Por Besarte

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Christopher ainda olhava atordoado para o papel que estava em suas mãos. Casado e com uma mulher que ele nem conhecia, quer dizer, intimamente talvez, mas não sabia nada a mais que seu nome.
- Isso é falso, não venha com essa. O que você quer de mim? Dinheiro? - ele disse com certa raiva na voz.
- Você é um estúpido, eu não preciso de dinheiro de homem nenhum, muito menos de você. - Dulce o repreendeu com um dos olhos se enchendo de lágrimas.
Christopher analisou a cena por uns segundos, por mais louco que pudesse parecer, ele acreditava nela, uma moça tão bonita e com aparência pura como aquela, não poderia estar mentindo.
- Eu sinto muito, Dulce. Não quis ofendê-la, mas de qualquer modo… Por que se casou comigo? Você ao menos me conhece.
- Não posso dizer que por amor, porque como disse, não o conheço o suficiente para amar, talvez tenha sido um impulso, não sei… Estava bêbada e bem, ontem você me parecia algo como certo, amor a primeira vista, essas coisas...
- Não é possível que você ache que isso é certo, temos que cancelar esse casamento ridículo.
- Chris, tem algo que eu gostaria de pedir a você sobre isso… Fizemos uma outra inconsequência além do casamento ontem… Você pode imaginar o que, e por estarmos tão bêbados, não tivemos tempo para nos proteger… O que eu peço é, poderia aguentar uns dias antes de entrar com o pedido de anulação do matrimônio? Só o tempo para que minha menstruação possa descer e confirmar que não estou grávida.

A cada novo minuto que se passava, mais uma loucura tomava conta da manhã de Christopher, ele estava considerando se beliscar para perceber que aquilo apenas era um sonho ruim. Casado e ainda com a chance de ser pai? O que ele teria feito de tão errado, para ser castigado dessa maneira? Mas estranhamente, ao ver Dulce com suas palavras tão mansas e sinceras, não podia deixar de atender ao seu pedido.
- Tudo bem, acredito que posso aguentar isso até que sua menstruação possa descer… mas devo te avisar que não pretendo mudar meu estilo de vida.
Ao dizer isso, ele a deixou em seu quarto e foi em direção ao chuveiro, um bom banho quente ajudaria a tentar organizar os pensamentos.
Dulce respirou fundo ao ouvir as últimas palavras de Christopher e resolveu andar pelo resto dos cômodos da casa.
Não era uma casa grande, mas ainda sim bem decorada e aconchegante. A sala tinha móveis em tons neutros, uma tv enorme, um videogame e ao final dela, janelas que quase cobriam todo espaço da parede.
Dulce resolveu puxar as cortinas da janela para que um pouco de luz pudesse entrar no cômodo e o mais lindo era que, ao fundo da casa, havia uma praia praticamente deserta. Com toda essa loucura, a ruiva não havia percebido o constante barulho de ondas que invadia os cantos da casa. É o paraíso, pensou, mas talvez esteja o dividindo com o diabo.
Nesse momento, sua barriga começou a roncar. E ela se dirigiu até a cozinha para preparar algo.
Christopher saiu do banho com uma toalha branca enrolada em sua cintura e com os cabelos gotejando, encontrou Dulce de costas e nas pontas dos pés, tentando pegar alguma coisa no armário.
Se aproximou dela por trás, e puxou a caixa de cereal que ela tanto custará alcançar. Ao fazer isso, seu braço tocou rapidamente o da ruiva e mesmo nessa velocidade, sentiu um arrepio pelo corpo.
Naquele mesmo instante, Dulce derrubou a tigela que segurava nas mãos, fazendo a partir em vários pedaços no chão.
- Eu sinto muito, Christopher. Você apareceu como um louco que é, e não pude me controlar.
- Tudo bem, Dul. Sinto muito por te assustar, eu só pensei em te ajudar e bom, fazer com que pelo menos seus dias aqui não sejam tão terríveis, quem sabe disso tudo, possa nascer uma amizade?
- Acredito que se você tomar seus remédios certos para controlar toda essa loucura, não vejo como não aproveitar sua amizade.
Christopher assentiu e sorriu, essa mulher tinha um jeito particular de se expressar. Quando se virou para voltar ao quarto, sentiu novamente o arrepio pois Dulce havia tocado em seu braço.
- Chris, eu sei que tudo isso parece loucura e de forma tão precipitada, mas sei que me casei com você porque de alguma maneira, sinto alguma coisa por você. - ao terminar a frase, ela se voltou aos cacos da louça deixava ao chão e tratou de recolher com uma vassoura.
Por mais que Christopher quisesse passar o dia ao lado daquela mulher, conhecer mais, saber se não era nenhum tipo de psicopata, tinha trabalho a fazer, uma importante enóloga da Argentina viria conhecer os vinhos de sua família e se tudo desse certo, fecharia contrato com eles.

