Capítulo 3.

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Any Gabrielly

Se passou uma semana desde que encontrei com Josh, o desconhecido do beco, e ele não voltou nem para buscar a jaqueta que deixou comigo. Não me incomodei pois seria uma peça a mais em meu guarda-roupa.

Como mais um dia normal, sai de casa para acompanhar Sabina ao trabalho, mas antes larguei um saco de lixo na lata de lixo em frente a minha casa.

Enquanto andava pelo caminho que me leva a casa da minha melhor amiga, senti uma sensação estranha, como se tivesse sendo vigiada. Olhei para todos os lados, mas não havia ninguém na rua. Assim como todos os dias, a rua estava completamente vazia.

Você está imaginando coisas, Any. Isso é apenas sono! Pensei.

Dizem que por conta do sono as vezes as pessoas começam a alucinar. Eu dormi tão pouco está noite e por isso devo estar imaginando coisas.

Cheguei em frente a casa de Sabina. A garota estava de braços cruzados, esperando por mim.

ㅡ Pensei que não viria ㅡ brincou.

ㅡ Com o sono que estou pensei seriamente nessa possibilidade ㅡ ri fraco, agora andando lado a lado com a garota.

ㅡ O que aconteceu?

ㅡ Apenas passei a noite maratonando The Order.

ㅡ Me decepcionei com o final.

ㅡ Eu também.

E o assunto morreu.

Eu estava quase andando de olhos fechados. Fui puxada e acolhida por seu braço, que passou por meus ombros, me abraçando de lado. Sorri com seu ato e provavelmente Sabina também sorria.

ㅡ Vou te dar bastante cafeína e já já isso passa.

ㅡ Espero. Estou parecendo uma morta viva.

ㅡ Você sempre está, hoje está apenas menos arrumada ㅡ brincou. Deixei um tapa em suas costas, o que fez a morena rir mais ainda.

Chegamos em seu trabalho. Como de costume entrei com os outros funcionários e então me sentei em uma banqueta, colocando meus braços sobre a bancada e por fim deitando sobre eles.

Meus olhos estavam se fechando, até Sabina colocar uma xícara de café em minha frente.

ㅡ Preto, pra ver se você acorda pra vida.

ㅡ Obrigado ㅡ disse quase em um sussurro e então dei um gole no café.

ㅡ O tal Josh apareceu para buscar a jaqueta?

Neguei com a cabeça. Bebi mais um gole do café.

ㅡ Não. Nunca mais vi o garoto e, talvez ele nunca apareça para buscar.

ㅡ Mas e se a jaqueta tiver algum valor sentimental para ele?

ㅡ Ele virá buscar, caso contrário, a jaqueta será mais uma peça em meu guarda-roupa ㅡ dei de ombros, como se não tivesse importância.

Na verdade, tinha importância. Eu estava cada vez mais curiosa sobre o quase desconhecido (quase pois já sei seu nome), como ele poderia sumir assim do nada?

Terminei meu café. Me despedi de Sabina e voltei para minha casa.

Na metade do caminho, lembrei que teria que passar no supermercado comprar algumas coisas que estavam faltando.

Vida adulta é um saco. Sempre achei que a vida seria fácil como quando eu era apenas uma criança, mas quanto mais eu ia crescendo, mais responsabilidade e problemas apareciam.

Já no supermercado, adentrei, pegando um pequeno carrinho que me acompanhou durante todo o meu trajeto pelo estabelecimento. Na hora de pagar, percebi que o dinheiro que havia sobrado não era muito, um sinal de que eu precisava urgentemente procurar um emprego.

Carreguei as sacolas até minha casa. Ao tocar a maçaneta, percebi que a porta não estava trancada. Meu coração acelerou, minhas mãos começaram a suar e eu podia sentir meu estômago se revirar. Eu estava com muito medo. Será que alguém havia entrado e roubado algo? Ou até pior, será que o ladrão ainda estava dentro da casa? Para ter certeza, eu precisava entrar.

Respirei fundo, com o pé eu empurrei a porta e as minhas compras foram deixadas no lado de dentro da casa, próximo à porta. Caminhei devagar, quase parando. Era possível ouvir meus passos no assoalho de madeira, que fazia um barulho extremamente irritante por ser tão velho. Primeiro chequei a sala e cozinha, não havia ninguém e nem estava faltando nada. Depois, fui até o quarto de hóspedes, meu quarto e banheiro, não havia nem uma alma penada e nada faltando. Fiquei mais tranquila ao pensar na possibilidade de eu apenas ter esquecido de trancar a porta mais cedo. Voltei para primeiro andar, onde peguei minhas compras e levei para a cozinha. Novamente fui até a sala de estar para fechar a porta de entrada, mas dei de cara com a velha irritante, que também é dona da casa onde eu moro e estou com o aluguel atrasado, caminhando pela calçada, vindo em direção a porta.

ㅡ Olá, Any!

ㅡ Eu prometo pagar o aluguel assim que puder, dona Eliza ㅡ disse, com um suspiro cansado. Cansado de estar sempre arrumando desculpas.

ㅡ Mas você já pagou, por isso vim aqui ver se estava bem, não esperava que fosse pagar os dois aluguéis atrasados de uma vez só.

Eu paguei?

ㅡ Mas eu não...

Fui interrompida.

ㅡ Da próxima vez pode me entregar pessoalmente ao invés de deixar apenas um envelope com dinheiro em minha porta, eu não mordo ㅡ sorriu de forma tão debochada. Eu odeio essa velha! ㅡ Agora preciso ir, deixei uma torta salgada no forno!

Saiu rapidamente, só não correu pois poderia cair e se quebrar toda, afinal, seus ossos são extremamente frágeis por conta da idade.

Mas... espera! Eu não paguei o aluguel, não tinha nem como conseguir todo o dinheiro de uma vez só. O pior é que essa mulher dos cabelos brancos, um pouco acima do peso e com sua voz tão enjoada não me deixou nem lhe explicar que eu não havia pago nada. Deixarei para outra hora lhe contar.

Voltei para a cozinha e então comecei a fazer o almoço. Mas enquanto cozinhava continuei pensando nesse envelope de dinheiro que a velha disse estar na sua porta. Quem faria isso? Sabina não, a garota não tem um salário tão generoso a ponto de conseguir pagar o meu aluguel atrasado.

NÃO ESQUEÇAM DE ME SEGUIR PARA SEREM NOTIFICADOS QUANDO EU POSTAR CAPÍTULO NOVO.

Red JacketOnde histórias criam vida. Descubra agora