse nunca iria descobrir o que tem dentro da caixa.

Em um ato de coragem, levantei-me do sofá, dando rápidos, porém cuidadosos passos em direção às escadas. Quando minha mão tocou o corrimão de madeira e minhas pernas se preparavam para subir os vários degraus, uma voz ecoou do topo da escada. Ergui minha cabeça para poder enxergar o dono da voz, que obviamente seria Josh.

ㅡ Aonde vai? ㅡ Arqueou a sobrancelha, com um tom sugerindo desconfiança.

Toda minha vida passou por minha cabeça, como se aquele fosse meu último momento viva. Nada vinha em minha mente para que eu pudesse justificar a minha saída do sofá. Engoli seco, me preparando para falar a primeira besteira que viesse em minha cabeça.

ㅡ Eu fui te procurar, não estou me sentindo muito bem.

Coloquei minha mão vaga na testa, fingindo um mal estar. Agarrei fortemente no corrimão e cai por cima do mesmo.

ㅡ Any! Você está bem?

O loiro desceu rapidamente a escada, me segurando em seus braços e me guiando até o sofá, onde me colocou deitada.

ㅡ Eu senti uma tontura ㅡ disse, em um tom baixo.

Josh se levantou, indo até a cozinha buscar uma água gelada para eu beber. Permaneci deitada no sofá. Ele não poderia desconfiar que eu estava fingindo aquilo, caso contrário minha cabeça iria fazer parte da decoração, pendurada na parede. Enquanto o esperava, olhei para a televisão, onde passava o filme. Na hora em que encarei a TV, passou uma cena onde o assassino cortou a garganta de sua vítima, fazendo com que viesse a cena de Noah sendo morto por Josh em minha cabeça. Fechei fortemente os olhos, tentando controlar as lágrimas.

Josh voltou para a sala, segurando um copo de água. Me sentei novamente, bebendo um gole e então deixando o copo sobre a mesinha de centro. Josh me ajudou a deita novamente e disse para eu descansar. Preferi ficar em silêncio e apenas o obedecer. O loiro se sentou em uma poltrona afastada do sofá e passou a tarde concentrado nos filmes temerosos que passavam em sua televisão.

Depois de um bom tempo eu voltei! O que acharam do capítulo?
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