Querido Amor Sombrio /:Shivley

Culpada

°Bailey May

Ela estava tremendo, não parava de tremer, eu sentia sua pulsação acelerada enquanto a conduzia até minha sala, sentia o nervosismo tomar parte do seu pequeno corpo.

— Parabéns, tirou dez na matéria — eu digo ao fechar a porta.

Ela me encara confusa, se sentando em minha mesa.

— Como? — sua voz sai nada estável.

— Matando a senhorita Ardakani, agora ela não irá mais te incomodar — eu puxo uma das cadeiras e me sento a sua frente.

— Você é louco — nega com a cabeça — Todos estão loucos, eu não matei Nour.

Seu olhar fixo em mim se desvia.

Senhorita Paliwal é tudo, tem boas notas, os professores a adoram, mas é diferente de todos os outros, se destacou para mim.

— Não? — ergo uma de minhas sobrancelhas — Pois na aula de ontem você disse que iria e hoje....

— Não — ela quase grita — Para, isso é culpa sua — com um pequeno impulso ela desce da mesa — O senhor enfiou essas idéia na minha cabeça e agora um inspetor e toda a escolha acha que eu matei minha ex melhor amiga.

— Ela já foi sua melhor amiga? — é tudo o que eu consigo perguntar.

— Eu estou falando que vou receber uma intimação por homicídio e o senhor me pergunta isso?

Dou de ombros deixando escapar uma pequena risada por seu desespero instantâneo.

— Se não foi você, porque está tão preocupada? E não triste? — eu encaro seus passos de um lado para o outro enquanto ela parece pensar.

— Porque a sensação é horrível, não quero ter que passar por isso de novo e...— suas palavras se calam.

— E? — eu tento mas ela impede.

— Não é nada — um suspiro se esvai de seu corpo.

Era claro, senhorita Paliwal tinha que ter algum segredo, algo mal resolvido ou um passado não muito bom.

Porque se não tivesse não teria chamado tanta minha atenção, ela não teria esse jeito que me intriga.

— E eu estou triste, só não consigo sentir — eu me levanto indo na sua direção, seus passos não param de rodiar a sala.

— Não consegue ficar triste porque a pessoa que te incomodava está morta? — ela finalmente sossega, juro que ficaria tonto se continuasse a olhar para seus passos — Isso é bom, deveria estar feliz.

Eu puxo os fios de meu cabelo para trás e ela foca seu olhar no meu, buscando talvez um sinal de brincadeira de minha parte.

— Você é louco — ela dispara novamente.

— Se eu realmente fosse louco não estaria presa em minha sala enquanto meio mundo de alunos querem sua cabeça — me aproximo — Pense bem, eu me livrei de uma aluna e você de uma "inimiga" — faço aspas com meus dedos.

Ela faz o mesmo movimento com os olhos que eu faço quando estou a observando, e então reparo que está sem o seus óculos.

Se ela soubesse o quanto me atrai quando está com ele, não o tiraria nunca.

— Foi você — suas palavras se soltam no ar — Mas é claro, foi você quem matou a senhorita Ardakani — eu abro um sorrisinho — Como o senhor pode?

— É sério? — dou um passo a frente e a vejo recuar, ela está com medo — Acha mesmo que eu a mataria? Por Deus, pensei que era mais inteligente.