Capítulo 10.

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Any Gabrielly

Sentada em uma cama velha e fedida, abraçada em minhas pernas, esperando que as horas passassem o mais rápido possível, era assim que eu estava. Parecia que a noite nunca tinha fim, meu corpo se estremecia por conta do frio e as lágrimas não faziam intervalo. Um feixe de luz adentrou o porão escuro, trazendo um pouco de ânimo a mim. Mesmo assim, eu estava presa. Será possível que não sentiram minha falta? Ninguém está a minha procura?

A porta com aquele seu típico rangido foi aberta, revelando o corpo de Josh, que desceu as escadas dessa vez de forma mais rápida, vindo em minha direção.

ㅡ Bom dia, querida.

O sorriso carregado de sarcasmo brotou em seu rosto. Ele me causava repulsa cada vez que me encarava desse jeito. Revirei meus olhos.

ㅡ Teremos que ter uma conversa, ainda mais com o acontecimento de ontem. Pensei que fosse uma boa garota.

ㅡ Você é nojento! ㅡ Berrei e ele soltou uma gargalhada.

ㅡ Bom, vim ver se não precisa de nada.

Sua fala estava cheia de ironia, ele sabia do que eu precisava mas sentia prazer em me torturar.

ㅡ Vou sair, qualquer coisa me liga ㅡ pensou um pouco. ㅡ Ah, pois é. Tinha me esquecido que está sem o celular.

Ele tirou meu celular do bolso.

ㅡ Me devolve!

Gritei.

ㅡ Ainda não, querida.

ㅡ Eles sentirão minha falta! Irão me procurar!

Ele achou graça.

ㅡ Eles quem? Seus amiguinhos patéticos? Já me encarreguei de avisar a eles que você teve que fazer uma viagem com urgência para cuidar de sua mãe no Brasil que está muito doente.

Tentei me soltar, puxando meus braços com as correntes, e ele novamente achou graça.

ㅡ Mas sabe de uma coisa? ㅡ continuou. ㅡ Achei meio injusto você não confiar nos seus próprios amigos e não ter contado a eles sobre sua família ter te abandonado em uma clínica psiquiátrica. Mas irei confessar que isso me ajudou a enganar todos eles, então já basta ㅡ deu de ombros.

As lágrimas correram em meu rosto, e ele parecia adorar aquilo, sorria com ânimo.

ㅡ Eu odeio você.

Ele aproximou-se de meu ouvido.

ㅡ Você ainda não sabe, mas temos muito em comum.

Deixou um beijo em minha bochecha, causando novamente repulsa em mim.

ㅡ Até mais, querida.

Se afastou, subindo as escadas e então me trancando novamente ali.

Berrei, o mais alto que podia e libertei as lágrimas que insistiam em sair mas eu não deixava.

O que eu iria fazer? Meus amigos não tem como imaginar que eu estou sendo mantida em cativeiro, eles acham que estou viajando, e isso é tudo culpa minha.

Eu preciso sair daqui, preciso arranjar um jeito de sair desse lugar. Isso era tudo o que eu pensava.

Foi pensando nisso como um mantra que eu passei a pensar em diversas formas de sair dali, várias das formas que pensei tinham zero chance de dar certo, e todas eram arriscadas, mas eu teria que me arriscar se quisesse sair desse lugar.

Eu teria que aguentar mais algumas horas ou talvez mais um dia, mas eu sairia daquele lugar. Também havia a possibilidade de eu morrer, mas passei a pensar de que se ele fosse me matar já teria me matado, por algum motivo ele está me mantendo viva.

O clima continuava frio, não tanto como a noite, mas ainda assim frio. Abracei minhas pernas e procurei me aquecer dessa forma.

Fazem quase dois dias que eu estava trancada ali, para mim pareciam semanas. Era angustiante ficar trancada em um lugar onde nem onde fica. Eu estava torcendo para que meus amigos percebessem algo de errado e descobrissem que é mentira, mas a possibilidade de isso acontecer é nenhuma, o que me deixava ainda mais angustiada.

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