Vinho

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Dulce se perdeu um pouco naquelas palavras de Christopher. Por um segundo, seus olhos capturaram a boca dele, parte dela sentiu um ímpeto de unir os seus lábios nos dele, mas respirou fundo.
Aquilo não poderia ficar complicado demais.

- Agora vamos para casa, certo? Não quero causar uma má impressão se atrasando para o jantar na casa de Poncho e Anahí. - Dulce disse pegando a mão de Christopher.

Depois de se arrumarem, o caminho até a casa dos amigos de Christopher se tornou um pouco longo, ao menos para Dulce que estava quieta, perdida em seus pensamentos. Ela sabia que estava com medo.

- O que foi, Dulce? - Christopher disse deslizando a mão sobre o volante para estacionar.

- Não foi nada, Chris.

- Não é o que parece, você fala até pelos cotovelos o tempo todo.

- Isso é um exagero. - Ela disse rolando os olhos.

- Vai, María. Desembucha.

- Sabe que eu não gosto quando me chama assim... Mas, bem, eu estou com medo, Ucker.

- Medo do que?

Dulce ponderou em sua mente, dizer a verdade ou não? Porém, acabou optando por dizer.

- Bem, Poncho conheci no dia do nosso casamento... Mas e Anahí? Será que ela vai gostar de mim? Soube que vocês dois já namoraram...

- Poncho tem uma língua grande, viu. Anahí foi minha única namorada, tipo sério mesmo, o resto era coisa de noite, até você.

- Agora fico mais aliviada - Ela respondeu irônica.

- Any e eu, somos bons amigos, Dulce. Eu não cheguei a machucar ela diretamente, mas sei que não fui o melhor namorado que ela poderia ter... Mas, superamos isso, hoje ela é como uma irmã para mim... Tenho certeza que ela irá te amar, afinal, você foi a única que conseguiu me amarrar em um casamento, mesmo que estranho.

Dulce assentiu com a cabeça, não era bem aquilo que ela estava com medo, mas em certa parte, Anahí tinha um certo ar intimidador, era incrivelmente linda e a única pessoa que Christopher apresentou aos pais, ela com certeza era especial.

Christopher desligou o carro e abriu a porta para Dulce.

Anahí os recebeu na porta, com um sorriso no rosto.

- Oi, Chris. - Anahí cumprimentou Christipher com um beijo no rosto e depois a Dulce. - e você, deve ser Dulce, a famosa senhora Uckermann.

- É um prazer, Anahí.

- O prazer é todo meu, aposto que você deve ser incrível, para conseguir agarrar de jeito o bonitão aqui e mais ainda, por aguentar ele.

DULCE MARÍA

Concordei com uma risada. Realmente, aguentar Christopher não é para qualquer uma.

Entramos a enorme casa de Anahí, quando digo enorme, é por que é mesmo, uma grande mansão da Barbie.

Alfonso apareceu com um garrafa na mão, que ao longe não pude ver do que era. Provavelmente por ter descoberto semana passada que iria usar óculos.

- Dul, Chris, como estão? - Alfonso nos cumprimentou ao longe. - estou acabando de tirar o assado do forno.

- E aí, cara. Você tá na cozinha hoje? Pobre de nós. - Christopher disse rindo e dando uns tapinhas no ombro de Alfonso.

Os dois seguiram até a cozinha, deixando Anahí e eu sozinhas na sala.
E agora que começa os cri cri cri?

- Senta aqui, Dulce. - Anahí me puxou pela mão até o sofá.

- Sua casa é muito linda, Anahí. - disse tentando puxar assunto.

- Meio grande demais, não acha? Mas também acho... Poncho deve ter comentado que Chris e eu namoramos, não é?

- Na verdade, comentou sim.

- Meu marido é um língua solta, mas tudo bem, foi há muitos anos atrás, era muito nova. Chris foi meu primeiro amor, e meu primeiro sexo, tenho um carinho enorme por ele, mas com a maturidade percebi que nunca daríamos certo, somos muito parecidos, vivíamos nos enfrentando com os mesmos assuntos, batendo na mesma tecla. Eu sabia desde o início que ele era como é, achei que ele mudaria com o tempo... Não era para ser... Só um minuto, Dul... Posso te chamar assim?

- É claro, Anahí.

- Pode me chamar de Any. Vou pegar um negócio para gente beber. Já volto.

Anahí se levantou, dirigindo -se ao outro lado da sala onde estava um bar, tirou de lá uma garrafa com líquido verde.

- Já tomou absinto, Dul?

- Nunca, tenho medo de ser muito forte... Sou um pouco fraca para bebida.

- É uma delícia. - disse Anahí voltando com um copo de dose cheio de absinto.

- Vou pelo menos experimentar - disse e virei o shot em minha mão.

Para minha surpresa, o gosto era mentolado, e não descia queimando pela garganta igual outros destilados que havia provado. Era como uma bala de hortelã?

- E aí, Dulce? Gostou?

- É uma delícia, Any. Me serve com mais um, por favor?

Alguns shots foram dispostos e os viramos rapidamente. O gosto daquilo era totalmente viciante.

Alfonso e Christopher voltaram a sala rindo de alguma coisa que provavelmente não tinha importância.
Os olhos de Christopher encontraram os meus por um breve segundo e senti um arrepio em minhas pernas.

- As moças estão bem? - ele disse que com um certo tom rouco na voz.
Pelo visto não era só eu que tinha bebido umas.

Nos dirigimos a cozinha para jantar. O cheiro está divino, podia apostar que tinha dedo do Christopher nisso pois ali na mesa estava, uma deliciosa bracciola que só fui saber que tinha esse nome, olhando os livros de culinária do Christopher, mas no português claro, era nada mais do que você a rolê gourmetizado.

Dulce puxou a cadeira para que eu me sentasse a mesa e logo após, sentou ao meu lado.

- Você que é o enólogo da família, Chris. Que vinho combina com esse prato? Cozinhar eu até entendo, mas harmonização de vinhos, não tenho esse paladar. - Alfonso questionou.

- Para não acentuar as notas picantes do prato, o certo seria um vinho doce, ou melhor, frutado - respondi logo em seguida.

Os olhos de Christopher brilharam ao encontro dos meus, e um sorriso enorme se desenrolou de seus lábios.

- Não poderia concordar mais, mi Dul.

O resto do jantar foi agradável, mas confesso que Christopher e eu estávamos em uma bolha própria, saboreando como um bom vinho a presença um do outro.
Era um pouco tarde quando voltamos a nossa casa, mas precisava muito conversar com ele. Precisava muito dele.

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