Inicio de um pesadelo

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DULCE MARÍA

Passei em minha casa para reunir algumas coisas e tomar banho, queria fazer uma surpresa para Christopher. 

Constatei ao procurar em meu celular, que Christopher e eu mal tínhamos fotos juntos. Tantos momentos juntos e quase nenhum registro, além das fotos do nosso "casamento". Era algo que eu nem lembrava mais, parecia ter acontecido anos atrás e não só meses. Por um bom tempo, preferi acreditar que isso não tinha acontecido, porque as lembranças desse erro que cometi ao enganar Christopher, me doíam. Achava que por isso, nunca mais teria o amor da minha vida de volta. Mas, olhando agora onde estamos, mesmo que não tenha começado de uma maneira certa, se nunca tivesse topado o que Maite propôs, jamais teria me apaixonado e muito menos olhado Christopher como mais do que um mulherengo sem coração. Optei por imprimir aquela foto mesmo e também, o resultado do meu exame de gravidez. Coloquei os dois em uma caixa, e juntei com uma chupeta e uma tartaruga de pelúcia.

Segui para casa de Christopher com calma, mas com certa ansiedade por dentro. Será que ele iria gostar? Nunca conversamos sobre filhos e agora aqui estou, com meu ventre cheinho. Christopher algum dia se imaginou sendo pai? Será que seríamos uma família de verdade? Conseguia me imaginar naquela casa, com nosso bebê correndo pela areia da praia. Christopher igual doido atrás. 

Graças aos céus, quando cheguei a casa ainda estava vazia. Parei o carro na garagem e fui para o quarto que um dia, também foi meu. Coloquei a caixinha em cima da cama e procurei algumas velas na dispensa. 

Estava tudo pronto. Luzes apagas, as velas acesas fazendo um trilha da porta da sala até o quarto. Sentei-me na cama e mandei uma mensagem para Christopher.

Dulce: Você está chegando, meu bem?


                                                                               Christopher: Já estou no caminho e com seus tamarindos.

Dulce: Mal posso esperar. Eu te amo!


                                                                               Christopher: Eu também, mais do que imagina.


Fiquei ali na cama, mexendo em minhas redes sociais por quarenta minutos e nada de Christopher. Deve ser o trânsito... não há motivo para pânico. Mas, será que eu deveria ligar? Estou com medo de estar sendo muito ansiosa, mas o caminho para vinícola não demora tanto assim.

Levantei-me e comecei a andar em círculos, quando ficava muito ansiosa, não conseguia ficar parada em um lugar. Tentei respirar fundo e não surtar, acredito que isso não faria bem para o meu bebê. Com o celular ainda em mãos, teclei o número de Christopher. 

Esperei e nada dele atender. O celular tocou várias vezes e foi parar na caixa postal. Continuei insistindo e não tive retorno.  Entre o espaço de uma ligação a outra, o visor do celular mostrou que Anahí estava me ligando.

- Alo?

- Dulce?

- Sim, Any. Aconteceu alguma coisa?

- Está na sua casa?

- Não, estou na casa de Christopher. Preparei uma surpresa para ele, mas não sei o que aconteceu por que ele ainda não chegou.

- Em cinco minutos, chego ai. Me espere e não faça nada.

- Aconteceu alguma coisa? Estou ficando preocupada.

- Só me espere, ok? Já estou entrando no carro.

Achei toda aquela conversa com Anahí muito estranha, visto que Christopher também não aparecia. Mas, para o bem da minha saúde mental, optei por acreditar que aquilo não tinha relação.

Tentei mais algumas vezes ligar para Christopher, mas como nas outras, ele não me atendeu. Não demorou muito para que  escutasse um carro parando a frente da casa. E foi nessa hora, que rezei para ver Christopher entrando porta a dentro, mas não foi isso que aconteceu. A figura loira que surgiu pela porta fora Anahí.

- Dul? Está ai?

- Pode acender as luzes, isso era para Christopher.

Anahí ligou o interruptor e se aproximou de mim.

- Podemos nos sentar? - ela disse e indicou o sofá ao meu lado.

- Anahí, me diz o que houve!

- Sente- se primeiro.

Obedeci a loira e me sentei ao seu lado. Por Deus, o que tinha acontecido de tão grave que eu precisava me sentar para saber? Que não seja nada com Christopher, por favor.

- Dulce, Christopher sofreu um acidente de carro no caminho para casa.

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