°Shiv Paliwal
Vamos combinar que falar sobre nossas inseguranças, medos e feridas não é algo fácil.
Discutir sobre um assunto que nos deixam vulnerável é completamente desconfortável e ensurdecedor.
Nos matam por dentro, e eu sei bem como é isso.
Quando tinha apenas quatorze anos me apaixonei pela primeira vez, e para mim era o melhor sentimento do mundo.
Sentir que eu gostava de alguém era bom e me acalmava.
Seu nome era Hall, ele era do tipo padrão, loirinho, bonitinho, me dava umas olhadas e estava sempre me irritando.
Era amigo de Noah e Josh, nessa época eu era muito próxima de Noah, até já matamos aula diversas vezes para ir ao subway gastar nossa mesada.
No dia do acampamento de outono Hall chegou até mim e disse que queria me beijar, sim ele disse isso.
Até então eu apenas tinha dado selinhos, um em Josh no jogo da garrafa e talvez uns três em Noah, eu não sei quando foi que eu e ele nos perdemos, apesar de ele ser um idiota nos dávamos bem.
Eu disse a Hall que ainda não tinha dado um beijão em nem um outro garoto, ele completou dizendo que ficaria feliz se fosse o primeiro.
Naquele momento eu senti como se borboletas fizessem festa em meu estômago, sim, essa sensação tão clichê me fez ficar ainda mais apaixonada por ele.
E apartir daquele dia não nos separamos mais, nossos grupos de amigos já estavam bem dividos, Nour já não era minha amiga por conta de Josh, que já havia ido embora e Noah foi se afastando aos pouquinhos.
Até se tornar o mais babaca do colégio com uma popularidade ridícula.
Então era apenas eu, Hall, Joalin e Hina, que ainda não tinha um caso com o Urrea.
Ficamos, curtimos, ele me pediu em namoro depois de cinco meses do nosso primeiro beijo, eu aceitei, mamãe adorava ele, já papai nunca foi de dizer muito o que achava.
Fiz quinze anos e dei o maior festão, a primeira festa que deu certo em minha vida, e somente porque Hall me ajudou a alugar várias coisas legais, depois da festa fomos para praia e em seguida para sua casa que não tinha ninguém.
Perdi a virgindade, sim, com apenas quinze anos, me deixei levar por ele, que já tinha dezessete, foi horrível, a pior noite da minha vida, ele não se importou comigo, em como eu queria que fosse feito.
Apenas dizia que eu deveria encher ele de prazer, então todos os contos de fadas em minha mente se desfizeram, Hall me machucou aquela noite, e até então eu nunca quis repeti-la.
Dói quando eu me lembro, dói quando eu percebi que entreguei meu corpo a um cara ridículo, mas que até então eu estava cega pelo seu "amor".
E como já é de esperado tudo mudou depois daquela noite, Hall começou a me tratar mal, a ficar extremamente ciumento e explosivo, a culpa de tudo sempre era minha, seus xingamentos e comentários nojentos começaram a me sufocar completamente.
Ele não me respeitava, não entendia minhas vontades e me beijava a força, mesmo eu não querendo tê-lo por perto.
Até que um dia foi embora, sim, ele simplesmente me abandonou, exatamente, do nada eu nunca mais o vi.
E depois desse desastre eu simplesmente me fechei, para os garotos, para a vida e para a animação, não sou a mesma que antes, mas ainda assim tento conservar minha essência, quem eu era antes de tudo.
Sorridente, doce e compreensiva.
Mas no momento estou me sentindo um pouco descontrolada, normal já que estou sendo culpada por uma morte.
Reviro os olhos e me jogo em minha cama.
Me viro para o lado e meus pensamentos caem no senhor May, o meu professor.
Ele é tão diferente das pessoas que estou acostumada a conhecer, seu jeito durão e sua pose de homem lindo me deixam sem ar.
Foi o primeiro que eu quis beijar depois de um ano e meio sem o Hall, o primeiro que senti uma atração tão grande.
Mas depois do fiasco de ontem eu dúvido que ele queira ao menos elogiar minhas pernas.
Que droga Shivani, porque você sempre tem que se meter em algo ruim?
Porque as coisas estão saindo do controle dessa forma? Eu odeio quando isso acontece.
E além do mais minha investigação sobre o professor vai de mal a pior, a internet me traz coisas superficiais mas que dão para aproveitar, e ele não dá nem um erro.
Está sempre um passo a frente e sabe esconder seus segredos, não é tão vulnerável quanto eu.
Eu me frusto comigo mesma por isso.
Só queria ter um último ano normal e que acrescentasse algo a mais em meu currículo escolar.
— Filha? — mamãe me chama ao dar duas batidinhas na porta.
— Entra — arrumo meu moletom e ela coloca o rosto para dentro do quarto.
— Você tem visita — abre um sorrisinho e eu estranho — É o Josh.
— Ah — eu sorrio — Pode deixar ele entrar.
Ela abre um pouco mais a porta e logo o garoto loiro aparece, ele da um sorrisinho para minha mãe que logo nos deixa sozinhos.
— Cansou dos seus amiguinhos? — pergunto em um tom de deboche e ele suspira.
— Não entendo o motivo de toda aquela confusão — seus passos se aproximam e ele senta na pontinha da minha cama.
— O motivo é que Noah é um babaca — reviro os olhos — E enquanto eu estava me fodendo sozinha com aquele policial de merda todos vocês estavam fazendo uma reuniãozinha feliz — ele me encara um pouco espantado.
— Quando começou a falar tantos palavrões nerd? — seus olhos aviliam meu semblante e eu dou de ombros.
— Não importa — passo meu cabelo para trás — Aliás, o que veio fazer aqui?
Estou um pouco chateada com Josh, eu não imaginei que ele se renderia a galera do Noah tão rápido assim.
— Ver como você estava, sei que ontem não foi um bom dia.
Suspiro baixinho pensando no que dizer.
— Me sinto cansada, as coisas estão complicadas — ele assente olhando em volta.
— Não quero ficar brigado com você nerd — ele passa a mão pelo cabelo e eu dou uma risadinha boba.
Não conseguiria ficar brava com ele por muito tempo mesmo.
— Está tudo bem — ele ergue uma sobrancelha e eu assinto — É sério.
— Então....— olha novamente em volta — Porque não assistimos algo em seu notebook? — ele aponta para o mesmo que estava em minha escrivaninha e eu concordo com a cabeça.
Deixando o clima ruim entre nós dois ir embora aos poucos.
— Mas eu escolho — logo digo quando Josh se ajeita ao meu lado com meu notebook em seu colo.
— Tudo bem — ele levanta as mãos em sinal de rendição.
Eu sorrio vitoriosa e por fim acabo escolhendo um dos meus romances criminais favoritos.
Após alguns minutos juntos eu me sinto confortável novamente ao lado de Josh, antes de eu fechar meus olhos pelo sono recente com minha cabeça em seu ombro me lembro de senti-lo acariciando uma de minhas pernas.
Acho que dessa vez vamos construir uma boa amizade.
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Querido Amor Sombrio /:Shivley
Mystery / Thriller|• "A minha escuridão está em ti" Shivani Paliwal tem tudo sob controle, boas notas na escola, boas amigas, uma família bem estruturada mas que a persegue com seus segredos. Pronta para o último ano ela se vê preocupada demais com a faculdade, e p...