POSITIVO

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DULCE MARÍA

Quando retornei ao quarto de Christopher, ele estava com a cabeça abaixada e as mãos entre ela.

Sentei-me no chão, encostada na porta e comecei a chorar. Eu não podia ser mãe, eu não conseguiria.

Christopher se sentou a minha frente e pegou minha mão.

— Dulce, meu bem. Você não está sozinha. Eu estou com você.

— Chris, nove deles deram positivo... Eu acho que estou grávida mesmo, e não sei o que fazer.

— Calma, meu amor. Olhe para mim. – Ele segurou meu rosto em suas mãos. - Eu te amo, vai ficar tudo bem, estamos juntos nisso, e sempre estaremos.

— Ainda não posso me desesperar, preciso fazer o teste de laboratório.

— Então, amanhã cedo você faz se quiser te levo lá.

— Não precisa Chris. Vou antes do trabalho. Nem sei o que estou fazendo, não é certo ainda e já estou aqui chorando.

— Então vamos dormir. Amanhã é outro dia. Vamos viver o agora e nesse momento, quero dormir ao seu lado.

— Eu também.

— Então, vem cá.

Christopher e puxou até a cama, e ali deitei com a roupa que estava mesmo. Não demorou muito para que eu adormecesse no calor de seu abraço.

Ucker saía mais cedo que eu para trabalhar, então quando acordei, só encontrei a cama vazia e um café preparado.

É claro que a primeira coisa que pensei ao acordar, foi a ideia que poderia estar grávida e isso já estava me deixando mais ansiosa que o normal. No fundo, sempre pensei que quando as mulheres engravidavam, elas conseguiam sentir a vida crescendo dentro de si, mesmo que no começo. E eu não sentia nada, não tinha nenhum instinto repousando sobre mim. Era isso, eu não estava grávida, provavelmente era algum problema hormonal que deve ter acusado pela minha urina nos testes.

Mesmo que não acreditasse na minha gravidez, passei no laboratório para colher o beta hcg, só para tirar essa ideia louca da cabeça de todos.

O processo de tirar sangue para a coleta foi rápido e logo estava no caminho para meu serviço. A técnica que colheu me disse que no final da tarde já teria meu resultado em mãos.

Confesso que o trabalho hoje estava maçante e não via a hora de poder ir à praia para observar as tartarugas saindo de seus ovos.

Fiquei olhando aqueles ovos na areia por horas e percebi que estava ficando irritada, geralmente isso acontece porque meus níveis de ansiedade estão elevados.

Sentada na areia, tirei o maço de cigarros do meu bolso. Puxei um da embalagem e o acendi.

Dei algumas tragadas e me senti acalmar rapidamente. Olhei com mais tranquilidade o mar a minha frente e, depois, me concentrei ao meu trabalho. Olhei para aqueles ovos e pude ouvir um deles se partindo. O milagre da vida pensei. E nesse momento, era como se o cigarro em minha boca tivesse o pior gosto possível. E se eu estivesse com esse milagre em meu ventre? Meu Deus, estou fumando.

Apaguei o cigarro antes mesmo de chegar à metade e o joguei na lixeira mais próxima. Mesmo que achasse pequena a chance, não poderia ser irresponsável e fumar, não até que eu tivesse em mãos, o resultado que comprovaria o meu estado.

Documentei as espécies novas que nasceram na praia, e minha cabeça parecia que ia explodir e para melhorar o quadro, meu chefe disse que queria falar comigo em caráter de urgência. Senti meu estomago revirar com esse anúncio e você sabe o que, nem passava uma agulha.

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