XX

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— Que droga, por que só você é forçada a assinar um contrato que te leva para eventos multimilionários com o John Legend?Elijah frisou ao telefone. — E enquanto isso eu estou preparando-me para dormir.

— Estava tão nervosa enquanto tirava a foto que comecei a suar e fiquei com a testa oleosa nas fotos. — Reclamei enquanto o celular estava no viva-voz em cima da pia de granito branco.

Vim até um dos milhares de banheiros para retocar a maquiagem e tomar um ar, tentar retomar a consciência. A música havia terminado e senti como se estivesse pronta para derreter em pedacinhos no piso de mármore. Alec não parecia afetado da mesma forma que eu — obviamente — e apenas continuou com a feição brincalhona, mas com muitas intenções por trás.

Se ele tivesse tentado me beijar naquela pista de dança, não tenho dúvidas de que teria cedido, quase que inconscientemente.

— Esse suor não é proveniente somente do John Legend... Seu corpo está colapsando por conta de um jogador de hockey!

— Ele está fora de controle! — Exclamei terminando de passar o batom. Felizmente o banheiro estava vazio. — Parece que cansou de esconder as emoções. E as intenções.

— Viu como beber ajuda? Digo o mesmo para você. — Deu risada e escutei ele cuspir algo, provavelmente pasta de dente. — Sei que estão nessa vibe de sedução e paixão, mas tenta entrar na da sinceridade também. Pode arrancar coisas que deseja há muito tempo do loirinho.

— Tenho medo da verdade. — Admiti.

— Eu sei. E é por isso que precisa escutá-la. Mas... — Ficou em silêncio por alguns segundos. — Não é uma noite para interrogações, está bem? É noite de fazer o que der na telha e só pensar nisso no dia seguinte.

— Que belo conselho. Um tapa por um murro. — Soltei um riso nervoso enquanto guardava as maquiagens na necessaire.

— Se você não der o tapa, ficará um século ansiosa pelo murro, vai por mim. — Deu risada. — Preciso dormir para voltar a minha vida de proletariado em poucas horas, faça tudo o que eu faria.

— Se fizer, sairei daqui sem um pingo de dignidade.

— Sim, sim, Madre Teresa.

— Vai dormir. — Revirei os olhos sorrindo. — Eu também te amo.

Elijah deu risada e eu desliguei o telefone. Aproveitei para ver com mais calma as fotos que tirei com John. Várias ficaram esquisitas mas alegremente algumas fizeram jus ao momento. Também notei cerca de sete fotos entre elas.

Fotos de Alec. Enquanto fingia que estava usando todo o tempo para tirar fotos de mim, estava na verdade tirando selfies de seu próprio rosto. Algumas eram sorrindo, mostrando a língua, com uma careta, outra era com o zoom no máximo em seu olho perfeitamente azul.

E a última era um vídeo de cinco segundos de Alec piscando com um olho e abrindo um sorriso de canto, totalmente focado em sua adorável covinha.

Não pude fazer outra coisa além de sorrir e sentir como se meu peito estivesse sendo muito pequeno para suportar meu coração. Mas logo parei.

Mantive as fotos intactas e guardei o celular dentro da pequena bolsa, dando uma última olhada no espelho. Não há mais como correr.

Quando deixei o banheiro, deparei-me com Alec conversando com um homem um pouco mais baixo do que ele e que aparentava o dobro de sua idade.

Decidi deixá-los conversando para não interromper nada e fui em direção a nossa mesa. Até Alec — mesmo sem tirar os olhos do homem — me ver perifericamente e me puxar pelo que conseguiu alcançar: meu dedo mindinho da mão esquerda.

Shattered IceOnde histórias criam vida. Descubra agora