Winston Red 7

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CHRISTOPHER UCKERMANN

Era até normal para mim, mais uma noite dormir na casa de Any e Poncho. Às vezes, me pergunta se era um empata foda.

Por mais que eu quisesse que fosse diferente, estava bêbado como um gambá a maioria dos dias. Só o álcool para me deixar mais ameno diante da vontade louca de ter Dulce aqui comigo.
Não fazia muito tempo desde que ela foi embora, mas já sabia que não encontraria uma mulher como ela. Dulce, era simplesmente a mulher mais incrível que já colocou os olhos em mim. Era completa, até mesmo quando falava sem parar, e mesmo que eu gostasse de uns momentos de silêncio pleno e não conseguisse falar tanto, eu amava ouvir ela falar, porque sempre por mais banal que fosse, vinha do coração.

Realmente era pouco tempo, mas não me julgava pronto para dar de cara com a ruiva tão cedo. Mas, por ironia do destino, lá estava Dulce abraçada em uma almofada, esparramada no sofá.
De tranças e uma blusa vermelha.
Ela era a mulher mais linda que eu já vi.

Tentei não transparecer o quanto meu coração faltava sair pela boca, só de ver aquele rosto.

— É hoje! Adoro. - Anahí disse, acredito eu que para si mesma.

— Ponchito, preciso da sua ajuda lá na cozinha. A porta deu defeito de novo, vem comigo, por favor.

Alfonso revirou os olhos, mas seguiu feito uma cachorrinho sua dona.
Eu sabia o que ele estava sentido, em parte porque Anahí era mandona mesmo e eu já havia provado na pele.

Me dei conta que ainda estava imóvel na porta da sala, desde que coloquei meus olhos na Dulce.
Será que eu faria mal em me sentar ao seu lado?

— Vai ficar parado aí, Chris?
— Não. Só estou pensando o que fazer.
— Se sentir vontade, senta aqui no outro sofá.
— Claro. - me sentei na poltrona ao lado do seu sofá.
— Como está?
— Bem, acho que levemente embriagado, mas isso resolvo com uma proteína e você?
— Absinto e suas loucuras, também acho que estou bêbada. Achei que nunca mais iria te ver. Talvez, não nunca, mas não achei nem que iria querer conversar comigo.
— Acho que de certa forma, estou processando isso tudo, Dulce. Não sei o que pensar disso tudo, mas também não procuro pensar muito. Na verdade, não imaginava te ver, mas já que isso aconteceu, essa noite, queria que fôssemos sinceros um com o outro, esquecendo o que ocorreu antes. Quero saber de você agora. Me mostre a Dulce María que eu devia ter conhecido desde o começo.

— O que você quer saber? Eu realmente trabalho com animais... Deixa eu ver. Minha cor favorita é vermelho, mas você já deve ter notado - ela disse apontando simultaneamente para o cabelo, depois para blusa. - gosto de filmes de romance e ficção científica. Amo vinhos Dom Manuel.
— Fico feliz em saber sobre o vinho, significa que dará mais lucros a nossa empresa.
— Não se anime muito, bonitão. Seus vinhos não são nada baratos. Estou juntando uma grana, então, corte geral de gastos. Estou morando no meu próprio apartamento, quer dizer, Maite meio que me emprestou, mas pelo menos já estou fazendo minha vida sem estar debaixo da saia da minha mãe.

— Fico muito feliz em saber disso, Dulce. Você merece todo sucesso e as coisas boas da vida. Só não se esqueça, se fizer uma festa, me chame.

— Você será o convidado de honra.

— Fico lisonjeado. Criei um vinho novo. Ainda está na fase de testes, mas pretendo levá-lo a Paris, meus sonho é ganhar aquele concurso de melhor vinho.

— Seus vinhos são incríveis, Christopher. Tenho certeza que irá ganhar. Me deixa ser sua cobaia? Adoraria experimentar.

— Anda alcoólica hein, dona Dulce María.

— Aprendi com o melhor.

Por mais que a conversa fluisse de forma natural, estar perto de Dulce me deixava um pouco ansioso, meu coração me entregava sempre.

— Há algo sobre mim, que ainda não te contei. Espero que não se importe, se o fizer agora.

— E o que é?

— Algumas temporadas da minha vida, costumo fumar. Vou ali fora ascender um cigarro e já volto.

— Posso ir também?

— Não vai se incomodar com a fumaça?

— Na verdade, queria fumar também. Estou um pouco tensa.

— Como quiser, princesa.

Dulce e eu fomos para o lado de fora da casa, tirei um cigarro e ofereci a ela.

— Você fuma?

— Muito difícil, mais às vezes, fumei muito por conta da minha ansiedade, era um escape, mas é muito difícil que eu me viciei em alguma coisa por muito tempo.

— Também não me considero viciado, não agora. Esse cigarro é o melhor na minha opinião. P gosto é mais agradável, se é que é possível.

Acendi o cigarro de Dulce e depois o meu.
Entre uma tragada e outra, trocamos alguns olhares.
Ela estava linda a luz da lua. Era a estrela que faltava para deixar tudo mais lindo.

Era perceptível porque ela não fumava muito, na tragada mais longa que deu, começou a tossir.
Pensei em intervir, mas logo ela voltou a fumar e diminuir a intensidade.

— Você está linda, María.
— Você também não está nada mal, Alexander.
Joguei a bituca de cigarro no chão e me virei a Dulce.
— Estou sentindo sua falta.
— Eu também, e da praia.
— Àquela casa não é mais aconchegante, sem você a me esperar.
— Christop...
Tomei Dulce em meus braços e a beijei. Talvez me arrependesse depois, mas estava doido por ela.

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