Dulce trancou a porta atrás de si, deixando um Christopher bêbado e molhado resmungando vários palavrões ao lado de fora da casa. Voltou -se para cama e se aninhou entre as cobertas tentando dormir.
Com o passar da noite, sentiu um ar gelado vindo da janela e seu sono que já estava leve, desapareceu completamente ao pensar que provavelmente Christopher estava morrendo de frio lá fora e molhado. Nessa hora percebeu o quanto foi irresponsável ao deixá-lo trancado a fora.
Saiu puxando as cobertas e carregando uma consigo até a porta da sala. Ao chegar lá, destrancou a porta e observou Christopher dormindo encolhido no chão. Seu coração se apertou com a cena.
- Christopher! - Ela cutucou o braço dele, mas não obteve resposta.
Se ajoelhou ao lado dele e voltou a chacoalhar o homem no chão.
- Chris, por favor, acorde. Acorde. Eu não vou conseguir te carregar até lá dentro, por favor! Me desculpa, por favor, mas me responde.
Ao tocar o rosto de Christopher, sentiu seus olhos se abrirem um pouco e de sua boca saiu um resmungo que parecia algo como seu nome.
Christopher tentou se recompor aos poucos e deixou ser guiado para dentro por Dulce.
- Me desculpe, tá? Eu passei um pouco dos limites, por mais que você tenha merecido ao trazer aquelazinha para cá… Mas, por favor me perdoe. Você está com frio?. - Dulce o olhou com certa compaixão nos olhos.
Não estava tão bêbado para não poder se aproveitar da situação. Começou a bater os dentes como se estivesse tremendo de frio.
- Eu… estou… bem… Dulce… Não... Se... preocupe.… acho que só preciso de…um…banho… mas não sei... como vou conseguirrr. - Christopher tentou ao máximo resgatar as aulas de teatro que havia feito na infância.
- O mínimo que eu posso fazer é te ajudar, para que não pegue uma gripe. Mas não abuse, ok?
Christopher sorriu disfarçadamente enquanto Dulce o carregava para a suíte de seu quarto.
Não era a situação que imaginava tirar as roupas de Christopher, mas assim o fez, com toda seriedade do mundo, tentando sempre ficar em seus olhos e não em seu corpo, até o colocar embaixo do chuveiro com água quente.
Deixou Christopher la quando notou que ele poderia ao menos ficar em pé no banho e saiu procurando o quarto através de alguma roupa limpa para ele. Encontrou o primeiro moletom que viu e deixou no banheiro.
Christopher parecia bem melhor aos seus olhos, pois conseguiu se vestir com pouca ajuda e estava se direcionando a cama.
Depois de os cobrir, desligou a luz do abajur e fechou os olhos para dormir. Nesse mesmo instante, sentiu os braços pesados de Christopher a abraçando e antes que pudesse empurrar ou discutir, ouviu seu ronco profundo.Os dias assim seguiram na casa de Christopher, os dois se conhecendo como amigos, partilhando de interesses, jogando videogame, cozinhando juntos, até dormindo na mesma cama, mas nenhum contato íntimo existia entre os dois. Christopher nunca mais repetiu o incidente de trazer outra garota para casa e nem sentia falta, já que a única que a companhia o interessava estava ali, bem ao lado dele.
Entre uma das partidas de videogame na noite de domingo, Christopher propôs:
- Se eu ganhar, você terá que passar um dia comigo no meu trabalho, acompanhando minha rotina e provando nossos vinhos.
- Você não vai ganhar… Agora, quando EU ganhar, você terá que passar um dia comigo no posto de trabalho. Me ajudar a alimentar os animais, acompanhar as rotinas dos pacientes… Enfim, um tour biológico completo. - Dulce com toda convicção em si mesma.
O jogo escolhido foi FIFA, Christopher sabia que era impossível perder já que estava jogando seu jogo favorito. Escolheu o time do Milan, enquanto Dulce do Borussia Dortman. Tudo estava tranquilo, mesmo quando ela fez um gol, sorte de principiante segundo Christopher.
O problema é que no segundo tempo, ele ainda não havia marcado, enquanto Dulce converteu mais dois gols, totalizando uma vitoria sobre ele, de 3x0.
