Afonso
Cheguei até a porta do apartamento de Ariadne louco para sentir seu cheiro, seu corpo e o gosto de seus lábios deliciosos. Bati, algumas vezes à porta e demorou quase 5 minutos para atender. Ariadne estava com um moletom escuro e um shorts jeans desfiado, que belas coxas, só ficariam mais lindas ao redor da minha cintura.
- Posso entrar?
- Claro.
Adentrei e desejei nunca ter estado ou ao menos entrado ali. O filho da puta do Murilo estava sentado no seu sofá - em que transamos pela primeira vez - com um dos braços abertos mostrando que ela estava com ele ali e eu vi em seus olhos a mais pura sensação de divertimento e implicância. Fechei os punhos em reação no mesmo instante.
- O que você precisa? - Ela me disse.
De você. Das suas unhas arranhando minhas costas enquanto eu entro dentro de você desejando nunca mais sair dali. Do seu cheiro no meu cangote. Ari alternava o peso dos pés e notei que estava roendo as unhas.
- Só passei para te entregar um arquivo importante para sua entrevista amanhã. - Falei passando a mão na nuca.
- Aceita uma água, suco ou café? - Ela saiu rebolando aquela bunda gostosa pelo apartamento e no mesmo momento meu sangue ferveu por Murilo estar tendo a mesma visão que eu estava tendo.
- Não, obrigado, já estou de saída. - Disse mais do que pronto a sair dali antes de voar pra cima daquele filho da mãe.
- Te levo até a porta. - Caminhou atrás de mim em passos lentos. Sua feição estampava uma leve confusão mas ela logo se dissipa.
- Você está bem? - Ari encosta a porta atrás de si e sussurra receosa.
- Claro, porque não estaria? - Desmenti.
- Me parece um pouco tenso... mas se está tranquilo, - eu estava em qualquer estado de espírito, menos tranquilo - tá tudo certo. Te vejo amanhã no escritório. - E sorriu lindamente encostando o rosto na lateral da porta. Odeio isso, é só ela me olhar assim e eu perco tudo. Apenas sorri de volta para não aumentar o vexame.
- Então é isso. - Acenei um tchauzinho e saí, querendo ela, querendo ser aquela porta, o copo que ela bebe qualquer coisa, ou até mesmo a cama dela.
Um barulho estridente e familiar invade meus ouvidos e estendo os braços em um movimento brusco e rápido para desativá-lo.
Xingo o alarme e me levanto puto com o universo, indo em direção ao banheiro. Tiro a cueca box preta e entro na ducha quente, espalmo minhas mãos na parede do banheiro e deixo que a água escoe pelo meu corpo. Eu iria lutar por ela, mesmo sabendo que seria difícil. Minha família era emoldurada pelo mais genuíno amor e lealdade. Crescemos vendo carícias, risadas e amassos quentes dos meus pais pela casa. Meu pai sempre me disse que é preferível ficar sozinho do que sofrer por um amor medíocre. E foi o que eu fiz durante algum tempo. Mas Ariadne, era diferente. Valia a pena o esforço para sentir novamente os seus beijos, carinhos, toques e principalmente seus orbes verde folha-seca me desnudando com uma intensidade absurda – olho para baixo e vejo meu amigo se animar com as lembranças vívidas em minha mente. Mais uma vez completaria o trabalho sozinho, em baixo do chuveiro.
Saio do ambiente úmido do banheiro e ouço meu celular tocando sobre o balcão da cozinha. Caminho até lá enxugando os cabelos e segurando a barra da minha toalha branca presa em meu quadril.

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PERIGO AMOR EMINENTE
Romance• Romance ficcional • Um reencontro entre ex namorados regado à paixão e desejo. Ariadne sempre quis ser independente. Após o sonho em cursar medicina ir por água abaixo, se tornar uma farmacêutica lhe parece uma boa opção para iniciar uma carreira...