XLV

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Memories On -
Alec Covington

Alec Covington preferiria estar em qualquer outro lugar do mundo agora.

O jogador de hockey levou o treino de hoje um pouco a sério demais, além de ter sentido uma súbita fraqueza nos ossos ao dar de cara com uma multidão esperando por ele ao lado de fora do estádio. Uma fraqueza rotineira, acompanhada de um coração acelerado.

Alec se pergunta quando isso vai parar.

E o jogador tinha planos. Ele ia direto para o apartamento de um de seus melhores amigos, Max Campbell, beber até altas horas. Infelizmente, ambos foram arrastados por seu colega de time e amigo, Rafael Campos , até um bar de procedência questionável nos subúrbios do Brooklyn. Se ele está com os amigos, deve estar se perguntando a razão pela qual ele não está feliz, e a reposta é simples: sua mesa acabou sendo preenchida por pessoas detestáveis. Jordan West não torna sua vida fácil, ainda mais na companhia de seu melhor amigo, James Lawson.

Ele não está contente, mas é assustadoramente fácil para ele dar risada e sorrir se necessário — mesmo que por trás esteja com vontade de cometer um assassinato.

O bar é insuportavelmente lotado. Ele não vê nenhuma garota que chame sua atenção, mas lembra-se da jovem que compartilhou a última noite com ele. Bem, de uma parte de seu rosto, porque o restante, assim como o seu nome, é um apagão em sua mente. Alec sente-se vazio, como de costume. As pessoas ao seu redor são vazias, sua rotina é vazia. Ele confunde tédio com algo que não consegue identificar.

Alguns meses mais tarde, Alec identificará o tédio como angústia.

Quando a música péssima que estava tocando termina e "Habits", da Gabrielle Shonk, começa a tocar, Alec respira fundo e decide levantar-se da mesa. Ele teve dois pensamentos: pegar a chave de seu carro e dirigir para fora daquele inferno ou aguentar por seus amigos.

Sentindo até mesmo raiva de si mesmo, ele resolveu ficar. Mas com uma condição: perdurar o restante da noite com uma bebida de respeito e forte o bastante para combater os sentimentos aflorados sem seu peito. Por isso, ele desviou de algumas pessoas e trombou com a única garçonete disponível, lendo rapidamente o seu nome no crachá: "Amy".

A garçonete fez questão de ignorar todos os seus chamados e dar atenção apenas para Alec, mas o seu jeito o incomodou. De qualquer forma, o jovem pediu seu drink favorito, chamado New York Sour. Pediu para que fosse entregue no balcão, porque iria retornar para a maldita mesa, mas não antes de passar alguns minutos sozinho.

Alec escutou um grito. Vinha de uma voz feminina no meio de todo aquele barulho. Ele pôde sentir sua janta voltar pelo estômago e o coração literalmente parar de bater por um milésimo.

Alec chegou à conclusão de que havia enlouquecido.

Ele deu de ombros e afastou os pensamentos que haviam surgido. Seguiu a voz que chamava pelo dono do New York Sour — crente de que era somente uma bartender comum —  e caminhou até o bar. Ele sentou-se na única banqueta livre e jogou suas luvas no balcão.

Luvas que remetem a ele uma segunda vida que uma vez possuiu.

— Meu. É meu. — Alec respondeu, desatentamente.

Quando tirou os olhos do balcão, ele olhou para a bartender que havia chamado por ele.

Alec pensou que estava criando falsos cenários em sua cabeça.

Shattered IceOnde histórias criam vida. Descubra agora