Capítulo Vinte e Nove

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Zach

Os últimos dias vêm sendo uma loucura.

Posso dizer que sou um tanto quanto popular agora. Eu dou entrevistas.

—  Então, um detalhe que você precisa saber: — Sarah disse no caminho para o estúdio. Ela batucava os dedos pintados com esmalte azul escuro no vidro da janela do carro — Elise Allaire é desprezível.

Não posso evitar rir. Ela fala isso de todos os entrevistadores e com uma sinceridade assustadora.

—  Ela também? — pergunto sorrindo.

—  Tudo bem, sei que venho falando a mesma coisa há dias, mas dessa vez é verdade. Ela é muito inconveniente.

—  Acho que consigo lidar com isso. — Olho pela janela do carro. Estamos em um lindo bairro Marrom.

—  Tudo bem, tudo bem. Não está mais aqui quem falou. — Éuma briga falsa. Sei porque ela ri enquanto fala. — Mas o que quero dizer é: não é preciso responder nada que não tenha vontade.

—  Não vou. — Tento dizer com o máximo de seriedade, mas Sarah gargalha. — É sério, não vou.

Tudo bem, era mentira. Talvez eu respondesse.

—  Você deveria, mas não vai. Não mesmo. — E continua rindo. Deixo que o faça. Porque era muito bom vê—la assim.

***

Elisa Allaire era mesmo um pé no saco. Não que eu vá dizer isso para Sarah.

Nesse momento, eu estou treinando com o arco e flecha. A precisão ainda não está boa como deveria. Acho que passei tempo demais sem praticar.

Posiciono a flecha no arco, miro no alvo e atiro. Bem no centro. Boa, Zach.

—  Boa mira — Sarah aparece e diz. Sorria. E está descalça. De novo.

Um fato bastante curioso sobre a Senhorita Livermoony é que ela não usa sapatos a menos que a situação exija. E ela parece não perceber.

—  Eu já tinha lhe avisado que eu sou incrível — eu digo, rindo e deixando o arco no chão.

Sarah andou até a fonte d'água e se sentou perto dela. A sigo e me sentei ao seu lado.

—  Posso perguntar como Emma e Will reagiram quando você contou para eles? — ela indaga.

Não contei para eles ainda. Vou contar, mas não contei ainda. Covarde.

—  Não sei responder essa pergunta, sinto muito — respondo por fim. É uma meia—verdade.

—  Tudo bem, de verdade.

E a conversa acaba. Não porque não tínhamos nada a dizer, mas porque não precisávamos dizer nada. Só ficamos ali. Olhando para o nada. E para o tudo. Para o infinito.

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