Inflamável

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°Shivani Paliwal

São três da tarde de um sábado, e eu estou na biblioteca do colégio porque o sem noção do meu professor de treinamento me colocou para corrigir trabalhos escolares.

Isso deveria ser tarefa dele, sou sua assistente e não sua escrava.

Mas pelo menos tudo está em silêncio, não preciso me preocupar com as pessoas em volta, já que ninguém vem na escola aos sábados.

— Meus Deus — suspiro baixinho enquanto corrijo o trabalho da garoto que se transferiu para nossa turma recentemente, cujo nome é Any Gabrielly.

Pelo amor, como ele teve coragem de entregar algo desse tipo?

Sua letra está toda cagada e seu relatório sobre o documentário com certeza foi pego da internet.

Faço um risco no meio da folha com a caneta vermelha.

Eu posso até ser "odiada" pela galera, mas pelo menos sou inteligente.

— Ah, resolveu que estava na hora de aparecer? — pergunto assim que vejo Bailey passar pela porta que faz um grunhido horrível.

— Mau humor em pleno sábado? — ele debocha e eu suspiro.

— Talvez seja porque eu estou aqui desde às dez da manhã? — ergo a sobrancelha e ele se aproxima, deixando sua maleta de professor sob a mesa redonda e velha da biblioteca.

— Você é engraçada — ele dá uma risada sarcástica e me oferece um copo de isopor.

— Roubou de quem dessa vez? — pergunto enquanto pego o copo.

Não vou me esquecer do dia em que ele roubou o meu café, não mesmo.

— Engraçadinha — ele revira os olhos, tira seu terninho preto e em seguida se senta na cadeira ao meu lado.

Bebo um gole do líquido no copo, mas logo faço uma careta.

— Isso tem canela? — pergunto e ele assente — Ah professor, sabe que eu não gosto — ele dá de ombros sem nem me olhar, e então entendo o que estava acontecendo — Você fez de propósito não fez?

Ele me olha por fim, e concorda com um sorrisinho.

Pressiono os olhos guardando a vontade de socar a cara de Bailey, porque ele tem que ser assim?

— Já terminou? — ele pergunta.

— Quase — deixo o copo sob a mesa — O senhor tem péssimos alunos.

Balanço uma das folhas e ele ri.

— Eu sei — pega a folha de minha mão.

— Sabe que eu não deveria está fazendo isso não sabe? — começo — É o seu trabalho.

— Bom Shivani, você é a minha assistente, é inteligente e tem bom senso, então não vejo problemas nisso — ele me encara com um sorrisinho cafajeste — Aliás, tenho uma novidade.

Fico meio perdida em suas palavras, mas ainda assim assinto.

— E o que seria essa novidade? — analiso outro trabalho, palavras rasas demais, passo a caneta vermelha.

— Você foi absolvida — ele diz baixo, mas o suficiente para eu ouvir.

Minhas mãos começam a tremer imediatamente.

— O que? — solto a caneta fazendo um leve barulho, Bay me analisa.

— Não é mais a suspeita principal, eles te absolveram — seu tom agora é alto e de bom agrado.

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora