Jantar

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DULCE MARÍA

Acho que estava ficando louca, porque na minha cabeça, era mais plausível sair com o ex que fodeu minha cabeça, do que ficar em casa pensando em alguém que nem ex chegou a ser.

Pablo chegou pontualmente às 20h30 em casa. O filha da puta tinha um mustang branco. E estava lindo.

Abri minha porta e ele saiu todo gracioso do carro, para segurar minha mão.

— A noite está tão linda, quanto você, Dulce. Adorei seu cabelo vermelho.

— Pintei quando você me abandonou. - disse irônica.
— Acho que mereço isso.
— É, meu rei. Achou que só porque aceitei, esqueci de tudo?
— Não, Dulce. Na verdade, quero te mostrar um novo Pablo.
— Veremos... Belo carro, Pablito.

Segui até o restaurante com Pablo dirigindo. O caminho foi silencioso e por mais que existisse um milhão de restaurantes, temi que ele escolhesse o mesmo da noite que nos reencontramos. A noite que conheci oficialmente os pais de Christopher.

Por sorte, ele escolheu um de comida francesa.

— Espero que você goste de comida francesa, os melhores restaurantes estão em Paris.

— Imagino.

Quando nos sentamos, o garçom trouxe o couvert e nos perguntou se queríamos algo para beber.
— Você se importa se eu pedir?
— Claro que não, Dul.
— Quero um Dom Manuel, safra 2002.
— Perfeitamente, senhora.

— Então, Dulce. Achei que você não aceitaria meu convite.
— Pensei em não aceitar, mas você foi legal no dia em que nos reencontramos, não vi motivo para dizer não.
— Que bom. Fico muito feliz com isso. Eu entendo que te fiz sofrer muito.
— Fez sim, mas são águas passadas. Cinco anos já, Pablo. Está tudo bem, eu já te perdoei há muito tempo.
— Você realmente é muito boa, Dulce.
— Eu sei.
Pablo riu e nesse momento sua mão tocou a minha em cima da mesa. Por instinto, puxei rapidamente.
— Não esperei que você ainda estivesse no México. Achei que estaria em algum lugar, sei lá, como Nova Zelândia.
— Não. Na verdade, era meu sonho ir, mas acho que meu lugar é aqui mesmo. Estou satisfeita com meu trabalho.
— Você está trabalhando com tartarugas ainda?
— Positivo. E você, ainda trabalha com a emoção das pessoas?... Na novela, digo.
— Sim, aquela novela que fiz cinco anos atrás, me rendeu mais fama que dinheiro. Já tenho minha casa no exterior, conheci novos lugares, gravei várias cenas e agora me encontro em um desafio.
— Qual?
— Na carreira, é conseguir interpretar um papel de irmãos gêmeos, personalidades opostas. O famoso bem e o mal. Na pessoal, o desafio é arrumar as cagadas que fiz.
— Espero que tenha sorte em ambos.
— Obrigado. E você, como foi o lance do casamento?
— Era um rolo de Maite, uma brincadeira boba. Nada foi real.

Graças aos céus, o garçom chegou com nosso vinho.

Tomei uma grande golada e respirei fundo.

— Eu sei que está cedo ainda para isso, mas já que tenho seu perdão, gostaria de saber se no fundo do seu coração, se tenho alguma chance com você ainda.
— Pablo, não daríamos certo. Você vive para os Estados Unidos e eu sou uma mexicana que nunca tirou os pés daqui.
— Eu poderia ficar aqui, ou ir para qualquer lugar do mundo que quisesse, Dul. Percebi que fui um idiota, espero que não tarde demais, para te dizer que errei com você o tempo inteiro, e errei mais ainda por ter te deixado. Não deixei de pensar em você, Dul. Você é a mulher da minha vida. A única. Se você quisesse, me casaria com você agora.
— Quanto tempo você pretende ficar no México, Pablo?
— Alguns meses, não sei ainda.
— Então, você pode me esperar e me dar tempo para pensar sobre?
— O tempo que quiser.
— Ótimo, mas por enquanto quero ser apenas sua amiga.

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