Alvo, Srt. Ardakani

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•°•°Shivani Paliwal

Quando mamãe engravidou de mim ela era muito nova, tinha apenas dezessete anos e não sabia o que iria fazer.

Ela sempre me contou como tudo foi muito difícil, apesar da nossa família sempre ter mantido uma classe média e confortável vovó fez com que ela criasse responsabilidades, começando a trabalhar.

Quando eu nasci mamãe entrou logo na faculdade, conciliando com o trabalho, sendo assim eu passava meus dias com papai, mas ele precisava trabalhar, então com quatro anos fui morar na casa dos meus avós.

Mamãe quase não ia me ver, eu sempre fui mais próxima de papai e tinha uma relação incrível com vovô.

Eu via nele tudo que faltava em casa, amor, carinho, amizade.

Vovó acabou morrendo quando eu tinha seis anos, foi um momento muito difícil, então era apenas eu e vovô.

Eu sempre fui a neta mais próxima, até que em uma noite de muita chuva aconteceu algo horrível.

Foi cinco dias depois do meu aniversário de oito anos.

Estávamos apenas eu e vovô em casa, ele subiu para buscar um cobertor, eu fiquei no sofá assistindo meu desenho, quando escutei um grito.

Fiquei desesperada e sai correndo, quando o encontrei ele estava no fim da escada, caído e já sem vida.

A minha maior razão de viver tinha acabado de morrer, eu liguei para mamãe do telefone de casa, ela chegou com o papai, o barulho de trovão ficava cada vez mais forte e a chuva também.

Eu me lembro como se fosse hoje, ela começou a gritar e perguntou o que eu havia feito, perguntou porque eu o empurrei.

Mas não foi eu, eu nunca teria feito aquilo, era apenas uma criança, mas ninguém acreditou em mim.

Então com oito anos lá estava eu, suspeita de matar o meu próprio avô, foi tudo um pesadelo, o boato se espalhou pela cidade, o resto da família começou a me odiar.

Mas eu nunca me esqueci daquela noite, vovô não cairia sozinho, ele era muito esperto alguém o empurrou, mas para mim só estávamos nós dois ali.

Então para todos os outros eu havia o empurrado.

Na escola as outras crianças me olhavam feio e me chamavam de coisas horríveis, precisei ser interrogada, ir a delegacia.

E no final acabamos fugindo para cá, Virgínia foi o lugar mais afastado que encontramos, então estamos aqui até hoje.

Toda herança do vovô ficou com minha tia e seus filhos, eles me odeiam, não falam com a mamãe e vivem uma vida de luxo.

Isso sempre me deixou desconfiada, mas hoje não a mais nada que eu possa fazer.

Tudo isso são lembranças que me machucam e doem demais, como Any descobriu? Eu não sei, provavelmente pela internet.

Já que no ano em que tudo aconteceu eu fui parar nos noticiários, nos jornais e em todo tipo de mídia social.

Me chamavam de "a pequena assassina", mas eu nunca fui uma, eu era boa, só que tudo me forçou a ser uma criança diferente, ficar na defensiva, e talvez esse também seja o motivo de eu ser tão estranha.

Mas independente de tudo Any não tinha o direito de espalhar esse momento da minha vida, ela falou bem alto para todo mundo ouvir, mesmo sabendo que foi um acidente.

Agora além de me insultarem por acharem que eu matei Nour, vão ficar fazendo comparações ao meu passado.

E quanto mais mexem nele, mais dor eu sinto.

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora