- Estou pronto. – Digo ao agente Bittencourt após ele atender o telefone.
- Bom dia senhor. Estarei aí em 10 minutos com a viatura. – Me informa e encerra a ligação.
O dia estava mais frio que o habitual, era pouco antes do meio-dia. Visto meus coturnos, alcanço minha carteira e óculos escuros sobre a bancada de mármore e saio do apartamento. Coloco a velha e surrada jaqueta de couro preta sobre os ombros e caminho em direção ao elevador. Hoje era dia de busca, não ficaria enfurnado dentro do escritório analisando os próximos passos da investigação junto ao meu escrivão, deixaria aquela tarefa para as minhas duas agentes qualificadas do setor de inteligência. Elas só não descobriam minha vida de cabo a rabo por uma questão de respeito, mas tinha a plena certeza da capacidade profissional extraordinária daquelas mulheres.
Avisto Leonardo dentro do carro do outro lado da rua enquanto caminho e abro a porta do passageiro.
- Mandado de busca? – Ele pergunta.
- Não. Apenas checagem do local do crime. – Ele sabia para onde iríamos. Seguimos em direção ao condomínio luxuoso e estacionamos em frente à casa em que, na última visita, caminhei como um ladrão foragido. Aviso a ele que poderia ir em minha frente enquanto atualizava alguns dados. Eu queria ver com os meus próprios olhos – e sozinho, o local onde estavam aquelas malditas câmeras, ou talvez, possíveis novos pontos de vigilância.
Nada. Tudo permanecia como da última vez, eram quatro e muito pequenas, praticamente invisíveis para pessoas sem conhecimento sobre espionagem. Fizeram um maldito trabalho bem feito, não possuíam mais do que 1 centímetro e meio. Suspiro um pouco aliviado ao lembrar que Diego desativou todas elas. O local de crime e corpo de delito deve ser rigorosamente preservado, a fim de contribuir com o sucesso da investigação, passo pela sala e vejo o bom trabalho realizado pela perícia criminal, e todas as provas já haviam sido retiradas e enviadas para inspeção.
[...]
Eu não consigo decifrar o que vejo no rosto do Diretor de operações agora, sentado em sua cadeira de terno e gravata. A sala fria está recoberta por um silencio tenso e ensurdecedor. "Será que aquela droga de vídeo teria circulado tão rápido assim?" Minha mente insegura sussurra.
- Marque uma reunião com todos os seus agentes o mais rápido possível. – Ele me encara sério – Estarei lá.
- Sim, senhor. – Ergo levemente o queixo em sua direção e o abaixo em concordância.
- Eu só não te exonerei desse cargo, porque sempre teve uma conduta irrepreensível e presta um excelente trabalho. – Ele bufa com o maxilar trincado olhando para a série de documentos espalhados.
- Lívia e eu tivemos um relacionamento por alguns anos, senhor. – Respiro de maneira longa e lenta antes de continuar – Uma recaída, apenas.
– Uma puta de uma cagada Afonso! – Bate com os punhos serrados sobre a mesa e continuo imóvel em sua frente, aguardando a continuação do esporro. Eu realmente estava em um beco sem saída, não havia para onde correr, apenas sentir o estrago eminente. – Você se envolveu na cena do crime e se relacionou com a sobrinha do nosso alvo. Seria mais do que prudente te afastar dessa investigação, a qual você lutou por anos, não acha? – Ele continua e todo o meu esforço e trabalho passa pelos meus olhos como a porra de um filme em câmera lenta.
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PERIGO AMOR EMINENTE
Romance• Romance ficcional • Um reencontro entre ex namorados regado à paixão e desejo. Ariadne sempre quis ser independente. Após o sonho em cursar medicina ir por água abaixo, se tornar uma farmacêutica lhe parece uma boa opção para iniciar uma carreira...