Boxe

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Meu corpo ainda sentia os efeitos de sua presença repentina

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Meu corpo ainda sentia os efeitos de sua presença repentina. Nenhuma mulher nesse mundo deve ser tratada como segunda opção, estepe tem serventia apenas para carros. Mas naquele momento, estava me sentindo como uma marionete em suas mãos. A partir de ontem, tudo mudou. Por mais que tivesse consciência do estrago irreversível que já havia causado em meu coração, por ter permitido a sua entrada, não o deixaria invadi-lo novamente sem que antes me mostrasse o devido merecimento. Era avassalador, insano e chegava às vezes a doer. Não chegava aos pés do que já cheguei a sentir por qualquer outra pessoa e isso, com toda certeza me assustava.

Saio o box do banheiro preenchido pelo vapor úmido com uma leve essência de lavanda e sinto a brisa fria me atingir quando abro a porta para me vestir. Apenas uma camisa branca leve e uma saia lápis, o elegante scarpin preto estava perto da porta a minha espera, passo uma leve maquiagem e deixo meus cabelos parcialmente soltos. No prédio da agencia, ando o mais rápido que meus saltos me permitem e fui direto para o elevador. As portas se fecharam atrás de mim, e eu fiquei calada enquanto os números subiam e desciam. Pessoas entravam e saíam – assistentes, agentes, advogados -, todos sussurrando, quando falavam.

Quando as portas se abriram no penúltimo andar, saí e tentei passar apressada pela sala de Murilo. Ele sempre chegava cedo, e Cris, normalmente estava no escritório dele conversando. Eu me esquivei da porta aberta, ouvindo a voz de Cris, e passei sorrateiramente pelas portas de segurança. Dobrei o corredor da primeira ala, passei por outras três e entrei, fechando rapidamente a porta do meu escritório. Sozinha e sentada em meu trono, revejo os planos de ação que teria de enfrentar nos próximos dias. Descanso os papéis sobre minhas pernas cruzadas e encaro a visão da cidade abaixo, logo ouço uma batida na porta, mas ignorei, a pessoa compreendeu o recado e deixou a pasta no suporte, me deixando em paz.

Afundo os dedos sobre meus cabelos e os afagos levemente, lembrando de todas as vezes em que fiquei sozinha com Afonso. Ele ainda era apaixonado por Lívia. Eu não entendia e, pior, também me importava com ele. Eu o desejava como nunca desejei Nicolas. Ele morava abaixo do meu apartamento – uma espécie de meio vizinho – e era meu chefe. Era tolice e irracional querer e tentar ser mais do que isso.

- Ari? - Eu conhecia aquela voz.

Era Afonso.

Virei devagar e endireitei minha postura. A angústia em seus olhos era insuportável. Logo me lembrei sobre o que havia acabado de concluir sozinha.

- Sim? – Falei.

- Precisamos discutir sobre as traduções nas conversas entre prostitutas e os homens de Bueno. – Sua boca se tenciona em uma linha fina em apreensão.

- Tudo bem. – Arrumo os arquivos confidenciais da missão em minhas mãos e os coloco ao lado do notebook. – Sente-se, senhor.

Ele fechou os olhos e inspirou pelo nariz. - Por favor, pare de me chamar de senhor.

PERIGO AMOR EMINENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora