Capítulo 21

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Any Gabrielly

Passei o dia andando para lá e para cá, dançando e até mesmo cantarolando, mas é claro que tive certeza de que ele não estava em casa, esperei primeiro ouvir o barulho do carro saindo.

A alegria e o sentimento de liberdade não durou tanto, só até eu perceber ao que eu estava me sujeitando. Como cheguei a esse nível? Eu estava feliz por não estar presa a uma cama, mesmo que estivesse presa por algemas em um porão trancado. Eu mereço mais, eu mereço ser livre, assim como qualquer pessoa que não tenha cometido um crime. Eu não fiz nada de errado para estar presa assim.

Me sentei no chão, escorada em uma parede, com meus olhos fixos na parede que se encontrava do outro lado do porão, alguns vestígios de branco indicavam que algum dia ela foi toda branca, antes da sujeira e mofo tomarem conta dela. Será que Josh também já foi assim? Será que ele foi alguém do bem? Será que ainda há algum vestígio de pureza e bondade dentro dele? Pode ser que nem tudo seja apenas escuridão dentro dele. Mas e quanto a mim? E se tudo isso estivesse transformando meu interior apenas em mágoa, raiva, tristeza? E se eu fosse como Josh?

Meus pensamentos foram tomados por lembranças horríveis, coisas que eu fazia questão de esquecer, mas pareciam nunca ir embora, pesadelos da vida real. Uma das lembranças foi de Noah, acredito que o pior momento em toda a minha vida, ver meu melhor amigo ser degolado na minha frente.

Noah me encarava, ele estava desapontado comigo por ter escondido isso dele, mas ainda assim com medo do que poderia acontecer.

Josh saiu de trás de Noah e caminhou até o meio da mesa, apoiando suas mãos na mesma.

Vocês estão se perguntando a relação disso que acabei de contar com o sequestro, acertei? Any sabe, só não quer enxergar. Mas eu vou te contar, Noah.

Seu olhar se direcionou ao de Noah.

Eu investiguei tudo o que contei durante muito tempo, e assim que encontrei alguém com problemas e dores parecidas com as minhas pensei que poderia me aproximar dessa pessoa, ter alguém como ela por perto. Você não é o único que se encantou com ela, Noah. Sinto muito, mas com tantas informações não poderei te deixar ir embora, só me resta uma opção.

Observei cada ato seu, meu coração acelerou quando vi ele se colocar novamente atrás de Noah e tirar uma pequena faca de seu bolso e, em questão de segundos, ele rasgou a garganta de Noah. Havia sangue para todo lado, inclusive em mim.

Maldito! Seu maldito!

Gritei o mais alto que pude. As lágrimas tomaram conta de meu rosto. Naquele momento, meu coração havia sido arrancado do peito. Meu amigo estava morto, e eu não consegui evitar.

Tentei me debater ao máximo para, pelo menos, sair dali e tentar fazer algo por Noah, mas era tarde demais.

As lágrimas caíam em grande quantidade, sem parar. Meu peito se movia para cima e para baixo rapidamente e minha respiração falhava algumas vezes. Minha visão estava embaçada por conta das lágrimas. O sentimento de raiva e tristeza me consumiam, eu não aguentava mais aquela enorme dor em mim, o sentimento de culpa o tempo todo me perseguindo.

Ouvi o barulho de rodas esmagando o cascalho, era Josh. A última coisa que eu precisava nesse momento era olhar para a sua cara.

Não demorou muito até seus passos indicarem que estava vindo até o porão. As lágrimas continuavam a correr e a raiva causada pelas lembranças corriam minhas veias.

Assim que Josh adentrou o comôdo, um semblante de surpresa por me ver chorando tomou seu rosto. Sem lhe dar tempo para processar tudo, levantei de onde eu estava sentada e fui rapidamente em sua direção, então segurando ele pela gola de sua blusa, em seguida deixando socos em seu peito, enquanto as lágrimas tomavam conta de mim.

一 Eu te odeio!

Continuei socando o garoto descontroladamente, e para me contar ele segurou meus pulsos e foi me empurrando até a cama, onde me jogou, se colocando por cima de meu corpo, com suas pernas ao redor de minha cintura ele estava praticamente sentado sobre meu corpo. Josh tirou as algemas de mim mas com certa força segurou meu pulso e o prendeu nas correntes novamente.

O sentimento de raiva e o desespero em meu choro apenas me deixava cada vez mais nervosa. Josh, com seus olhos azuis me encarava, ainda confuso com aquela situação, mesmo assim me prendendo provavelmente para não arriscar que eu tentasse fugir ou algo pior novamente.

一 Eu te dei uma chance de ficar mais livre, mas você adora complicar as coisas, querida.

Dessa vez não havia ironia em sua fala, ao contrário, ele suspirou, desapontado.

O garoto saiu de cima de meu corpo, me dando a oportunidade de me debater novamente, enquanto me afogava em minhas próprias lágrimas e berrava o insultando.

一 Você é um monstro! - Gritei.

Assim como das outras vezes, ele me ignorou e simplesmente saiu do comôdo, me trancando ali novamente.

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora