Vilã/Hina

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Shiv's

É como se todas as minhas emoções estivessem contra mim, como se o meu eu interior quisesse acabar comigo, como se eu mesma, fosse a minha própria ruína.

Pressiono minhas mãos fechadas, eu sinto cada fio de emoção que percorre por mim.

— Raio sombrio...

— Você não fez nada — interrompo antes que ele diga qualquer outra coisa — Deixou ela falar daquela forma comigo e não fez nada.

Sinto quando ele para em minha frente, minha mandíbula treme.

Respiro fundo.

— Você não vai me ter sempre por perto, precisa aprender a se defender sozinha — seu tom é limpo, como se nada tivesse acabado de acontecer.

Abro minhas mãos, tentando aliviar a tensão do meu corpo.

Fecho os olhos por alguns segundos.

— Ela sabe de alguma coisa — concluo.

— Do que está falando? — ele pergunta, se aproximando mais.

Volto a abrir meus olhos, passando a mão em meu cabelo o coloco para trás.

— Ela me olhou de um jeito estranho, parecia que estava me condenando, que sabia de alguma coisa, eu a observei durante a aula toda, ela não é boba igual Nour era — suspiro e levanto meu rosto, encarando o semblante lindo e confuso de May.

— Fica calma tá bom? — ele se aproxima e me puxa para perto, me abraçando.

Meu corpo se alivia em um fio único de respiração, me aperto contra os braços de May, mas Any não sai da minha cabeça.

Aquela carinha dela de quem quer me ferrar, preciso fazer alguma coisa, já cansei de ser boazinha.

Aliás quem está procurando briga é ela, eu vou apenas me defender.

[🖤]

Depois de conversar com Bailey por um tempo eu saí de sua sala, ele disse apenas para eu esquecer e pensar de forma ampla.

Mas não vou, não vou esquecer nada.

As pessoas não pensaram quando me julgaram por simples boatos, e agora chega, se eles acham que eu sou a vilã, bom então vai ser isso que vou ser.

Paro meus passos no corredor quando escuto um choramingo, olho em volta mas já está tudo vazio.

Parece que o barulho vem do laboratório desativado, respiro fundo e vou na direção do lugar, a porta está entre aberta, as vozes vão ficando mais alta e eu tenho a impressão de que já ouvi-las antes.

Merda, é Noah e Hina, me abaixo olhando melhor pelo vão da porta.

— Você não vai fazer nada — o garoto diz, Hina apenas chora, parecendo apreensiva — Tá me entendendo? — ele avança e começa apertar os braços dela a pressionando contra uma mesa velha..

Meu coração dispara.

— Me deixa...p-por favor, eu...eu — ela pede entre um soluço e outro.

— Cala a boca, e deixa eu falar — parece que ele aperta mais seu braço, porque ela chora mais alto.

E isso vira minha deixa para fazer alguma coisa.

— Eii solta ela — eu empurro a porta que bate na outra parede, fazendo um estrondo — Você não me ouviu? Solta ela.

Caminho na direção dos dois, quando consigo ver melhor o rosto da minha ex amiga ele está vermelho.

Os olhos de Noah me encaram, estranhos, com certeza na intenção de me intimidar.

— Solto ela — eu o empurro, ele solta os braços dela, Hina sai correndo, chorando — Espera — eu a chamo, já indo na sua direção, mas Noah gruda meu pulso.

— Você acha que pode se intrometer onde não foi chamada? — ele pergunta, já alterando a voz.

— Eu me intrometo onde eu quiser — grito mais alto, ele aperta com tanta força meu pulso que eu sinto minha pele queimar — Me solta — tento puxar meu braço, mas ele segura firme.

— Então é melhor começar a tomar cuidado — ele tenta segurar meu rosto, mas eu o desvio — Porque não é bem vinda em todo lugar.

— É melhor você tomar cuidado — com muito esforço consigo soltar meu braço de sua mão — E da próxima vez enfrenta alguém do seu tamanho, otário.

Ele não diz nada, levanto meu queixo e me viro.

— Alguém do seu tipo? Por favor — ele dá uma risada debochada.

Volto meu passos, olho novamente sua cara nojenta e me aproximo o suficiente para que ele de um passo para trás.

— Você nunca mais vai toca-la, tá me entendendo? Se eu ver você a tratando dessa forma novamente, você vai estar ferrado.

Ele não diz nada, mas sinto sua crista baixar.

Me viro e saio correndo, droga Hina.

*^

— Marco? — digo baixinho — Você pode confiar em mim — escuto o seu choro, mas não entro — Marco?

— Po-polo — ela diz ainda mais baixo, sinto seu choro se arrastar pelo banheiro.

Hina abre a porta da cabine, me encara por pequenos segundos e então me abraça, me abraça tão forte que eu tenho a impressão de que está quebrando meu ossos.

Retribuo da mesma forma.

Quando éramos mais novas, eu, ela e Joalin adorávamos brincar de marco polo, em qualquer piscina, em qualquer lugar, em qualquer hora, era a nossa brincadeira favorita. 

— Ele tava com outra Shi — ela sussurra baixinho, eu a acolho em meus braços — Era...a lissi....

Merda, a professora de literatura inglesa, porcaria.

Eu deveria ter contado a ela assim que May me disse, não deveria ter usado só para chantagear o Noah.

— Tudo bem amor — passo a mão por seu cabelo liso — Vem comigo.

A trago para mais perto da pia, Hina lava o rosto e já está mais calma.

Nós respiramos juntas, em um só fio, ela se encara no espelho e depois olha para mim.

— Desculpa — estranho seu tom de voz — Eu já vou indo.

— Que? Você não precisa se desculpar — digo de pressa —E não precisa ir droga Hina nós éramos amigas.

Ela me encara e eu faço o mesmo, seus braços estão vermelhos.

Me aproximo e toco em um deles, a vejo pressionar os olhos.

— Não deveria deixar ele te tratar assim — peço.

— Eu sei....merda, as coisas só estão difíceis — assinto.

— Porque ele falou daquela maneira com você? — pergunto.

Espero que ela ainda confie em mim.

— Eu só descobri umas coisas que não deveria — ela balança a cabeça — Obrigada, se você não tivesse aparecido acho que eu estaria lá até agora.

Nós sorrimos, acho que o clima está melhor, mas eu tenho tantas perguntas.

— Você...— nós falamos na mesma hora, eu me calo — Então — ela continua — Quer ir na minha casa?

Eu suspiro, tudo por dentro de mim se alivia.

Parece que estou de volta aos velhos tempos.

\\💜

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora