Capítulo 23

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—Perdão por tudo – Charlie disse sem soltá–la – Perdão por tê–la amado, perdão por me apaixonar por você, perdão por tê–la feito passar por tudo isso.

O momento emocionante havia passado. Eleanor estava indignada por vê—lo mentir dessa forma. Sem demonstrar remorso. Se afastou.

—E você ainda tem a audácia? – Ficou em pé. O vento frio batendo em seus braços, mas ela não se importava nem um pouco.

—O quê? – ele perguntou. Não saiu de onde estava.

—Você ainda consegue dizer que me ama depois de tudo? Você não me ama. Tem algo por trás de todas suas atitudes. Por que eu? O que eu fiz? – Se manteve longe.

—Ah, você já sabe… Eu juro que tentei impedir. Eu também não queria que acontecesse! Eu juro! – Mais uma vez ela não entendia do que ele falava. E odiava isso.

—Do que você está falando? Se for para tentar me confundir não está dando certo…. – Fora interrompida.

—Eles querem matá–la. Me enviaram para isso… Mas por que você? Eu me faço essa pergunta todos os dias antes de dormir.

—Não está funcionando. Não está funcionando! – Ela repetia para si.
Dessa vez, ele parecia ter perdido a paciência. Tinha feito um assassino perder a paciência, incrível.

—Não queria ter que lhe contar, mas como é tão teimosa, vejo que não tenho escolha. Os Vermelhos querem matá–la a mando da chefe. Apostam por sua cabeça – E a história não estava melhorando.

—A chefe? Por algum acaso estamos falando de Adelyn Livermoony? – Quanto mais daquilo teria que aguentar?

—Fale baixo! Então é por isso… Você descobriu sobre Louise, não foi?

Eleanor assentiu com a cabeça. Era muito para assimilar. Morreria, mas não seria pelas mãos de Charlie, mas sim pelas de qualquer outro Vermelho desconhecido.

Não tinha chance, precisava urgentemente voltar para a outra realidade.

—Haviam ficado satisfeitos, porque achavam que chamá–la para o baile era um plano bem feito.

Não conseguia ouvir mais nada. Era a pessoa mais procurada por uma gangue enorme de assassinos.

—Então é isso que eu sou? Um maldito plano! Me sinto grata por saber disso! Obrigada Charlie, se esse é realmente seu nome. Obrigada por todas as mentiras. Obrigada por dizer que me amava sem ao menos parar e pensar que essas são as palavras mais fortes que você poderia dizer. Mas por favor pare de usar o amor como uma desculpa para me machucar.

—Eu realmente te amo.

—Pare de mentir! — ela berrava — Não houve tempo suficiente para algo assim acontecer! Como fui burra!

Fez menção de ir embora, mas foi puxada por seu braço. Havia esquecido de onde e com quem estava.

—Não devia tê–la feito se apaixonar por alguém como eu.

Quem disse que ela estava apaixonada? Eleanor sentia repulsa de olhar para Charlie. Talvez em algum momento houvesse sentido afeição, mas nunca foi algo próximo a amor.

A surpreendendo mais uma vez naquela noite, ele a beijou. A beijou da forma mais intensa e calorosa possível. As mãos de Charlie tocavam sua nuca e as de Eleanor foram automaticamente para seus ombros, sentindo vontade de empurrá–lo.

Os olhos de Charlie oscilavam entre Azul e Vermelho. Aproveitando a oportunidade, Eleanor se afastou.
Ele se deitou na neve. Ela continuou em pé, praguejando por estar de salto. Olhou para o céu. Geralmente não era possível observar as estrelas em Villis, mas naquele dia, o céu estava bastante estrelado.

—Eu estraguei tudo, não foi? – Charlie perguntou. Não sabia no que acreditar. Todos os meses passados ali haviam sido uma mentira.

—Grande parte das coisas, apenas.
Não havia mais o que dizer. Não possuía a habilidade de formar uma frase sobre o que acabara de acontecer.
Eleanor pensava que o amor é um dos sentimentos mais lindos que uma pessoa pode sentir, que deve ser endeusado por toda eternidade.

Não conseguia aceitar que houvera acreditado em cada uma das mentiras de um Vermelho. Talvez seus pais estivessem certos afinal.

Pôde notar que os olhos de Charlie estavam laranjas, quase completamente vermelhos.

—Eu sei que você não é de Livermoony – ele disse. Agora sim havia estragado tudo — Sei que não é desse mundo, e sei como você pode voltar para a antigo.

Iria dizer algo impertinente, mas não pôde completar sua frase.
Um estrondo alto vindo de dentro do colégio a interrompeu. Ele se levantou rapidamente.

De repente, surgiram pessoas correndo por todos os lados. Alunos com seus trajes de gala corriam para o lado oposto no qual eles estavam.

Podia ver pela fresta da porta, estudantes caídos no chão. Nunca saberiam se estavam vivos ou mortos. Vermelhos.

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