O resto do dia se passou com uma lentidão absurda, longas conversas com seu pai, que de alguma forma já sabia do casamento, visitas a todos os processos de fabricação do vinho, desde as plantações até as garrafas. Por mais que todo aquele universo o deixasse fascinado, não via a hora de voltar para casa. Como será que estaria ela? Dulce teria colocado fogo em alguma coisa?
Depois que Christopher foi trabalhar, Dulce tratou de se instalar na casa, por mais que possuísse dois quartos, colocou a maioria de suas coisas junto as dele.
Conectou seu notebook na tomada e passou longas horas pesquisando e redigindo um de seus artigos, até que pegou no sono.
Quando Christopher voltou do trabalho, encontrou uma Dulce María esparramada em um dos sofás, com uma faixa em seu cabelo bagunçado e um notebook prestes a cair no chão, apoiado em suas pernas.
Não conteve o sorriso ao ver a cena, aquela mulher de fato tinha um jeito particular de ser.
Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, retirou com cuidado o aparelho das pernas da ruiva, fazendo o mínimo de barulho para que não a acordasse.
Enquanto Dulce ainda dormia em seu sofá, Christopher tratou de preparar o jantar, frango assado e alguns legumes, acompanhado claro, de um de seus vinhos.
Dulce acordou sabe lá quanto tempo depois, com um cheiro que a fez salivar. Frango.
Quando caminhou em direção a cozinha, se deparou com um Christopher concentrado picando cenouras.
- Não sabia que um homem como você poderia cozinhar, claro que muito mal, mas ainda sim, me surpreendi.
Mesmo de costas para ela, Chris gargalhou.
- Você diz isso porque ainda não provou, María. Mas, tenho um plano, se você comer da minha comida e não gostar, prometo que faço por um dia, o que você quiser. Agora, se gostar, você deve fazer o que eu quiser. - ele se virou para ela ao terminar de falar.
Dulce atravessou a distância que os separava e disse:
- Nunca ganhei uma aposta tão fácil em toda minha vida.
Os dois se sentaram a mesa e aproveitaram o banquete e o vinho, trocando conversas sobre o dia.
- Então, você é enólogo? E como sabe o melhor tipo de vinho para cada ocasião?
- São anos de pesquisa e trabalho, Dulce. Por exemplo, essa safra da qual estamos bebendo, foi uma das melhores desde que meu pai começou o negócio, ela combina muito bem com ocasiões especiais...
- Então, quer dizer que essa ocasião é especial, sr. Uckermann? - Dulce riu ao beber um gole do vinho.
- E porque não seria? Estou ao lado de uma bela mulher, doida, mas ainda assim bela, compartilhando fatos da vida… Mas me diga, no que você trabalha? Se é que você trabalha…
- Sim, eu trabalho. Quando disse que não precisava de dinheiro de homem nenhum, significa que posso prover meu sustento... Sou bióloga marinha. Ultimamente coordeno a parte teórica da coisa, e por às vezes se tratar da parte de pesquisas, acabo trabalhando mais em casa, ou dormindo, como você pode ver hoje. - Dulce deu um sorriso que aos olhos de Christopher, pareceu encantador.
Os dois compartilharam mais sobre seus gostos por comida, seus pais, nesse caso, mais sobre os de Christopher, já que os de Dulce haviam falecido muitos anos atrás.
Quando chegou o momento de terminar de lavar os pratos, atividade que os dois também puderam compartilhar. Christopher a questionou sobre o veredicto sobre o jantar. Pegou duas taças e terminou de servir o vinho, em seguida puxou Dulce para se sentar ao seu lado no chão da cozinha.
- E então, gatinha, qual foi minha nota?
- Na cama já tive melhores, mas na cozinha… Até que dá para sobreviver com o que você cozinha, Ucker. - Dulce disse sorrindo exageradamente.
Talvez fosse o álcool, mas a forma como ela disse Ucker, fez com que ele tivesse uma vontade enorme de tomar ela nos braços e a beijar. Mas, ele sabia que isso não seria certo, nada daquilo era, mas envolver esse tipo de sentimentos, tornaria tudo pior.
- Você é muito engraçada... Mas isso significa que eu ganhei, certo? - ele disse brindando com a última taça de vinho.
- O que você quer de mim, Christopher? - Dulce indagou olhando no fundo daqueles olhos.
- Um banho! - ele disse e como um louco puxou Dulce para seus braços, correndo porta a fora em direção a areia da praia.
- Você está louco??? Me coloca no chão! Agora! Christopher Von Uckermann, estou falando sério! - a morena esperneava em seus braços, mesmo gostando.
Christopher só parou quando seus corpos atingiram o começo da água do mar, que por sinal, estava completamente gelada.
Dulce ainda estava em seus braços, mas agora como um gatinho molhado pela água, sorrindo feito criança.
- Dul, estou gostando da sua companhia, espero que possa ficar mais dias aqui.
Christopher confessou e com um gesto totalmente impensado, colou seus lábios no de Dulce, iniciando um beijo calmo e salgado.


E ai, o que estão achando do casalzinho se conhecendo melhor?
Por favor, se possível curtam ou comentem me ajudaria muito. Até a próxima, beijos.

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