Vinícola

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DULCE MARÍA

Precisei de um tempo até assimilar as coisas que aconteceram ontem e principalmente essa conversa da manhã.
Estava animada, e toda vez que ficava assim em relação a minha vida amorosa, me dava certo medo. Nesses casos, tentava assumir o mantra de: viva um dia de cada vez.

Tomei um banho rápido, e fui a procura de algo para vestir. Queria estar linda.
Passei a mão pelos meus cabelos e comecei a sentir saudades da sua cor natural, mas infelizmente não poderia mudar assim tão rápido nem para o encontro de hoje e muito menos para a vinícola.

Respirei profundamente e voltei para o tópico de, o que vestir. Algo simples? Blusa e jeans? Vestido?
Achei um vestido branco, com algumas flores pequenas e coloridas.
O vesti e calcei uma bota de cano curto.
Olhou novamente para o espelho e me senti incomodada com a cor dos meus cabelos. Era bonito, sim. Mas, sentia que pertencia mais a um passado e eu gostaria de mudar.
Graças às tranças, meu cabelo estava com ondas. Só prendi minha franja, passei uma maquiagem leve e me conferi no espelho mais uma vez.
Deus do céu, eu estava muito ansiosa. E nem era um encontro.

Quando passei minha bolsa pelo braço, escutei uma buzinada do lado de fora de casa.
Ele chegou.

Desci as escadas correndo para abrir a porta.
— Dulce, você está maravilhosa!
— Obrigada, meu bem.

Christopher pegou minha mão e me guiou até seu carro, abrindo a porta para que eu pudesse entrar.

— Hoje você vai conhecer um pouco do meu trabalho. Espero que se sinta a vontade, igual me senti no seu, mesmo que não fosse minha praia.
— Acabei de perceber, não faço ideia de onde fica seu trabalho. É longe?
— Um pouco, uns 20 minutos.

O caminho para a Vinícola era lindo, era o encontro do final da vida urbana, com o campo.
Tinha tanta árvores, flores e o vento que batia pela janela do carro deixava o ambiente mais completo.
Christopher colocou uma das mãos em minha coxa durante o caminho e só tirava quando ia trocar as marchas do carro.
Arrepiava cada vez que ele fazia isso.

Comecei a ouvir uma música tocar no rádio do carro e eu não sabia se estava ficando louca, mas parecia muito ser a voz de Christopher cantando.

— É você?
— O que?
— Que está cantando. Na música.
— Ahhh isso... Sim, tinha um ep com gravações, época de menino novo.
— Não sabia que cantava.
— Só quando estou muito triste ou muito feliz.
— Gostaria de ouvir ao vivo qualquer dia desses, mas espero que seja em um feliz.

Christopher riu e abaixou o volume do carro, quase a mudo.

"Te quiero hoy
Quiero abrirle al corazón una ventana
Esto es amor
Y es tan grande que no cabe en mis palabras
Quiero amarte hoy, quiero amarte hoy
Por si no hay mañana."

(Te quero hoje
Quero abrir uma janela ao coração
Isso é amor
E é tão grande que não cabe em minhas palavras
Quero te amar hoje, quero te amar hoje
Caso não haja um amanhã)

Todo CambióOnde histórias criam vida. Descubra agora