DULCE MARÍA
A cirurgia de Christopher havia sido um sucesso, mas ele ainda estava em observação na UTI.
Não tínhamos muito o que fazer no hospital, então o médico pediu para que alguns de nós fôssemos embora. Anahí e nossos amigos voltaram para casa depois da cirurgia. Me mantive no hospital como a acompanhante, até Alexandra teve alta, mas insisti para que ela voltasse amanhã, já descansada.
No auge da madrugada, fui ao refeitório pegar um café na máquina.
Quem diria que me encontraria nessa situação. Tinha tudo para ser um grande dia e aqui estava, no hospital. Odiava estar nessas paredes brancas, esse cheiro de limpeza, mas do tipo hospital que não era tão agradável assim.
Pousei a mão em meu ventre. Com toda essa confusão, esqueci completamente que não estava sozinha.— Meu bebê, a mamãe está bem, tudo vai ficar bem. Papai também vai ficar bem. Vamos ser uma linda família, nós três. E talvez, um cachorro, o que acha, meu anjo?- falei baixinho, para que só meu bebê escutasse.
— Está grávida? - me surpreendi com uma voz feminina.
— Oi? - me virei e pude ver, o que parecia ser uma médica.
— Não quero me intrometer ou te assustar. Sou ginecologista e obstetra.
— Ahh, imagina. Estou grávida sim, e a propósito, me chamo Dulce María.
— Prazer, Dulce. Sou a doutora Tânia. Me permite sentar? - ela indicou o espaço ao meu lado.
— Claro. Senta aqui.
Tânia se sentou ao meu lado.
— Você está de quanto tempo?
— Para falar a verdade, não sei. Eu descobri ontem, ia contar para o meu namorado e bom, parei aqui.
— Aconteceu alguma coisa com você?
— Não, estou bem. É meu namorado. Ele sofreu um acidente de carro. Está na UTI.
— Sinto muito, Dulce. Mas, sei que vai ficar tudo bem.
— Eu também estou confiante nisso.
— Você não tem uma obstetra ainda, não é? Estou com um tempo sobrando agora, não quer fazer uma consulta só pra ver como está o seu bebê?
— Eu adoraria, isso é possível?
— Se manter em segredo, sim.
— Eu prometo.
— Vamos até minha sala?Acompanhei a doutora Tânia, até a sua sala. No caminho, passei pelo corredor do berçário, não pude deixar de sorrir ao ver bebezinhos. Que Deus me ajude e eu possa viver esse momento, com tranquilidade e com Christopher junto.
— Vou te dar uma roupa pra vestir e depois, pode deitar nessa maca, tá bom?
Fiz o que a doutora pediu.
— Vou passar um gel na sua barriga, vai ser gelado, mas vai ser rápido, tudo bem?
Assenti para a doutora. Mesmo que a situação toda fosse muito triste e ainda não soubesse se meu namorado iria ficar bem, me permiti sorrir ao imaginar o meu filho.Tânia passou o gel em minha barriga e foi passando o aparelho por ele.
— Vejamos, mamãe... Olha aqui, esse aqui é seu nenê. - Tânia disse apontando para a tela.
Comecei a chorar de emoção, meu nenê era real. Estava ali, bem na minha frente e dentro de mim.
— Está tudo bem com ele, doutora?
— Tudo dentro da normalidade, Dulce. Os batimentos estão como devem estar. Fortes. Você está de dois meses... Tudo tende a correr muito bem em sua gestação, vou te passar só umas vitaminas... Mas, devido a situação de stress e preocupação que você está passando, quero ficar de olho em você. Qualquer coisa, não hesite em ir ao hospital. Quer dizer, ao procurar ajuda.
— Tudo bem, doutora. Eu agradeço muito por ter feito isso para mim.
— É o mínimo que posso fazer. Eu adoro o meu trabalho.
Me troquei e peguei as receitas que Tânia me passou.
Voltei ao meu lugar de espera por Christopher e continuei a rezar com meu rosário na mão.
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Todo Cambió
RomanceChristopher estava no auge dos seus 29 anos e nada na vida o importava além de suas noitadas e a deliciosa arte de beber vinho. Seu pai era dono de uma das mais importantes vinícolas do México e temia que com a vida que Christopher levava, não seri...