Capítulo 4

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Após algumas horas apenas lendo, Eleanor se lembrou dos formulários que deveria preencher.

Depois de tanta insistência da parte de Lily e Zach, ela decidiu pegar o das Líderes de Torcida além do de Assistente da Biblioteca. Ela não estava nem um pouco preocupada com as Líderes, não iria passar. Gostava de dança, mas estava longe de realmente ser uma boa dançarina.

Como geralmente ninguém tentava o de Assistente, ela passaria facilmente, além de ganhar um dinheiro extra.

Formulário um – Assistente da Biblioteca.

Não seria difícil de preenchê–lo. Nome; idade; cor dos olhos, (eles levavam isso em consideração para ajudar em uma biblioteca?) e média acadêmica. Iria passar facilmente.

Formulário 2 – Líderes de Torcida.

Seria tão estressante, mas parecia divertido.

Nome; idade; cor dos olhos; altura; peso. Nada relevante.

Quando finalmente tinha acabado de preencher ambos, ouviu batidas na porta. Lily e Zach.

— Boa noite. — Eleanor disse abrindo a porta.

— Olá, Ma Belle — Zach disse e entrou. Apelidos.

Esse era um dos bons, precisava admitir.

— Como você está? — Lily perguntou. Era lindo ver como ela se preocupava com Eleanor mesmo que se conhecessem há apenas algumas horas.

— Bem. Estava acabando de preencher aqueles formulários.

— Aqueles? — Lily pergunta.

— É. Eu peguei o das Líderes de Torcida também — Eleanor respondeu, sem emoção.

— Finalmente encontrei a minha favorita! Nenhuma era interessante antes — Zach brincou.

— Não minta. Tenho certeza de que todas as outras são muito mais bonitas e esplendorosamente talentosas.

— Não, não são — Lily respondeu.

— Se Lily diz, quem sou eu para discordar — Eleanor brincou, rindo – Vocês querem pedir algo pra comer? Eu não sei fazer nada na cozinha.

— Eu não trouxe dinheiro. El – Zach disse calmamente. Outro apelido.

— Vou pedir pizza. Levem como um agradecimento por virem aqui hoje.

— Como se fosse grande coisa! — Lily respondeu

— Qual dos dois vai pedir? Eu não tenho como ligar — Eleanor indagou, faminta.

— Eu peço – Lily se sentou ao lado do telefone da sala.

— Querem de quê?

— Uma de carne e outra de muçarela – Eleanor disse.

— Duas? Não precisa disso. Uma só é suficiente – Zach retrucou.

— Pode pedir Lily — Eleanor disse, finalmente.

Depois de algum tempo conversando, a campainha finalmente tocou, eles estavam mortos de fome.

— Eu não vou – Zach disse, fazendo referência à um jogo infantil.

— Nem eu – Lily disse.

– Maravilha, perdi – Eleanor se levantou e foi até a cozinha rindo. Seus pais costumavam guardar dinheiro extra em um jarro azul que ficava em cima da geladeira.

Dirigiu—se até a porta, ainda esboçando um sorriso. Girou a maçaneta. Miller. Com um uniforme de entregador.

— Não sabia que essa casa era sua – disse, sorrindo

— Bem, eu também não sabia que você trabalha de entregador.

— É claro que não. Nada sabemos sobre um ao outro. Nos conhecemos hoje — Diz. Gentil como uma mula.

Um silêncio constrangedor surgiu.

— Você quer entrar? – Eleanor ofereceu simpática.

— Estou em horário de trabalho, não posso. Se pudesse não entraria também, nem te conheço, Senhorita Rodriguez.
Ok, ele sabia ser grosso. E por que “senhorita”?

— Ótimo. Aqui está o dinheiro – Colocou algumas notas em suas mãos – Pode ficar com o troco, se quiser. Se não quiser, faça algo decente com ele. Obrigada – E fechou a porta.

Ela também sabia.

De volta à sala de jantar com as duas pizzas em mãos e refrigerante na mesa ela se sentou.

— Por que demorou tanto? – Lily perguntou, expressava preocupação
— Miller trabalha de entregador – Eleanor respondeu. A raiva era claramente estampada em seus olhos. Não havia feito nada para ser tratada daquela maneira.

—Ok. A probabilidade disso acontecer era quase nula, eu sei, mas, por favor, vamos voltar para nossa comida. Ela é mais interessante – Zach disse com a tentativa de encerrar o assunto.
                             
                                *

Depois de mais algum tempo de conversa jogada fora, Lily e Zach tinham ido embora.

Agora, com silêncio absoluto, ela tinha tempo para pensar sobre tudo.

Em menos de vinte e quatro horas, ela tinha sido teleportada entre dimensões para um lugar onde as pessoas eram divididas por cores.

Havia uma gangue de assassinos, espalhados por sabe–se lá onde, que não podiam ser identificados. Ou seja, você poderia estar cercado por Vermelhos, e nunca saberia. Até o momento em que você morre pela mão de um deles.

Eleanor tinha feito amigos e entrado em uma o colégio sem ter sido matriculada, sua casa tinha sido teleportada junto com ela. E ela não sabia como voltar, ela não tinha como. As coisas começariam a ficar complicadas depois, ela sabia que iriam.

Não havia nada a ser feito a não ser dormir. Teria bons sonhos, e por um momento, aquilo não passaria de um grande pesadelo.

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