Capítulo 5

230 38 29
                                    

Seis da manhã. Não era um sonho. Ela ainda estava em Livermoony. Ainda era uma Marrom.

Pegou uma mochila que estava em seu quarto e colocou os livros, os materiais recebidos e mais alguns itens essenciais.

Já estava pronta, saiu de casa e seguiu o caminho que ela e Lily tinham feito. Provavelmente havia outro mais rápido, mas era bom sentir o vento no rosto.

Foi mais rápido do que imaginara.
Em pouco tempo, ali estava: Centro Educacional de Livermoony. Entrou, deveria entregar os dois formulários: um para a bibliotecária, Senhora Bennett e o outro para a capitã das Líderes de Torcida, Sarah Livermoony. Era Verde. A única que estudava ali. Pelo que Eleanor sabia, era a filha mais velha dos governantes. Quem assumiria o governo quando seu pai, Alastair
Livermoony, morresse. A outra filha, Louise, não era conhecida pela mídia. Tinha em torno de sete e nove anos e era raramente vista. Ninguém sabia o real motivo.

A biblioteca ficava no segundo andar, era uma sala grande. Entrou e se deparou com a bibliotecária na bancada, checava uma papelada.

— Bom dia. Sou Eleanor Rodriguez, vim entregar o meu formulário para Assistente da Biblioteca – disse sorrindo.

A Senhora Bennett levantou os olhos e Eleanor percebeu que ela era o exato oposto da Senhora Dollabella. Tinha olhos azuis e parecia velha, usava óculos meia–lua. Suas roupas pareciam de segunda mão e seu cabelo, já grisalho, estava despenteado e tinha fios soltos espalhados por toda a cabeça.

— Você veio se inscrever? Ninguém faz isso a anos.

— Sim, eu vim. Se for para trabalhar, devemos fazer algo que gostamos não acha?

— É um bom jeito de ver as coisas. Tenho que admitir — a idosa bibliotecária começou — Bem, supostamente, eu deveria esperar até o fim do dia, mas é uma grande perda de tempo. Você provavelmente foi a única a se interessar. Está contratada. Preciso que venha aqui todas as tardes. Te libero às quatro.

— Será um prazer!

Eleanor saiu da sala. Já tinha algo para ocupar a cabeça. Ótimo.

Agora, ela seguia até o estádio do colégio. Tinha alguns minutos até o começo da aula.

Uma garota alta estava sentada nas arquibancadas. Eleanor foi até ela.

— Sarah Livermoony? – perguntou para ela, mesmo já sabendo sua identidade. Os olhos verdes entregavam.

— Sim. Veio entregar o formulário, não é? – Sarah analisou Eleanor da cabeça aos pés. Um erro, posso dizer.

— Sejamos francas, eu não tenho certeza que você se enquadra no que estamos procurando. O nosso protocolo é muito rígido, entende? Não gostaria de vê–la acabar com a própria imagem na frente da treinadora Lennox.

Eleanor não poderia deixar de reparar que ela era uma garota realmente bonita, e pela primeira vez se sentiu verdadeiramente dentro de um livro.
Seus longos cabelos castanhos de um tom escuro pareciam ter o tamanho perfeito. Seus olhos verdes tinham um tom maravilhoso. Seu corpo parecia moldado por deuses.

Sarah pensou o mesmo de Eleanor, posso dizer.

Porém ela não poderia apenas insinuar que Eleanor não conseguiria fazer algo. Eram ambas teimosas. Não aceitariam insultos tão facilmente.

— Entendo. Mas o que é realmente conta é a audição, certo?

Era só uma menina mimada. Não foi difícil fazê–la soltar fogo pelos olhos.
Eleanor decidira há muito, que não se importaria com insultos alheios, e que más opiniões eram apenas uma parte da vida que não merecia tanta preocupação.

Agora, ela seguia até sua sala de aula. Não iria sentar ao lado de Miller também. Era um dia para soltar fogos.
Abriu a porta e lá estava, como se todos tivessem cinco anos, as cadeiras eram nomeadas. Iria sentar ao lado de Miller por mais seis meses. Ou dois. Ou mais uma semana. Não tinha como dizer.

— Bom dia, Rodriguez – disse enquanto Eleanor se sentava.

— Sinceramente, eu ainda tenho que descobrir como ativar seu bom humor.

— Teremos tempo o suficiente para você fazer as descobertas que quiser.
Garoto estranho.

Quem era ela para julgar os outros por estranho?

Não era ela a garota de outra dimensão?

A Senhorita Hattaway adentrou a sala quando Eleanor iria responder. Sinceramente ela deveria começar a prestar atenção na aula. Se aquilo era tão normal quanto parecia, haveriam testes. Mas era impossível se concentrar quando o que passava por sua cabeça eram coisas como: “Será que ninguém me viu aparecendo do nada?” ou "Se algum dia eu contar para Lily e Zach, eles acreditariam ou me achariam louca? Provavelmente a segunda opção.”
Gostava dali, não sentia falta de muita coisa. Mas não era o lugar que ela pertencia.

Finalmente, conseguindo voltar a prestar atenção no que acontecia ao seu redor, fazia anotações, as quais Miller copiava sempre que podia.

Charlie era um verdadeiro mistério, praticamente impossível de ser resolvido.

Home by Eleanor -Maria BrandãoOnde histórias criam vida. Descubra agora