Revanche

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Ansiedade e fúria

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Ansiedade e fúria. Ambas as palavras definiriam o meu estado de espírito ao colocar os pés sobre o carpete seco do estande de tiros.

"Ora se não é o delegado fazendo a caminhada da vergonha..." O cochicho de Cris reverberava em minha mente como um looping eterno. Eu esperaria qualquer coisa, menos aquilo. Ele não devia fidelidade a mim, muito menos qualquer tipo de satisfação, mas aquela cachorrada sendo espalhada no ventilador só confirmava o quanto fui burra em me entregar para alguém que poderia estar comprometido, e até mesmo na cena do crime. Sabia que aquela simples filmagem havia manchado sua conduta exemplar e invejável.

Era apenas uma missão. A minha missão. Não poderia confundir as coisas. 

O modo como ela olhava para ele, devorando seu corpo, passando as unhas sobre seu tórax malhado e firme, como uma mulher que espera seu marido chegar em casa à noite ou como uma amante sedenta. Todas aquelas imagens me causavam uma ânsia no estomago e um belo estilhaço no peito.

Quando se está em operações diárias, o combate acontece em 90% das vezes e isso requer reciclagem para que você resguarde a sua vida e a de seus companheiros. Eu estava ali apenas para alinhar a minha mente, fugir de tudo e todos, me concentrando apenas na velocidade, disparo de gatilho, posição de pernas e mira durante algumas horas. Inspiro e expiro fundo absorvendo o ar puro e úmido vindo das árvores ao redor do ambiente de treinamento. Caminho pelo chão aerado e carrego o cartucho da minha Glock ponto quarenta. Paro sobre a baia desocupada e finco os pés sobre a terra, um a frente do outro.

Precisava me distrair.

Por que o ódio me inundou tão rápido ao ver aquela cena?

Disparo o primeiro tiro.

Por que devemos estar casados nessa maldita missão?

A segunda bala engatilhada escapa.

Por que meu coração dispara apenas por vê-lo e se animou ainda mais com essa ideia estúpida?

Sinto o impacto da terceira explosão. O bolso traseiro da minha calça jeans vibra e descarrego a arma rapidamente.

Cris: Espero que esteja com tudo pronto para sua festinha. Sextou bebê!!

Bufo observando a mensagem - Droga!! A maldita festa. – Resmunguei enfurecida.

Ainda não havia comprado nenhuma roupa, muito menos marcado um salão. Eu gostava da emoção da última hora. Eu havia comprado um vestido curto preto a alguns meses atrás, justo e coberto por franjas soltas. Ele valorizava bem o meu busto e quadril largo, ressaltando meus seios - embora fossem pequenos. A sandália de salto agulha preta possuía duas tiras que envolviam meus calcanhares, até a metade das canelas. Precisava apenas de alguns colares de pérolas brancas. Marquei o horário com o cabelereiro que Cris havia me indicado mais cedo e prossigo atirando até que meu intervalo acabe.

PERIGO AMOR EMINENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora