DULCE MARÍA
Já se passará dois meses, desde que tudo aconteceu, e Christopher ainda não acordou. Fisicamente, ele estava engessado, mas seus sinais eram estáveis. O problema maior é que não importava os estímulos, ainda se mantinha dormindo desde o dia do acidente.
Esses últimos meses foram muito esgotantes para mim. Pedi um afastamento do serviço e temo que Paul só não me demitiu, pela minha condição. Mas não conseguia imaginar a vida sem estar perto de Christopher, mesmo que ele nem tenha consciência de que estou aqui.
Anahí tentou a todo custo, me arrancar um pouco desse hospital, por mais que eu me preocupasse com a saúde do meu filho, não conseguia me alimentar ou fazer as coisas necessárias para se ter uma boa gravidez, de forma eficiente. A verdade é que, estava em uma espécie de coma para as coisas do mundo a fora. Quando não estava aqui, só conseguia pensar e me sentir ansiosa, na esperança que Christopher abri-se os olhos e mesmo assim, isso nunca aconteceu.
Doutora Tânia continuou a me atender e estava muito feliz com isso, porque podia ver meu bebê no mesmo hospital que Christopher estava, então era como se nós três estivéssemos juntos ali. Me apegava nisso, que de alguma maneira, ele estava presente quando ouvi o coração de nosso filho a primeira vez, ou até mesmo quando descobri o sexo.
Não contei a ninguém da família o sexo do nosso bebê, queria que Christopher fosse o primeiro a saber e tinha muita fé, que ele acordaria a tempo para isso.
Minha barriga já estava com um tamanho considerável e confesso que já estava muito difícil dormir, principalmente quando o fazia no hospital.Depois de meses sem chuva, ela resolveu dar as caras essa madrugada. E o lindo foi que, assim que cheguei ao quarto de Christopher para visitá -lo nessa manhã, pude ver pela janela um arco íris no céu. E isso me deixou esperançosa por um novo começo.
Me aproximei de Christopher que estava dormindo serenamente. Já me acostumei por ver seu cabelo comprido em cachos, sua barba e aqueles vários fios conectados em seu corpo. Mesmo assim, ele ainda continuava lindo.
Como de costume, fiz uma oração antes de falar com ele.- Oi, meu amor. É a Dulce, de novo... Sabia que hoje choveu depois de meses? Estávamos precisando muito de chuva, não acha? Não tive tempo de ver a vinícola, mas seu pai com certeza deve estar feliz com essa água mandada pelo céu... Sabia que Anahí conseguiu engravidar? Poncho está todo babão, os dois estão mais grudados ainda, amor e o pior é que Anahí está deixando ele doido, é cada desejo que ela teve. Acredita que o fez acordar de madrugada para comprar uma pizza de sorvete? Não tive muitos desejos até agora, mas também não consigo pensar em muita coisa estando nessa situação. Você é minha vida, Chris... Só que estou feliz, meu bem... Não sei, estou cansada de chorar, e sinto que minha fé não vai ser em vão, você vai voltar para mim... Para nós... - segurei a mão de Christopher sob a minha barriga.- Queria esperar mais, porém não consigo me segurar... Descobri o sexo do nosso bebê na última ultrassom... Vamos ter uma linda menina, Christopher. Queria tanto que você acordasse e pudesse me ajudar com nomes... Você faz muita falta, meu amor. Eu te amo tanto. Nós te amamos.
Ao dizer essa última frase, pressionei a mão de Christopher sob meu ventre.
Senti algo nunca provado antes, era a primeira vez que minha filha chutava minha barriga. E foi exatamente no lugar onde a mão de Christopher estava pressionada.
Senti meus olhos se encher de lágrimas e chorei feito uma criança.
- Você gosta do toque do papai, né? Eu também, meu amor. Não sabe o quanto eu gostaria de sentir seu pai de novo. Ouvir sua voz. Comer um daqueles pratos maravilhosos que só ele sabe fazer. Passear na areia da praia de mãos dadas. Aí, filha. Peça ao papai do céu, por nós, você é um anjinho, deve ter muita moral para isso... Agora, mamãe vai ter que deixar o papai descansar mais, já acabou meu horário de visitas e se enrolar de novo, sua vovó come meu fígado... Tchau, Christopher. Eu te amo muito. - beijei sua testa e me virei para a porta de saída.
Quando minhas mãos tocaram o gelado da maçaneta, algo totalmente inesperado aconteceu.
Parecia um sonho, mas pude ouvir quando Christopher disse:
- Eu acho que Luna seria um ótimo nome e você?Me virei e vi quando seus olhos abertos se encontraram aos meus. Meu sonho se tornará realidade.
Só consegui gritar:
- Enfermeiras, ele acordou!!!
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Todo Cambió
RomanceChristopher estava no auge dos seus 29 anos e nada na vida o importava além de suas noitadas e a deliciosa arte de beber vinho. Seu pai era dono de uma das mais importantes vinícolas do México e temia que com a vida que Christopher levava, não seri...