- Ai ai, meu amor. Pronto para ser biólogo por um dia?
- Como você fez isso? Eu nunca perco. - Christopher perguntou incrédulo.
- Há tantas coisas sobre mim que você não sabe, meu bem… devo incluir no pacote, a comida é por sua conta… E sabe que eu estou morrendo por um bom prato de comida italiana. - Dulce piscou para Christopher e esboçou seu melhor sorriso.
Parte de Christopher estava contente por ter perdido para Dulce, isso tornava ela ainda mais admirável e poder conhecer o trabalho dela, mesmo que parecesse muito entediante, ainda assim daria a chance de conhecer mais sobre ela.
Depois de jantarem a comida italiana que Christopher pediu, caminharam sobre a areia da praia até o sono chegar.Ao chegar a quinta-feira, Christopher visitou o trabalho de Dulce. Passariam o dia ali, e a noite deveriam jantar na casa de Poncho e Anahí.
- Ainda bem que você chegou, vou alimentar os golfinhos agora e preciso de ajuda. - Dulce disse abraçando Christopher quando ele chegou.
- Só vou ver de longe, não me peça para tocar em nenhum desses animais perigosos.
- Deixa de ser bobo, Christopher e me acompanhe, ok?. - Dulce guiou Christopher passando por cada aquário que possuía, mostrando os animais resgatados, os tanques daqueles que foram maltratados e comercializados, agora passariam por um período de recuperação na tentativa de voltar a vida aquática normalmente. Quando chegou nos golfinhos, os alimentou e acariciou um deles. Christopher se manteve a distância o tempo todo. Observando com admiração, mas não ao ponto de ficar exposto aos animais, nunca se sabe o que eles poderiam fazer em um momento de deslize.
Depois do trabalho, Dulce e Christopher camiranham na orla da praia.
- Por que decidiu ser bióloga marinha? - ele a questionou.
- No começo, porque era o sonho da minha mãe... mas depois, estar em contato com esses animais, essa natureza linda que Deus nos deu... Eu me sinto privilegiada, de certa maneira, minha mãe viu além do presente naquela época... - Christopher não pode deixar de notar o brilho nos olhos dela ao falar da mãe.
- No seu caso, deu certo, não? Mas não posso dizer que tenho tanta sorte… quer dizer, eu gosto de beber novos vinhos, vender, criar, mas daí a comandar uma empresa como meu pai quer? Não é para mim. Ele ainda tenta moldar uma vida, pela qual eu não posso fazer parte… Não quero que se sinta ofendida, mas, eu nem mesmo queria casamento, filhos, essas coisas sérias. Minha vida estava muito boa, de verdade, mas ele nunca viu isso, sempre dizia que estava velho demais para levar a vida desse jeito, que iria me arrepender... E nisso minha mãe o acompanha, dona Alexandra também acha que sou velho demais para ser mulherengo, mas segundo suas crenças e a leitura da carta, isso iria mudar… Acredita que ela me ligou semana passada e disse que uma mulher apareceria na minha vida e mudaria ela completamente?
- E você não acredita nisso, Chris? Não acha que ela pode estar certa?
- Não sei, Dulce. Eu sempre gostei de pensar que não dá para ter uma só mulher, sempre tem que ter mais uma para ser completa, é como se o que faltasse em uma, a outra poderia completar.
- Você é um completo idiota, Christopher. E eu estou casada com esse idiota… Espero que depois do ocorrido naquele dia, segure suas pontas e se contente só comigo, pelo menos até o nosso casamento durar. - Dulce disse e deferiu um golpe no meu braço.
Christopher diminui o passo, parou na frente dela e segurou uma de suas maos, olhando em seus olhos.
- Sim, senhorita Savinon... Prometo ser fiel a ti, até o último dia de nós. Não haverá mulher além de ti.
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Todo Cambió
RomanceChristopher estava no auge dos seus 29 anos e nada na vida o importava além de suas noitadas e a deliciosa arte de beber vinho. Seu pai era dono de uma das mais importantes vinícolas do México e temia que com a vida que Christopher levava, não seri...