Zach
Os últimos dias vêm sendo uma loucura.
Posso dizer que sou um tanto quanto popular agora. Eu dou entrevistas.
— Então, um detalhe que você precisa saber: — Sarah disse no caminho para o estúdio. Ela batucava os dedos pintados com esmalte azul escuro no vidro da janela do carro — Elise Allaire é desprezível.
Não posso evitar rir. Ela fala isso de todos os entrevistadores e com uma sinceridade assustadora.
— Ela também? — pergunto sorrindo.
— Tudo bem, sei que venho falando a mesma coisa há dias, mas dessa vez é verdade. Ela é muito inconveniente.
— Acho que consigo lidar com isso. — Olho pela janela do carro. Estamos em um lindo bairro Marrom.
— Tudo bem, tudo bem. Não está mais aqui quem falou. — Éuma briga falsa. Sei porque ela ri enquanto fala. — Mas o que quero dizer é: não é preciso responder nada que não tenha vontade.
— Não vou. — Tento dizer com o máximo de seriedade, mas Sarah gargalha. — É sério, não vou.
Tudo bem, era mentira. Talvez eu respondesse.
— Você deveria, mas não vai. Não mesmo. — E continua rindo. Deixo que o faça. Porque era muito bom vê—la assim.
***
Elisa Allaire era mesmo um pé no saco. Não que eu vá dizer isso para Sarah.
Nesse momento, eu estou treinando com o arco e flecha. A precisão ainda não está boa como deveria. Acho que passei tempo demais sem praticar.
Posiciono a flecha no arco, miro no alvo e atiro. Bem no centro. Boa, Zach.
— Boa mira — Sarah aparece e diz. Sorria. E está descalça. De novo.
Um fato bastante curioso sobre a Senhorita Livermoony é que ela não usa sapatos a menos que a situação exija. E ela parece não perceber.
— Eu já tinha lhe avisado que eu sou incrível — eu digo, rindo e deixando o arco no chão.
Sarah andou até a fonte d'água e se sentou perto dela. A sigo e me sentei ao seu lado.
— Posso perguntar como Emma e Will reagiram quando você contou para eles? — ela indaga.
Não contei para eles ainda. Vou contar, mas não contei ainda. Covarde.
— Não sei responder essa pergunta, sinto muito — respondo por fim. É uma meia—verdade.
— Tudo bem, de verdade.
E a conversa acaba. Não porque não tínhamos nada a dizer, mas porque não precisávamos dizer nada. Só ficamos ali. Olhando para o nada. E para o tudo. Para o infinito.
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Home by Eleanor -Maria Brandão
Fantasy|HOME BY ELEANOR| Eleanor, uma garota que entrou dentro de um livro pego em uma biblioteca, em um mundo onde pessoas eram divididas pela cor dos seus olhos: Vermelhos, Azuis, Marrons e Verdes. Assim, Eleanor se torna uma Marrom e deverá rapidamente...