Capítulo 24

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Any Gabrielly

No dia anterior, além de passar o dia pensando no rumo que as coisas estavam tomando, também tive que suportar as malditas cólicas, que ainda hoje continuam a me atazanar.

Deitada na cama em posição fetal, fechei meus olhos, tentando pensar em algo para passar meu tempo, mas as pontadas na região abaixo do abdômen atrapalhavam meus pensamentos.

O tédio tomava conta de meu ser e a fome também. Algum anjo que me observava deve ter feito Josh vir até o porão, pois era coincidência demais ele vir nesse exato momento em que minha barriga avisava estar com fome para trazer comida. Ou, além de sequestrador, Josh podia ler mentes. Ainda mais assustador.

Me sentei na cama rapidamente, assim que vi seus calcanhares tocarem os degraus da escada. Carregando uma bandeja com o almoço, Josh descia os degraus de forma calma, então, ao chegar no último degrau, caminhou até minha cama, onde largou a bandeja.

一 Seu almoço. - Josh pareceu lembrar de algo, então levantou o indicador. 一 Garfo de plástico, pra você não tentar cravar no meu pescoço ou algo do tipo - disse, em um tom brincalhão.

Neguei com a cabeça, soltando um riso fraco.

Puxei a bandeja para mais perto de mim e cruzei as pernas em formato "borboleta" como diziam no jardim de infância.

Dessa vez, a comida não era um sanduíche velho, parece que meu comportamento iria mesmo trazer vantagens para mim. Dei uma garfada na comida e a levei até a boca, mastigando com calma, aproveitando para saborear o alimento.

Josh, permaneceu ali, agora se sentando e então me observando de forma fixa, sem tirar os olhos de mim.
Após engolir o alimento que estava em minha boca, lhe encarei, com uma expressão confusa.

一 O que foi? - Ergui uma sobrancelha.

一 Nada, apenas estou te observando. Gosto de observar as pessoas.

Abaixe a cabeça, dando outra garfada na comida.

一 Deu pra perceber - comentei baixinho.

Alguns minutos se passaram e eu havia terminado minha refeição. Josh pegou novamente a bandeja e se levantou, fazendo menção de ir.

一 Mais tarde volto.

Assenti positivamente com a cabeça, observando Josh ir embora.

Novamente estava à sós, apenas eu e o silêncio, eu até gostava de sua companhia, na verdade, entre o silêncio e Josh com certeza eu preferia o silêncio.

Acho que a escuridão, o silêncio, o frio já faziam parte de mim, pois é com eles que vivo ou apenas sobrevivo.

Voltei a me deitar na cama, xingando mentalmente tudo ao meu redor pelas dores que eu sentia.

As horas se passaram e a noite chegava aos poucos, de forma sorrateira até enfim ter coberto todos nós com seu manto escuro.

Assim que ouvi passos no andar de cima, me sentei novamente na cama. Os passos faziam uma trilha até a porta do porão, em seguida a abrindo e então aos poucos, conforme descia as escadas, seu corpo foi sendo revelado. Josh vestia uma calça jeans, all star branco assim como sua camisa.

一 Vim saber se está bem.

Seu tom era inseguro, como alguém que estivesse puxando assunto com qualquer pessoa pela primeira vez.

一 Na medida do possível, estou.

Ele balançou a cabeça de forma positiva, mordendo seu lábio inferior, deixando revelar um pequeno vestígio de ansiedade.

一 Entendi.

Assentiu de forma positiva com a cabeça, colocando as mãos no bolso. Assim que fez menção de sair novamente, lhe chamei.

一 Josh!

O garoto recuou, voltando a se virar em minha direção.

一 Hum? - Ergueu uma sobrancelha.

一 Eu...

一 Você?

Meu coração acelerou. Eu não sabia o que aquela pergunta era capaz de fazer, mas eu passei horas pensando nisso e era um direito meu saber sobre.

一 Eu quero te perguntar algo. O que fez com o corpo de Noah?

Minhas mãos estavam trêmulas, por isso, fechei meu punho para tentar disfarçar. O choro que insistia em vir, eu segurei.

Josh por segundos continuou em silêncio, passou a mão em seu queixo, respirou fundo e então finalmente resolveu se pronunciar.

一 Vem comigo.

Nem mesmo esperou que eu levantasse, apenas deu as costas para mim e se foi. Rapidamente, me levantei e o segui. Novamente estava no andar de cima, mas dessa vez indo para outra direção, a saída.

Agora, além de minhas mãos trêmulas, todo meu corpo também estava. Meu estômago se revirava e minhas mãos suavam.

Josh destrancou a porta e a abriu de forma tranquila, como se já soubesse cada passo meu e não precisasse se esconder. Antes de sair, pegou uma lanterna em uma mesinha ao lado de uma poltrona. Josh me esperou, e assim que coloquei meus dois pés par fora da casa ele fez o mesmo. A brisa gelada bateu em meu rosto e olhando para cima era possível ver um infinito de estrelas, que não era escondas pelas várias luzes da cidade. Enchi meu peito com todo aquele ar puro e segui Josh, que cada vez se afastava mais da casa e se aproximava da floresta. O loiro ligou a lanterna e iluminou nosso caminho, tomando cuidado com alguns obstáculos.

Já a algum tempo andando, paramos em frente a uma grande árvore e para baixo dela ele apontou, indicando que ali, aos pés daquela árvore, estava o corpo de Noah, enterrado. E foi ali, onde meu corpo se jogou, apoiando todo o peso em meus joelhos, deixando as lágrimas rolarem, lágrimas que apesar do tempo jamais iriam secar, assim como o amor que eu sentia por Noah, que seria eterno.

o que acharam do capítulo? obrigado por ler, amo vocês!

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora