Capítulo 24

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Aconteceu muito rápido. Pessoas tentavam salvar suas vidas a todo custo. Não saberia dizer quantos Vermelhos haviam. Eram muitos, centenas deles.
O que aconteceria se ela morresse? Acordaria de volta na realidade original? Não queria testar. Havia tido uma completa perspectiva de morte há alguns minutos atrás, mas não tinha pensado que seria daquela maneira. Viajava em seus pensamentos enquanto tudo acontecia. Charlie puxou seu braço bruscamente. A levou para perto de um muro. Estavam na parte de trás do colégio.Era alto. Ele iria fazê–la pular?

Colocou uma mão em cima da outra e apontou para o seu pé. Ele queria fazê–la pular.

— Sobe logo! — berrou por conta do barulho – Não terá outra chance!
Hesitou por um curto instante.

Subiu em sua mão e ele a levantou. Eleanor forçou suas mãos contra o concreto, se apoiou ali e chegou no topo do muro. Antes de pular, olhou para trás, o vulto de Charlie estava longe.
Seu salto quebrou com o impacto da queda, o que era ótimo, o tirou e olhou para cima.

Era seguida. Uma Vermelha tinha as pontas dos dedos aparecendo. Tentava pular também.

As unhas pintadas da mesma cor dos olhos brilhavam como uma joia, e refletiam a lua.

Eleanor correu de uma forma mais rápida dessa vez. Não ter uma plataforma de dez centímetros abaixo de seus pés ajudava bastante.

— Vá mais rápido! – a Vermelha gritava com quem quer que estivesse a ajudando.

Eleanor virou a primeira esquina que encontrou. Era um bairro Azul. Pessoas estavam do lado de fora de estabelecimentos comerciais.

Ela olhou para trás, não parando de correr. A moça vinha atrás dela a uma distância de alguns metros. De longe, parecia mais alta que Eleanor
.
Seus pés, já machucados de tanto correr e derrapar no asfalto frio, doíam.
Outra esquina, virou novamente, faria isso até conseguir despistar completamente a Moça Vermelha.

                               *

Virou mais uma, e mais outra, mais outra, e por fim chegou em uma rua estreita. Cheia de pessoas andando de um lado para o outro. Atravessava entre todos andando rapidamente, o que era quase impossível, todos a olhavam como se fosse louca, eram Marrons.

A mulher ainda a seguia. Seus olhos já não eram mais Vermelhos.

Eleanor estava cansada de correr. Seus pulmões ardiam. Se sentia tonta, e não achava que conseguiria ficar de pé por muito tempo.

Não conseguia raciocinar, era muito para se pensar em tão pouco tempo.

Sentiu um puxão brusco no braço, para um beco escuro. Não havia o visto.

— Você é maluca? – Reconheceu a voz. Sarah. Ela sussurrava.

Não respondeu a pergunta.

Eleanor agradecia por finalmente poder respirar novamente.

— Você está bem? Não foi atingida? – Sarah perguntou preocupada. Eleanor não podia vê–la, mas podia imaginar sua feição perfeitamente bem.

— Não — respondeu simplesmente, apoiando as mãos nos joelhos.

O silêncio se estendeu por mais alguns minutos.

— Vem, acho que podemos sair agora – Eleanor disse. Torcia para estar certa.
A movimentação havia se esvaído. Nenhum sinal da garota vermelha.

Eleanor parou, se assustando com os próprios pensamentos.

O que faria se todos estivessem mortos?

— Tenho que ir para minha casa agora! — disse subitamente.

Olhou para os lados, tentando se situar. Estava na praça do centro.

Eram apenas alguns minutos para chegar a sua casa dali.

Andou apressadamente, suas pernas não aguentavam maior ritmo. Sarah não a acompanhava.

— Não vai vir? – Eleanor  notou  que seus olhos marejaram.

— Tenho que ir para casa também – Se virou.

Seguindo o caminho oposto. Eleanor decidiu não fazer mais perguntas sobre.

Não poderia se preocupar com mais nada. Todos podiam estar mortos por causa dela, por culpa dela, por problemas dela.

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