Querido Amor Sombrio /:Shivley

Complicada demais

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Ma'y

Do lado de fora a noite chega fria e mais silenciosa que o normal, a movimentação foi pouca durante o dia todo.

Já do lado de dentro, deitada no sofá Shiv está quase dormindo, ela passou o dia aqui, toda quieta e pensativa.

— Raio sombrio? — ando na direção do sofá — Tem certeza que não quer que eu te leve em casa? Seus pais podem estar preocupados.

Ela suspira, se despertando.

Me sento ao seu lado, colocando suas pernas em meu colo.

— Não, a última coisa que eu quero é brigar com minha mãe Bay, e papai não se importa se eu ficar fora até tarde — mais um suspiro.

A ver assim tão quietinha é muito diferente que o normal.

— Então porque não fazemos alguma coisa? — dou de ombros — Melhor do que ficar aqui, nessa sofá duro e velho.

Ela sorri.

— Não acho que alguma coisa vá me animar — ela enrola uma mecha de cabelo em seu indicador.

Penso um pouco, não sou muito bom em arrumar coisas divertidas para fazer, mas tenho uma ideia.

— Vamos comigo em um lugar.

— Onde? — ela ergue a sobrancelha.

— Sempre que eu fico entediado ou desanimado de mais roubo algum lugar, é bom ver a cara de desespero das pessoas — sorrio de canto.

— Tudo bem Bailey, isso é muito psicopata— ela puxa as pernas e então se senta, não fizemos nada de importante durante o dia todo.

— Então quer dizer que nunca roubou nada e nem um lugar? — ela nega rapidamente — É sério? — seguro uma risada, fazer isso na minha adolescência parecia algo tão normal.

Até porque nunca faço nada de muito chamativo, só coisas básicas, como roubar comidas de postos entre outras.

— Sim, tipo eu não sou uma adolescente doida e com problemas — eu entorto a cabeça, essa frase vindo dela é meio irônica — Tudo bem, talvez eu seja, mas não ao ponto de sair roubando.

Reviro os olhos, ela sempre tem uma explicação plausível para tudo.

— Vamos, vai ser divertido — Shiv mordisca o lábio inferior em dúvida, me sento mais próximo — Amanhã começamos a pensar em como vamos resolver todos esses problemas que apareceram para você, pode ser?

Ela pensa um pouco antes de falar.

— Promete? Porque eu não faço a mínima ideia de como vou fazer para me livrar de tudo isso.

Seu tom é tão inseguro que quase me faz sentir pena.

Suspiro baixinho, levando minha mão até seu rosto e afastando algumas mechas bagunçadas.

— Você não confia em mim? — ela assente — Então, eu vou resolver tudo, é uma promessa Shiv — encaro seus olhos castanhos levemente escuros, em seguida beijo o canto de sua boca.

— Eu não quero roubar — ela diz ainda próxima ao meu rosto.

Respiro fundo, uma hora ou outra ela vai acabar fazendo, nós somos assim.

— Tudo bem — balanço levemente minha cabeça — E o que quer fazer?

— Porque não ficamos bêbados — Shiv dá de ombros — Talvez assim eu esqueça um pouco meus problemas.

Dou uma risadinha abafada.

— Ou podemos tomar um banho juntos — afasto o cabelo de seu ombro, onde deixo um beijinho logo em seguida.

Quando volto a olha-la ela está sem expressão alguma.

— Ei, só estou brincando — sorrio — Não precisa ficar assim, eu não vou fazer nada que você não queira.

— Eu sei disso — ela sorri, parecendo mais aliviada.

— Shiv — começo — Porque tem tanto medo?

Ela ergue a sobrancelha, sinal de que está confusa.

— Medo do contato — volto a falar — Quando eu te toco você ainda recua, é pouco, mas eu percebo.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ela pensa, pensa, mas não diz nada de muito importante.

— Acho que você tá meio doido Bay — a garota se levanta.

— Paliwal, você pode se abrir comigo, me contar as coisas — a observo — Eu só quero te entender melhor — digo como se tudo fosse simples de mais.

— Mas eu não — seu tom volta a ficar apreensivo — Eu não quero me abrir pra você porque sou complicada demais — seus passos começam a dar voltas.

— Eu não vejo problemas em você ser complicada — me levanto — Muito pelo contrário, eu gosto disso.

— Sinto muito, mas eu não gosto — ela suspira, parando de andar, e então me encara — Não gosto de ser complicada porque eu sempre deixo as coisas difíceis demais, minha mente me deixa louca.

Dou uma risadinha, ela cruza os braços ficando bravinha.

— Deixa de ser boba Paliwal — me aproximo — Afinal todos nós somos prisioneiros de nossa mente, e quer saber de uma?

— O que? — ela não desfaz a pose durona.

— Sua mente é brilhante — seguro em seu rosto com minhas mão — E depois que descobri como usá-la vai agradecer por ter nascido assim, inteligente e linda.

Nós sorrimos juntos, sua feição se alivia.

— Eu não costumava ter medo de muitas coisas — ela começa a mudar o assunto — Mas agora eu tenho um.

— Medo deixa a gente frágil raio sombrio — sussurro.

— Eu sei, mas o meu medo é que descubram a gente, você é o meu professor e se nos pegarem estamos ferrados — ela olha em volta.

Levanto seu queixo com uma de minhas mãos, fazendo a olhar em meus olhos.

— E quem disse que outras pessoas precisam saber de nós? — a vejo ficar confusa — Já que guardamos tantos segredos sozinhos, porque não guardamos um juntos?

— Então nós dois seremos um segredo babe? — ela pergunta baixinho, eu assinto.

— Mas ainda vamos conversar sobre você — dou um beijinho na ponta de seu nariz — Não quero que recue ou fique com medo quando eu te tocar — desço minha mão por seu braço, ela sorri fraco.

— Bailey May, ou você veio para ser minha salvação, ou para se afundar junto comigo — ela diz baixinho em meio a uma risadinha.

Eu seguro firme e a beijo.

Não sei como descrever a sensação que é beijar essa garota, ela me faz querer voar e ao mesmo tempo deixa meu corpo incendiado.

Encontrar alguém assim não é para qualquer um.

— Sabe o que eu acho? — começo, dando uma pausa no beijo — Acho que te encontrei para afundarmos juntos — a sinto sorrir contra meus lábios.

— Desde que eu esteja com você, eu não me importo com o que vá acontecer — seu tom é quente.

— Se você prometer que será só minha, eu juro que te farei sentir coisas que nunca imaginou — aperto sua cintura levemente.

— Eu prometo — ela sussura sem pensar muito.

A encosto contra a parede sem pressa e volto a beija-la.

Ficar com ela não é uma boa escolha, mas eu não me importo mais.

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